O grito da passada terça-feira ainda se faz sentir. Não pelos vizinhos que entretanto se cruzaram comigo e me perguntaram o que se passou por volta das 23h horas do passado dia 9 de Março, mas sim pelo dano provocado nas cordas vocais que ainda hoje sinto cada vez que falo. Desde que o VAR entrou na vida dos adeptos do futebol, os golos perderam aquela efusividade natural e intrínseca, e são poucos aqueles que, tal como o livre soberbamente executado de Sérgio Oliveira, nos permitem manifestar toda a nossa paixão no momento em que se atinge o zénite do futebol. Numa fracção de segundo, o nosso sistema nervoso na sua totalidade, a simpática e a parassimpática, se une como uma orquestra para acelerar ainda mais um ritmo cardíaco já no limite do saudável, ordena a todos os músculos do corpo para se levantar do sofá num salto que poderia almejar atingir os níveis olímpicos da modalidade, e obriga os pulmões a exalar todo o ar que existe no mais pequeno dos alvéolos para daí surgir o mais profundo e audível grito que descarrega 115 minutos de emoção. Isto é futebol, mas acima de tudo isto é a paixão por algo que nos escapa à compreensão do razoável. Aqueles que não sofrem deste mal poderão argumentar que não encontram razão plausível para compreender este sentimento, que eu concordo, mas no fundo tenho pena, porque não sabem o que perdem, pois durante uns breves mas saborosos momentos o mais comum e reles mortal consegue sentir o que é fazer parte dos aposentos do Olimpo.
Ontem foi noite de pontapé na bola para o início dos quartos de final da competição mais falada a nível mundial e, por consequência disso mesmo, a nível europeu, podendo mesmo arriscar que esse facto acaba por fazer uma espécie de efeito dominó neste rectângulo triste e medíocre à beira-mar plantado. Pelo que vi do único jogo que me interessa, onde se encontravam frente a frente uma equipa conhecida por ser da cidade onde existe a passagem de peões mais fotografada da história da humanidade e outra equipa duma cidade que teve a honra de dar o nome ao país que tão dela se esquece, só posso concluir uma única coisa - foi um jogo de campeões. Campeões da importância do dinheiro e da sua capacidade de fazer esquecer penáltis e entradas dignas de um processo judicial de ofensa à integridade física, mas não só... Ouvir os comentários da equipa de reportagem da TVI num jogo em que estava presente uma equipa tuga, é algo verdadeiramente ofensivo, mas ao mesmo tempo tão tipicamente português, que merece estar na linha da frente da Liga dos Campeões, mas dos últimos. Ultrapassado que deveria estar o síndrome de D. Sebastião, ainda não se descobriram remédios para duas doenças nacionais: por um lado, o tradicional síndrome de inferioridade tão marcadamente tuga em que se prefere a porcaria que vem de fora preterindo tudo o que é nacionalmente bom, pensando que desse modo se é mais inteligente que os outros; por outro lado, a falta de memória e de honestidade para com ela mesma. Em jogo estava o Futebol Clube do Porto, um clube que não sendo do regime foi capaz de vergar as contrariedades auto-impostas por uma sociedade tacanha, de visões curtas e comodismo exacerbado por anos onde sempre teve alguém que por ela mesmo pensava, e que passados tanto tempo de liberdade ainda conserva de forma pútrida um conservadorismo estúpido, bacoco, mas realmente tão tipicamente tuga. Respeito se faz favor que o Futebol Clube do Porto é o melhor... carago!
