Depois de muitos anos de treino em Lisboah, o jovem cavaleiro Jedi Costa Skywalker fazendo uso da força conseguiu reunir as tropas dispersas da república galáctica, juntando cavaleiros Jedi que já não se sentavam à mesa do concílio à cerca de 40 anos. O terrível Darth Cavaco bem tentou evitar que essa reunião acontecesse, ciente que caso a força da esquerda se juntasse novamente, o poder de Darth Coelho e Darth Portas ficaria em perigo. A força da esquerda orientada pelo intrépido Costa Skywalker expulsou da Estrela de S. Bento as forças do Império, e redefiniu os alvos e estratégias para orientar a galáxia tuga. Essa, até ontem, temível Estrela de S. Bento, com Costa Skywalker, Obi Wan Jerónimo e a Princesa Catarina Leya, é agora saudada por toda uma nação que espera que a força os acompanhe, nessa difícil missão de governar uma República fragmentada depois dos anos de opressão das forças do Império da PAF.
Post Scriptum: Tinha reservado este título para a estreia do próximo título da saga "Guerra das Estrelas". No entanto, o dia de ontem merece um destaque com o mesmo nível de atenção mediática que o filme mais aguardado do ano, e possivelmente dos últimos anos.
O XXI Governo Constitucional tomou ontem posse. Fazendo parte do cardápio os discursos foram servidos, e se Cavaco teve uma intervenção que roçou o belicoso, Costa respondeu à altura lembrando ao presidente cessante que a Assembleia da República é algo mais do que um hemiciclo cheio de cadeiras. Cavaco assistiu à cerimónia com aquele ar resignado dos derrotados. Claro está que esse estado de espírito é perfeitamente aceitável, pois tendo em conta que a vida de política de Cavaco entra a passos largos para a fase que eu apelidaria de "canto do cisne" a moral não poderia ser outra. A sua horta horta de Boliqueime anseia pelos seus cuidados, e estou certo que os seus discursos serão agora ouvidos com a atenção devida pelas suas couves, hortênsias e buganvílias.
40 anos e 1 dia depois do 25 de Novembro de 1975, a democracia tuga dá hoje posse a um governo socialista patrocinado pela esquerda parlamentar. Nos últimos dias foram as vozes da direita a levantar a poeira do passado, de uma forma que já aqui lamentei, e que mais não foi do que uma desesperada tentativa de atirar com esse pó para os olhos das pessoas. Misturo a data de hoje com a de ontem porque o passado não deve ser esquecido, e o futuro será sempre promissor quando a vontade aprende com os erros, e é mais forte que os interesses do caciquismo partidário. 40 anos e 1 dia depois do 25 de Novembro de 1975 cabe novamente ao Partido Socialista a missão de conduzir o país a bom porto, desta vez aliando-se à esquerda para estancar a sangria que estes anos de governação infligiram ao país. António Costa tem garantida que a sua missão é quase impossível, mas parte com a certeza de um homem determinado a alcançar os mesmos objectivos, recorrendo a distintos meios dos que até agora foram utilizados. Desejo que o seu sucesso seja plenamente alcançado, porque merece pela forma como se está a entregar a esta difícil tarefa, mas acima de tudo porque todos nós merecemos a reposição dos nossos direitos, fazendo desse modo justiça aos valores estabelecidos na constituição, esse documento que nos últimos anos foi tão esquecido...
Em plena crise política, inédita na tugalândia, o nosso presidente da República (a minúscula não é engano...) depois de um SPA na ilha da Madeira resolveu marcar uma espécie de Conclave, convocando para o efeito membros das mais diversas esferas de influência da sociedade, representantes dos sindicatos dos trabalhadores, pessoal do pilim e da massa, e partidos políticos. O Palácio de Belém fez as vezes de Capela Sistina, e até ao momento o único fumo que saiu dessas reuniões foi o da cabeça de Cavaco. O senhor não foi feito para estas andanças, e o eleitorado e os políticos poderiam ter em conta a sua falta de capacidade e incompetência para a gestão deste cargo, e deveriam ter evitado chegar a este ponto. Depois de 10 anos a governar com maioria absoluta no tempo das vacas obesas, Cavaco apresentou-se ao eleitorado para chegar à Presidência da República pensando que o cargo seria uma espécie de retiro pré-reforma, igual ao dos jogadores de futebol que acabam os seus dias num campeonato do Qatar ou dos EUA quaisqueres. Agora que está quase a plantar couves, agriões e laranjeiras no seu quintal de Boliqueime, o povo quis que pelo menos uma vez na sua carreira política fizesse algo de verdadeiramente arrojado. Teve a sua oportunidade e perdeu-a, ficando agora o país pendente do Conclave que esta semana se realizou, e esperar que o fumo final seja branco, porque o fumo preto da cabeça do presidente já começa a perigar as quotas de emissão de gazes de estufa...
