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E porque não eu?

terapia de reflexão para mentes livres e com paciência, SA ou Lda não interessa, pelo menos pensar não paga impostos

E porque não eu?

o barulho do Silêncio

por António Simões, em 29.11.23

O dia de hoje cumpria os requisitos da normalidade. O planeta moveu-se na sua tragectória elíptica em direcção a mais um solstício de Inverno. O parlamento discutiu o último orçamento de estado da vigência da maioria que tem os seus dias contados. O povo manifestou-se na rua. A oposição ao actual governo deu o ar da sua graça com as tradicionais piscadelas de olho ao voto traduzidas em propostas de última hora, qual delas a mais romântica, tendo a companhia do proto-candidato a primeiro-ministro Pedro Nuno Santos, que votou apenas porque foi obrigado. Tudo corria como esperado. Com a garantia para o próximo ano de um orçamento aprovado, quando questionado sobre os passos a seguir, Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que após a dissolução do parlamento e até às próximas eleições a 10 de Março não fará intervenções políticas. Imediatamente o pânico instalou-se em comunidades que vão dos comentadores da bola aos astrólogos, passando pelos membros residentes de programas da manhã e tarde aos Chefs das inúmeras soirées de culinária. O momento é de consternação e apreensão porque todos sabem que tem o emprego em perigo, pois se Marcelo não poderá falar de política  certamente que não vai ficar calado...

síndrome de Marcelo

por António Simões, em 02.08.18

Apesar de ainda ter uma opinião super positiva acerca do nosso Presidente da República, começo a pensar se não terei sido (e continuar a ser) vítima de uma espécie de síndrome de estocolmo, arriscando mesmo que o problema não se resume à minha individualidade mas se estende à população em geral. Depois dos anos negros da Presidência de Aníbal Silva, período que poderia ser retratado com uma tela em branco e meia dúzia de pinceladas em tom de preto e cinzento, surge por entre a neblina do nevoeiro um D. Sebastião encarnado na figura de Marcelo, juntando as cores garridas da sua boa disposição à tela triste e sombria deixada pelo anterior inquilino de Belém, resgatando o povo de um indivíduo que nos privou de sorrir e encarar o dia-a-dia de forma positiva. No entanto acho que voltamos a estar cativos, desta vez num conto de encantar, pelas várias vezes em que o actual Presidente cumpre a máxima de "nem 8 nem 80". Marcelo desdobra-se em beijos e abraços, sorrisos e acenos, fotografias e poses, chegando mesmo a quebrar toda e qualquer decência que este cargo exigiria ao tirar ele próprio a dita "selfie". Essa ferramenta do homo Sapiens Sapiens Narcisista de hoje em dia pode justificar-se em alguns casos, mas em pleno Palácio de Belém, repleto de funcionários, secretários, adjuntos, colaboradores e assistentes, ser o próprio Presidente da República a tirar a Selfie com a Selecção Nacional de sub-19, é no mínimo estranho, e no máximo estúpido.

efeito Marcelo

por António Simões, em 24.05.17

Existem muitos tipos de efeitos. Nas mais variadas categorias, em diversas disciplinas ou num sem fim de aplicações práticas diárias, os efeitos explicam e justificam fenómenos para o ser humano entender e deles tirar as devidas ilações: o efeito de estufa explica o aquecimento global; o efeito borboleta é o cerne da teoria do caos; o efeito doppler que justifica a percepção de som diferente por duas pessoas em locais distintos; o efeito de Bernoulli que permite aos aviões voar. Um sem fim de efeitos que acompanham teoremas, teorias, princípios ou postulados. Com pouco mais de um ano de presidência Marcelo Rebelo de Sousa já demonstrou que merece pertencer a esse conjunto de "efeitos". Como o registo de patentes está pela hora da morte, e sendo um singelo trabalhador de 40 horas semanais, não me sobra muito tempo para tratar dos direitos de autor desta ideia, pelo que arrisco aqui na escrita destas linhas para partilhar aquilo que ficará para a posteridade como o "efeito Marcelo". Desde 9 de Março que não param de acontecer coisas boas aqui pela tugalândia:

- em França, terra de emigrantes tugas, a Selecção Nacional conquistou um Campeonato da Europa, depois de ter consentido 3 empates contra adversários modestos, uma passagem aos quartos pela margem mínima contra a Croácia, penáltis salvadores contra a Polónia e a única vitória nos 90 minutos nas meias-finais contra o País de Gales. Só mesmo na final defrontamos um candidato ao título, e vencemos com um golo de um improvável Éder. Em 2004 eliminamos Espanha, Inglaterra, Holanda e perdemos a final com a improvável Grécia... palavras para quê;