No mundo do futebol o dia de hoje ficará para a posteridade como o dia em que Andrés Iniesta anunciou a sua despedida do seu clube de sempre, o F. C. Barcelona. Na cronologia futebolística os 22 anos da sua carreira inteiramente ligada a um mesmo clube é algo que cada vez mais se torna uma raridade, e exemplos como este podem muito bem estar em vias de extinção. Iniesta despede-se porque sabe que não pode continuar a ser e a dar aquilo a que habituou todos os que gostam de futebol, e sai pela porta grande como ainda se viu na final da Copa Del Rey, jogo em que deu um verdadeiro recital daquilo que ele melhor sabe fazer. A inalienável força do tempo vai cobrando a sua factura e pouco a pouco vai desaparecendo aquele Barcelona de encantar, que forneceu a matéria prima para fazer da selecção de Espanha a dona do Mundo do futebol por vários anos, num estilo que já registou a sua marca na história. Iniesta jogou com os melhores, e contra os melhores, num registo de humildade que deveria fazer escola, mas que infelizmente não faz porque os bons exemplos não pagam a publicidade de um mundo cada vez mais medíocre. O "ilusionista" palmilhou os relvados destilando algo que eu considero como uma mistura de partes de Messi e Xavi - a capacidade de drible do argentino aliada à visão de jogo do maestro espanhol. Na memória ficará muito, mas sem dúvida alguma que nunca esquecerei a final do Mundial de 2010, quando esse pequeno espanhol marcou o golo da vitória e fez festejar um incógnito português, de uma forma que anos mais tarde não o fez. Obrigado, e até sempre Andrés.
Três anos antes do actual reinado no mundo da bola, Ronaldinho Gaúcho recebia o seu segundo troféu de melhor jogador do mundo. Lionel Messi e Cristiano Ronaldo repartem desde então o protagonismo, cada um à sua maneira e para os gostos de todos, mas se não existem dúvidas quanto ao seu valor e ao quanto contribuem para a história do futebol, também não tenho qualquer dúvida na hora de fazer as eventuais comparações. Ao génio do argentino e ao esforço do português, falta algo que só se encontra no ADN dos brasileiros - o jogo bonito - estilo do qual Ronaldinho Gaúcho foi muito provavelmente o melhor de sempre. A alegria que espalhou pelos relvados, e a irreverência com que jogava a bola, foram a sua imagem de marca junto com a sua constante alegria espelhada pelo sorriso estampado em todas as jogadas. Os dribles impossíveis e os passes a olhar para o outro lado serão sempre vistos e revistos, mas recordo especialmente a imagem do festejo do primeiro golo de Lionel Messi pelo Barcelona, depois de um passe de mágico de Ronaldinho Gaúcho que no fim pega na "Pulga" às cavalitas para o mostrar ao mundo. O astro brasileiro terminou a sua carreia e o firmamento do futebol ficou indubitavelmente menos brilhante.
Deixei passar o período necessário, de modo a não escrever umas linhas demasiado temperadas, procurando marinar os pensamentos de forma mais lenta, ganhando assim o sabor perfeito do comentário final para ser servido a frio. Posto este preâmbulo, gostaria de comentar os acontecimentos desportivos da última semana, englobando os dois jogos que o meu clube efectuou em sede do campeonato nacional de futebol da primeira divisão, ou liga nós, ou como lhe quiserem chamar, pois por mim o melhor nome até seria algo que fizesse lembrar um molusco invertebrado que habita os interstícios do mar, mas pintado de vermelho. Duas grandes penalidades ficaram por marcar em dois jogos onde o Futebol Clube do Porto foi roubado em 4 pontos, permitindo a liderança actual partilhada com os leões de alvalade, e dando o alento vital que evitou a transformação da águia da luz num pintassilgo da floresta. Isto não é novo, como não é novo cortar as pernas quando o Porto começa a correr muito e os outros não o conseguem acompanhar. Mas se até agora se poderia dar o benefício da dúvida ao homem do apito, o desditoso VAR estaria encarregue hoje de aprimorar as decisões da equipa de arbitragem. Tal não aconteceu! Em ambos os casos Rui Costa e Jorge Sousa não mexeram a "peida" para recorrerem ao VAR. Os resultados foram indubitavelmente condicionados numa altura que nunca seria decisiva para o desfecho da liga, mas sem dúvida alguma crucial para o actual momento do campeonato. Ainda falta muito para o desfecho final, o caminho será difícil, e mais do que acreditar na conquista final, acredito no trabalho que Sérgio Conceição está a fazer e vai fazer. Força Porto.
