uma Década
A inexorável, lenta, paciente e perniciosa virulência do tempo é uma pandemia para a qual não temos, nem alguma vez vamos ter, uma cura ou vacina capaz de a combater. O tempo é cruel e frio, e olha com o seu desdém de superioridade de quem sabe que acima dele nada existe, incapaz de parar por um momento que seja a sua tenacidade em andar para a frente, segundo após segundo, minutos que depois se tornam em horas e dias que não param de cair de maduros das folhas do calendário, para alimentarem a sua insaciável voracidade. Foi ao olhar para o calendário que verifiquei que este blog completou no passado sábado uma década de existência. 10 anos! Este meu espaço não foi obviamente imune à virulência do tempo, e se anos ouve em que a escrita foi diária, ultimamente resume-se a algumas pontuações esporádicas. Sabendo que no fim a derrota é certa, podemos olhar para a sobranceria do tempo, olhos nos olhos, e mostrar com toda a nossa força que não nos deixamos vergar e que somos capazes de dar luta. Porque é disso mesmo que se trata, de uma batalha que no dia a dia temos que vencer, de não desanimar perante as adversidades, arquivar os maus momentos na nossa pasta de encaixe, e ser capazes de continuar, e tal como o tempo andar para a frente. O simples facto de hoje aqui escrever é motivo de contentamento para mim, porque desse modo mostro ao tempo que 10 anos não são suficientes para o eporquenaoeu desaparecer...