A nossa democracia não sendo velha, vendo contudo os anos da juventude a uma distância considerável, entra agora naquilo que Paco bandeira imortalizou como a ternura dos quarenta. A recepção não sendo a melhor possível, foi aquela que o povo desejou, e desse modo tivemos um governo a caducar passados apenas 11 dias da sua tomada de posse, quebrando as performances dos governos provisórios do PREC. Desde o 25 de Abril de 1974 que existe uma lacuna prestes a ser preenchida neste momento, caso o actual Presidente da República tenha a dignidade de, pelo menos uma vez ao longo dos seus 10 anos de mandato, fazer algo decente, nomeando um governo socialista apoiado pelos partidos mais à esquerda do parlamento. Coligações já existiram de várias formas, umas ao meio, outras à direita, e só faltaria mesmo uma à esquerda para completar as combinações governativas possíveis. A legitimidade de António Costa é conferida pelos votos do Partido Socialista juntamente com os milhões de votos que o Partido Comunista Português e Bloco de Esquerda mereceram dos eleitores, mas também pelos 4 anos de roubo despudorado de uma coligação encomendada e manietada pelos senhores do capital, que na falta de engenho e arte para governar um país não teve pejo na hora de se apropriar dos direitos dos trabalhadores, de alienar as conquistas de quem trabalhou, e de servir um país de bandeja, nação lusitana que merece maior respeito pelo que fez, pelo que foi, e pelo que representou na história da humanidade. António Costa merece a oportunidade porque sabe que os portugueses não merecem mais quatro anos de Coelho e Portas, e por isso mesmo se aventura nesta missão de entendimento à esquerda, difícil é certo, mas ainda assim uma luz ao fundo do túnel para muitas famílias.
Este poderia ser muito bem um post sobre o governo que iniciou as funções de duração garantidamente curta, ou seja, uma espécie de mentira governativa. Mas não! O adjectivo está propositadamente colocado, a adornar o substantivo em causa. Até mais ver temos governo, e como tal temos programa de governo. Assim, o documento hoje apresentado está ao dispor do cidadão e eu, como tal, iniciei a leitura das suas 138 páginas. Contudo, ao chegar à terceira linha a campainha da mentira deu o alarme. Refere o documento que "Com mais de 2 milhões de votos, os partidos que compõem a coligação «Portugal à Frente» venceram inequivocamente as eleições legislativas". Isto é no mínimo uma verdadeira afronta à matemática, e no máximo uma deturpação política dos resultados eleitorais. Se tivermos em conta que esta coligação considera que um governo à esquerda não é representativo da vontade popular, então deveriam ter mais cuidado ao se apropriarem de votos. Verificando os resultados oficiais, a coligação PAF teve 1.993.921 votos, faltando 6.079 cruzes para esses tais 2 milhões de distraídos, perdão, votantes na dupla PPCoelho/PPortas. Posto isto, o leitor deverá poupar a vista e evitar o desgaste provocado por 138 páginas, que tendo começado por uma mentira, o resto não deverá fugir muito desta linha de actuação...
Em nome de todos aqueles, que como eu ocupam parte do seu tempo ocioso na elaboração de artigos de opinião, venho por este meio agradecer ao eleitorado tuga o bilhete para uma temporada verdadeiramente auspiciosa, espectáculo que garantidamente condenará ao sucesso o mundo editorial. Jornais, articulistas, fazedores de opinião, telejornais, afiam o dente, enquanto que pessoas honestas, sérias e anónimas como este humilde projecto de escrita criativa verificam que o material para trabalhar será em quantidade avultada, numa verdadeira época de vacas com excesso de peso. O presidente da República (a minúscula não foi descuido...) deu o tiro de partida nas hostilidades, e sem perder tempo, numa mostra inequívoca de mão de ferro, o novo Presidente da Assembleia da República eleito por maioria dos votos dos partidos que tiveram menos votos que a maioria relativa da coligação, falou. E que bem falou! Falou tão bem que no lugar dos habituais galanteios neste tipo de eleições surgiu um clima de crispação, e pelo menos por uma vez os políticos foram honestos na abertura dos trabalhos da nova Assembleia. Ferro Rodrigues respondeu à altura com um discurso brilhante, onde colocou Cavaco no seu lugar, bem sentadinho e acompanhado dos adjectivos que melhor descrevem uma atitude cobarde e xenófoba. Aguardo ansiosamente pelos próximos capítulos...