Foi hoje apresentada a vedeta principal do próximo mundial de futebol, que se vai realizar nas terras dos czares, das matrioskas, da vodka e do borcht - a bola. De facto podem ir a Argentina, a Tugalândia ou o Brazil, os Messis, os Ronaldos ou os Neymares, mas a principal vedeta já reservou o lugar no rectângulo verde. Objecto de poucas faces e redondo na sua forma, encerra nessa figura geométrica todo o sentimento que se pretende num evento desta envergadura, mimetizando a forma do mundo que se reúne de quatro em quatro anos para coroar o campeão de uma modalidade que se não existisse teria mesmo de ser inventada. A bola é um objecto singelo que preenche o coração de pequenos e graúdos, tratada com o desprezo de pontapés mas celebrada como muito pouco coisa o é, na hora em que bate no fundo das redes e provoca o brado de multidões de adeptos loucos de alegria. 48 anos depois a Telstar está de volta.
222 000 000 €! O leitor poderá confirmar em qualquer motor de busca que este valor se pode equiparar aos custos de infra-estruturas de grande envergadura, ficando a título de exemplo que com um cheque passado com esse valor se poderia pagar por adiantado 1/3 de tudo o que foi gasto nos 10 estádios para o euro 2004, bem como outro 1/3 do valor total (derrapagens incluídas) da ponte Vasco da Gama. O mundo do futebol continua a sua caminhada galopante para a insanidade, tendo como companheiro de viagem a lavagem descarada de capitais, e juntos conduzem a seu belo prazer sem se importarem com limite algum, pois pelos vistos se eles existem não apareceu até ao momento nenhuma entidade competente a fiscalizar de forma escrupulosa esta paranóia mundial. O futebol segue o seu curso porque a paixão dos adeptos fala mais alto, mas tal como eu muitos outros começam a estar fartos desta alucinação que perverte a essência do desporto rei. Neymar dobrou a fasquia e ainda acrescentou uns trocos, e nunca se sabe quando para o ano a estrela maior do Real Madrid não terá este record como objectivo principal para quebrar, agora que já ultrapassou o seu principal adversário em número de descendentes. Basta! O futebol e os seus clubes são mais do que um nome na camisola, e tal como eu li uma vez no Estádio do Dragão "o escudo que trazeis ao peito é mais importante que o nome que envergais na camisola"...
Nasci para a paixão pelo futebol vendo jogadores de calibre ímpar como Zé Beto, João Pinto, André, Jaime Magalhães, Sousa, Madjer, Mlynarczyk, Futre ou Fernando Gomes. Como era muito pequenito, a memória torna-se difusa na hora de ser preciso, mas lembro-me do dia em que o meu Porto veio a Monção para um jogo contra o Desportivo. Foi algo de mágico, como se de repente o impossível deixasse de o ser, e os ídolos que pareciam inacessíveis encontravam-se bem junto de mim. Tão junto que um deles, não me recordo qual, me levou ao colo para dentro do autocarro para eu continuar a coleccionar os tão preciosos autógrafos que eu ia juntando num pequeno bloco de notas. O bloco perdeu-se no tempo, mas uma bola autografada pelos Campeões Europeus de 1987 ainda conservo em casa, um verdadeiro troféu para um Portista de alma e coração como eu. Às assinaturas, ligeiramente gastas pela vontade de dar uns pontapés na alcatifa do meu quarto de pequeno, tenho procurado dar nova vida sempre que tenho a possibilidade de o fazer, quando esses ídolos tem a amabilidade de se deslocar a um dos pontos mais a norte deste pequeno país, para honrar com a sua presença os aniversários da Casa do Futebol Clube do Porto de Monção. Num deles, não desfazendo todos os outros, o Bi-Bota de ouro Fernando Gomes foi um dos convidados. Quase 30 anos depois de ter assinado a minha bola, este humilde redactor destas linhas pediu que renovasse a sua assinatura. De caneta na mão e bola na outra, expliquei o que tinha e o que queria, e na hora de lhe entregar a minha caneta as minhas mãos tremiam como varas verdes pelo nervosismo e excitação do momento. Um ídolo nunca se esquece, e tive a sorte de ainda pertencer a uma geração carregada de pessoas que merecem esse nome. Os tempos mudam, e mudam-se as vontades. Hoje não posso oferecer aos meus filhos pequenas e singelas experiências como essas, porque a realidade é bem diferente. A camisola com o número 10 do próximo ano já não terá o mesmo nome, e o mesmo se passa com muitas outras... ídolos só mesmo noutros tempos...