- em Kiev, num festival europeu da canção que sempre premiou um estilo muito particular e inúmeras vezes peculiar, Salvador Sobral venceu com uma belíssima canção que rasga os cânones desse festival. Deve ter sido um caso de água mole em pedra dura, porque anteriormente já tínhamos enviado muita coisa boa, desde Simone de Oliveira "Desfolhada", Fernando Tordo "A Tourada", Paulo de Carvalho "E Depois do Adeus" ou Dulce Pontes "Lusitana Paixão"... palavras para quê;

- aqui pela Tugalândia, tivemos os anos do "Terror" em que coligação de direita governou como se fossem o Sheriff de Nottingam, a amealhar o dinheiro dos impostos para o Rei João, perdão o FMI, sem que conseguissem com essa actividade cega de colheita tirar o país do pântano. Chega agora uma geringonça que abre os cordões à bolsa, repõem os direitos dos trabalhadores ao melhor estilo de Robin dos Bosques e consegue tirar o país da miséria, com elogios de Wolfgang Schäuble que considerou Mário Centeno o "Cristiano Ronaldo do Ecofin"... palavras para quê.

Poderia certamente citar mais alguns exemplos, mas penso que estes três sobram em conteúdo para catalogar o "efeito Marcelo" como "o meio pelo qual temos chegado ao fim desejado, objectivo alcançado pela entropia desenvolvida pela actividade frenética e bem humorada do presidente da república mais jovial da história da tugalândia".

250 dias de Graça

por António Simões, em 01.10.16

Não! Desde já o leitor tire o cavalinho da chuva se pensa que o título do post é uma iniciativa da "geringonça", para promover o alargamento do período de férias a esse número de dias. Os 250 dias referem-se ao período mais longo da história desta nossa jovem democracia, durante os quais a convivência entre Belém e S. Bento se fez de forma pacífica, estando as respectivas residências ocupadas por individualidades de quadrantes políticos opostos. O assunto prometia ser fracturante, e assim o foi. No quadrilátero temos a um canto António Costa, primeiro-ministro, a defender o fim do sigilo bancário para contas superiores a 50 mil euros. No lado oposto do ringue, o presidente Marcelo, a proteger os interesses do capital evitando com um terrível uppercut, perdão, veto presidencial, uma medida que colocaria as contas bancárias abonadas a descoberto dos terríveis e temíveis funcionários do fisco. As castanhas ainda não se vêm pela rua, mas a castanhada entre a direita presidencial e a esquerda governativa começou!

tapete Vermelho

por António Simões, em 11.03.16

Esta semana foi a semana do tapete vermelho para o novo Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa despertou uma onda de entusiasmo, devidamente patrocinada nos últimos anos pela TVI, à qual os restantes media não quiseram ficar atrás. Pode o leitor chamar-me desde já velho do restelo, que eu não me importo, mas a lucidez em tempos de cegueira não faz mal a ninguém. O tapete vermelho em que Marcelo se desloca foi estendido nos últimos 10 anos pelo anterior inquilino, que sendo fiel ao seu estilo conseguiu fazer esquecer que a Presidência da República já foi ocupada por homens carismáticos do calibre de Mário Soares, ou de Jorge Sampaio. Apesar de salutar esta renovação presidencial, e de gostar de ver a forma como Marcelo quebra o protocolo e sai frequentemente do tapete vermelho para se encontrar com o povo, gostaria de salientar que antes dele o Pai da nossa democracia exerceu o seu cargo de forma exemplar, como foi exemplo a presidência aberta, e lembrar a humanidade de Jorge Sampaio, um Presidente que não se coibia de quebrar como ser humano, não tendo vergonha de soltar uma lágrima quando a mesma não pudesse ser contida.

do 8 ao 80

por António Simões, em 05.03.16

A dias que estamos da mudança de inquilino no Palácio de Belém, convém lembrar o leitor que a mudança será totalmente radical, pelo que deverá tomar as devidas precauções para evitar ser apanhado de surpresa. Quando se tomam certos medicamentos, a sua suspensão deve-se realizar de forma gradual, do modo a não alterar o equilíbrio interno de quem os toma. No caso da Presidência da República, depois destes anos de inactividade, com o cargo ocupado por um indivíduo que apenas se atreveu a tecer comentários acerca do tempo, ou da crise migratória das cagarras das ilhas selvagens, a cadeira de presidente será agora ocupada por uma espécimen diametralmente oposto. E dizer que será ocupada é mero eufemismo, pois a actividade de Marcelo não se coaduna com estar muito tempo no mesmo sítio. O homem é pau para toda a obra. Para além disso, e como se pôde confirmar neste semana de despedidas das "suas" aulas da faculdade, do "seu" papel de juiz de provas de doutoramento, Marcelo puxa literalmente o foco das objectivas e a direcção dos microfones, e não perde oportunidade alguma para dizer algo, tecer um comentário ou deixar uma sugestão. Fica assim deixado o aviso, garantida que está esta nova etapa que se abre na Presidência da República.

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