Não será necessário efectuar uma pesquisa exaustiva, para chegar à conclusão que a tugalândia é neste momento o país do défice. Seria maçador, e porventura assustador, aqui classificar todos os défices que grassam nos números do INE, mas hoje mesmo veio à luz do dia a mais recente actualização do défice público de 2014, registando valores semelhantes aos de 2011. Ou seja, depois de 4 anos de purgas e sangrias efectuadas por este governo, de um modo que já não se fazia desde os tempos da idade média, estamos na mesma, e não querendo usar o vernáculo, direi que continuamos no pântano... O certo é que confirmado-se o cenário grotesco que as sondagens antecipam, a vitória da coligação PàF no dia das eleições trás um novo défice ao portefólio dos défices tugas - o défice de atenção do eleitorado. Esta patologia é uma vertente da actual PHDA, pelo que como ainda não existem estudos epidemiológicos que permitam estabelecer uma terapêutica adequada, o melhor mesmo é distribuir ritalina e concerta (podendo optar pelo genérico) entre o eleitorado tuga, esperando que ainda se vá a tempo de evitar uma catástrofe eleitoral...
Nunca este ditado popular, que termina com "mas não para o que eu faço", teve tanto sentido como desde o momento em que PPCoelho desafiou os jornalistas em particular e o povo no geral, a procurarem as suas supostas declarações em que convidaria o pessoal a emigrar. De facto, se retirarmos toda a essência da língua portuguesa, em nenhuma das declarações proferidas pelo primeiro ministro está clara, tipo preto no branco, qualquer referência à emigração. No fundo, esta semana PPCoelho fez justiça a esse ditado popular, mas só na sua parte inicial, confirmando-se que o que ele disse é no fundo aquilo que ele próprio baptizou de "mito urbano". Contudo, o que ele fez e faz, enquanto governante, apresenta motivos de sobra para confirmar que afinal o mito é uma realidade triste e bem mais dura, que as palavras de barítono de coro deste projecto de ministro não se cansam de escamotear. Os números do desemprego que tem vindo a diminuir são obra da emigração, e não das políticas desta coligação medíocre, ombreando com os registos do êxodo no tempo da outra senhora, de salazar e da guerra colonial. No entanto, se na altura se fugia por motivos semelhantes, o emigrante tipo modificou, e não desfazendo da qualidade dos de então e dos de agora, a diferença para os cofres do estado é abissal. Hoje em dia enviam-se para fora, por falta de oportunidade cá dentro, a nata da formação, com um nível universitário que é requisitado por vários países por essa Europa fora. Pode estar descansado senhor ministro que eu não olho para o que diz, mas estou muito atento aquilo que faz, exactamente o contrário que certamente gostará que o eleitorado faça na altura de preencher o boletim de voto. Voto para que então o povo não se engane, nem se deixe levar pelo conto do vigário.