Não é a primeira vez e certamente não será a última que proclamo que "o mundo está completamente louco, sendo o fenómeno do futebol um bom exemplo disso mesmo, caminhando a passos largos para uma insanidade irreversível". Desafio quem tenha argumentos para refutar esta afirmação, mas desde já aviso que os meus fundamentos são veiculados diariamente pela imprensa, que das duas uma: ou se limita a informar acerca da insanidade do pessoal da bola; ou também já atingiu patamar tal que não é possível reverter a patologia, mesmo com a medicação mais avançada que actualmente existe. O certo é que se fala de milhões como eu falo do estado do tempo numa conversa de circunstância, e neste ponto dou razão aos nuestros hermanos que abreviam a coisa e no lugar de dizer que o Clube dos Cascalheiras de Baixo oferece 200 000 000 pela estrela do Real de Massamá, o famoso Cristiano Reinaldo, dizem que o valor da transferência ronda os 200 Kilos. Sejam Kilos, libras ou onças, os valores que "supostamente" circulam pelo mundo da bola à muito que perderam a vergonha da exploração, e os clubes de futebol com mais poder aproximam-se paulatinamente de uma espécie de governação ao estilo do feudalismo, devidamente orientados por organizações como a UEFA que ditam os mapas desse caminho de regresso ao passado. Por isso é sempre bom quando vozes esclarecidas se fazem ouvir, para alertar os mais incautos para os perigos desta "governação". Javier Tevas, presidente da Liga Espanhola, fez recentemente uma intervenção que deveria acordar os adeptos do futebol para a triste realidade que cada vez mais se assume como o futuro do fenómeno da bola redonda, onde prevê que o fosso entre os grandes clubes da Europa e todo os outros seja cada vez maior, mas pior do que isso é a visão de Apocalipse que tem para as pequenas ligas, tal como a nossa singela e pacata liga NOS, onde a viabilidade económica dos clubes só deve ter interesse para os viciados nos jogos do azar que já estão proibidos de entrar nos Casinos. O futebol mudou muito nos últimos 30 anos, mas não me parece que tenha sido para melhor...
Francesco Totti colocou hoje um ponto final na sua carreira, depois de ter representado o seu clube durante 25 anos, desde que no dia 28 de Março de 1993 se estreou pela sua equipa em jogos oficiais. Neste caso referir-se ao Roma como sua equipa poderá não ser um exagero, porque exemplos destes não sobram e cada vez mais se contam pelos dedos de uma mão, num mundo do futebol onde a perfídia do dinheiro vence qualquer obstáculo para atingir os fins desejados. Totti não foi um jogador qualquer, não tanto pelos títulos mas acima de tudo pela magia que só um verdadeiro número 10, merecedor dessa camisola, espalha pelo terreno de jogo. O mundo da bola segue de mão dada com o mundo do mundo, onde a lealdade e o respeito são valores que fazem parte de um passado cada vez mais longínquo, mas que de vez em quando convém relembrar e estudar, de modo a que exemplos como este não se tornem integralmente parte do passado. Arrivederci Totti!
É penoso para mim escrever estas linhas, mas nada melhor do que purgar os pensamentos para aliviar a mágoa que este quarto título seguido do clube da segunda circular que fica em frente do C.C Colombo me provoca. Ao longo de toda a minha vida nunca tinha assistido a algo de semelhante, habituado que estive a festejar com uma frequência muito superior a qualquer outro, seja a nível nacional, seja a nível internacional. Mas os tempos agora são outros, e o ciclo está definitivamente fechado por estes quatro campeonatos seguidos sem que o meu Porto tivesse apresentado os argumentos que fizeram a sua imagem de marca dos últimos 35 anos. A mística, a garra, e a vontade indómita de vencer perdeu-se pelo caminho por motivos vários que são demasiados para aqui apontar, perdendo-se assim a única vantagem competitiva que tinha em relação aos clubes do regime, equipas que pelo que representaram na história partem sempre na frente. Para ganhar o Porto tem que ser muito superior a todos os outros. Com uma capacidade mobilizadora que esmaga qualquer concorrência, o clube da luz assumiu o seu papel de sempre. Disse no início que escrevo com mágoa, e se o faço não é pelo amargo da derrota, mas sim pelo fel da injustiça que os meios de comunicação social não se cansam de aumentar. As vitórias de encarnado são transmitidas em directo durante horas a fio e os telejornais só têm essa notícia para apresentar. Ontem Salazar deveria estar contente...
A capa do jornal "O Jogo" de ontem fazia referência ao facto do Futebol Clube do Porto pertencer aos 8 clubes que contam com mais de 200 jogos, na principal competição de clubes da Europa. Como portista fico satisfeito por de vez em quando termos direito a uma menção honrosa por parte da comunicação social, no entanto acho que mesmo neste caso o elogio peca por escasso. Desde que em 1996 surgiu a Lei Bosman, que permite aos futebolistas comunitários jogar sem ocupar a vaga de jogador estrangeiro, a Liga dos Campeões só conheceu clubes vencedores oriundos de 4 países. Só! Não! Essa hegemonia foi interrompida uma única vez, por uma equipa de irredutíveis portistas que estoicamente alcançaram a final, vencendo o adversário com um categórico 3-0. Isto sim é um facto digno de referência, que coloca a tugalândia ao lado dos outros 4 países (Espanha, Alemanha, Inglaterra e Itália), no lugar daqueles que levantaram a taça das orelhas grandes. Grande Porto!
As palavras não são minhas, mas vertem de forma perfeita o sentimento de tristeza que me invade hoje em dia como Portista, ainda mais porque são proferidas por um ícone do clube, um jogador que penso ainda ser o detentor do título de futebolista com mais títulos conquistados, um dos melhores guarda-redes da história do futebol mundial, e sem dúvida alguma um atleta com lugar nas páginas douradas da história do Futebol Clube do Porto. Em entrevista, o antigo 99 dos dragões lembrou a mística que os jogadores azuis e brancos desde sempre encarnaram: "Vi o João Pinto, e só para falar dos meus capitães, a ter um dedo do pé fracturado e a obrigar o médico a dá-lo como apto para ir lá para dentro, rasgando a bota do lado esquerdo onde o dedo estava em contacto e pintando a meia branca de preto para poder ir lá para dentro. Quando vemos o nosso capitão a fazer aquilo, vamos com ele até à morte. É isto a transmissão de valores. Ele aprendeu com alguém, eu e o Fernando Couto com ele, o Jorge Costa connosco e a seguir o Bruno Alves e outros tomaram o testemunho. Falando só de centrais, temos ainda o Aloísio num leque de centrais que foram todos capitães. Vi ainda o Jorge Costa já depois de duas operações, quase sem poder dobrar as pernas, a estar sempre lá. Vi muitas outras situações assim. Isto é ser jogador à FC Porto". Perante declarações desta intensidade, em relação ao que se passou no jogo contra o Arouca nada mais tenho a acrescentar...
Desde pequeno que gosto de futebol. O jeito para a bola não era muito, e assim continua a ser. No entanto sempre que tenho uma bola por perto a vontade de dar uns toques é mais forte que a razão, e se o espaço permitir, o prazer de dar um chuto é algo que não se explica, sente-se. A paixão pelo meu clube, o Futebol Clube do Porto, é igualmente algo que não se explica, sente-se, tem-se e vive-se. Actualmente, o fenómeno do futebol perdeu o norte de vez. A lavagem de dinheiro encoberta sob a forma de fundos de investimento, cheiques e rajás, ou magnatas do petróleo movimenta uma industria de milhões, orquestrada pelos interesses pessoais e de agentes que operam debaixo da legalidade permitida pelos clubes de futebol, dos quais o meu querido clube também parece fazer parte. Hoje li uma notícia que não deveria deixar indiferente a opinião pública, segundo a qual o PSG oferece 50 mil euros por dia a Ronaldo, enquanto que o Manchester City dá 157 mil por dia a Messi. Na falta de melhores adjectivos apenas posso considerar isto de miseravelmente escandaloso. Contudo eu próprio faço a minha mea culpa. Deveria olhar para isto e desligar-me do fenómeno, mas não consigo. Não consigo porque a minha paixão pela bola é mais forte, e porque espero que algum dia isto rebente e volte de novo ao princípio, quando os jogadores de futebol eram pagos devidamente, mas cuja maior alegria era o sentimento de pertencer a um clube, quando a expressão de suar a camisola ainda tinha sentido.
Lá diz o ditado "Deus dá, e eles juntam-se". Putin, o presidente, acha que pessoas como Joseph Blatter merecem o prémio Nobel. Não discordo desta declaração, mas em todo o caso fico apenas com dúvida em relação à categoria que Blatter deveria ser distinguido. Tendo em conta as actuais categorias, não me parece que a actividade e conduta do presidente demissionário se enquadre em qualquer uma delas, pelo que Putin deveria esclarecer qual a nova categoria a ser criada, de forma a laurear o homem que tem conduzido os destinos do futebol mundial nos últimos anos. Não só pelo que recentemente veio à baila, mas por toda a trapalhada que tem sido a sua presidência, o prémio teria que incluir os seus dotes e arte no campo da incompetência e, claro está, na corrupção. De resto este voto de solidariedade do presidente Putin, por muito boa vontade que tenha, mais não é do que um agradecimento público pela escolha da Rússia como país organizador do próximo mundial da bola. Aguardo então que as próximas declarações sejam do presidente do Qatar, país, até agora, organizador do mundial de 2022, a disputar debaixo de condições climatéricas que rivalizam com o interior de um forno a gratinar um arroz de pato. Razão mesmo só tem o ditado...
Li no site do sapo que o avançado polaco do Bayern de Munique, Robert Lewandowski, foi comprar pão de helicóptero, pois encontrava-se numa pequena povoação de 400 habitantes, a 30 km de distância da padaria mais próxima. Em vez de alugar um Táxi de quatro rodas, Roberto (nome em versão tuga) optou por um veículo aéreo de quatro pás e dois rotores, tendo o frete ficado pela módica quantia de cinco mil euros. Esta notícia pode muito bem ser vista como um gesto de soberba sem igual. Eu não concordo! Não concordo porque um tipo que ganha 12 milhões de euros por temporada pode dedicar-se a estas veleidades excêntricas. Imagino que para ele deve ser mais fácil ser o melhor marcador da Bundesliga, do que colocar a sua conta bancária a 0. O homem quer gastar o graveto, e pelo menos tenho que lhe fazer a vénia por o ter feito de um modo integralmente original, no lugar de se deixar levar pelas típicas e batidas festas de Moet para os amigos com "gajas" à mistura, ou pelos relógios de ouro em tamanho proibido pela comunidade internacional de fisioterapia, ou pelos carros topos de gama que invariavelmente acabam no bate chapas. Fica assim a sugestão de contratar este verdadeiro excêntrico como argumentista, para as próximas campanhas do Euromilhões...
Esta competição recuperada recentemente, que reúne os clubes da capital para a disputa de um troféu em altura de preparação de mais uma temporada, foi cancelada. Pelo menos no que diz respeito à edição deste ano. O motivo oficial foi a incompatibilidade de agenda do clube encarnado da segunda circular, justificação aceite por todos. Este blog sabe, e qualquer pessoa no seu perfeito juízo também, que a verdadeira razão que levou a esta decisão foi o período de quarentena ainda não ter terminado, na altura em que estava prevista a refrega. Tal como os astronautas que regressam do espaço precisam de um período de adaptação, o Sporting, Jorge Jesus e o seu antigo clube precisam de um período mínimo para se adaptarem a esta nova realidade. Julho ainda seria muito cedo para um confronto directo, ficando assim marcado o combate inicial para a Supertaça Cândido de Oliveira.
Por trás de um grande homem está uma grande mulher. Talvez se possa também dizer, invertendo o género, que por trás de uma grande equipa, está um grande homem. O Barcelona e a La Roja podem encomendar a estátua, para homenagear um dos grandes maestros das obras primas que estas equipas orquestraram nos últimos anos por esses relvados fora. Xavi Hernandez não tendo pendurado as botas, anunciou ontem a sua retirada do grande palco do futebol europeu. Este médio vai deixar uma terrível lacuna no centro do campo não só do Barcelona e da sua selecção nacional, como também do espectro do futebol mundial. É, quanto a mim o melhor médio centro criativo que o futebol viu nos últimos muitos anos. Com a bola sempre colada no pé, e a cabeça a sondar a imensidão do relvado, Xavi era o fio condutor que orientava o futebol ofensivo da equipa, com rasgos individuais que descobriam espaços onde mais ninguém os via, com passes milimétricos e teleguiados, mas que principalmente deverá ser reconhecido com um dos grandes executantes e responsáveis pelo Tiqui-taca. Nem que fosse só por isso já era merecedor do seu lugar na história, mas Xavi representa ainda mais. Representa um jogador que se encontra em vias de extinção. Um jogador que para além de amar aquilo que faz, e que o faz como só os génios o conseguem fazer, ama o clube da formação, aquele que não mais largou e no qual permaneceu durante 17 anos, tempo verdadeiramente jurássico, futebolisticamente falando. O futebol agradece, e eu como adepto tenho a certeza que vai deixar muitas saudades.
Correndo o risco de desensolver uma síncope cardíaca, hoje não poderia deixar de falar do fim do campeonato nacional de futebol. O clube do bairro sagrou-se pior que campeão, bi-campeão. Algo que apesar de já ter idade para anteriormente ter presenciado, é díficil de encarar. Díficil porque o título foi entregue de bandeja pelo meu clube, o Futebol Clube do Porto. Difícil porque já em Novembro eu vaticinava este final, depois de 10 jornadas com conquistas verdadeiramente condimentadas por fenómenos extra-futebol. Contudo, o Porto teve várias oportunidades para desfazer essa "vantagem", mas não o fez. Não o fez porque apesar de se ter reforçado com elementos de qualidade, faltou aquilo que é mais importante no futebol - a paixão. Paixão por ser Portista e por se saber sentir o que é ser jogador do melhor clube do mundo, sentimento que faltou a alguns desses jogadores, mais preocupados em dar nas vistas na europa do futebol, aguardando que os grandes tubarões cirandassem os seus passes. O actual campeão conseguiu chegar ao título porque o Porto não foi Porto. Eu, ao contrário desses jogadores, continuo a sofrer com o meu clube, mas o sentimento de pertença e paixão não se apaga, ficando ainda maior na hora das derrotas. Viva o F.C. Porto, carago!
Sexta feira passada fazia exactamente 10 anos que o número 10 do Barcelona marcava o seu primeiro golo ao serviço Culé. Ronaldinho Gaúcho fez o passe, e o então número 30 na "madurez" dos seus 17 anos não pensou duas vezes para, ao primeiro toque, desferir um brilhante chapéu ao guarda-redes do Albacete, ou como se diz em Espanha "una vaselina". Desde então já muita coisa se passou, e seria extenso descrever números e recordes alcançados e batidos por este verdadeiro génio da bola, bem como desnecessário, pois a magia de Lionel Messi não se encontra nesse campo, mas sim naquilo que ele faz no campo. Como se diz na Argentina, é "en la cancha" que Messi faz aquilo que mais nenhum é capaz de fazer: lances de magia que ficam na retina do adepto do futebol, de tal forma que não se apagam com o passar do tempo. Este Sábado trouxe mais um lance. Um lance que define o jogador como pessoa. Num momento em que disputa o troféu de Pichichi que lhe poderia dar mais uma bota de ouro, tendo já marcado dois golos num jogo que terminou com 8 a favor do Barcelona, Messi, habitual marcador de penaltis da equipa cedeu a marcação do castigo máximo assinalado, como forma de "agradecimento" ao seu companheiro de equipa que mais assistências para golo lhe oferece, Neymar. São lances como este que engrandecem a magia e eternidade futebolística de génios como Lionel Messi. Parabéns!