Símbolo intemporal que veio dos confins históricos do reino da Prússia, passando pelo império alemão, apimentada com a suástica nazi durante o período mais negro da história da humanidade, pertencia no meu imaginário e na minha cultura geral a um tempo pretérito. Hoje ao passar ao de leve pelas notícias, fiquei num estado de quase pânico ao verificar que ontem aterrou nestas (até agora) pacatas paragens, um avião com esse símbolo, e com o nome Luftwaffe. Ciente que Hermann Goering jaz pacificamente para bem da humanidade, fui colmatar a minha ignorância com uma pesquisa pela internet para ao mesmo tempo me tranquilizar, e colocar de lado o pior cenário que por momento pensei estar a assistir - tropas nazis a aterrar na tugalândia para gáudio de André Ventura e seus sequazes. O motivo foi, pelo contrário, totalmente altruísta pois de terras germânicas chegam tropas para combater não a democracia, mas sim esta terrível pandemia onde estamos entrincheirados. Saciada que está a cultura geral e refreados os nervos do pânico inicial, venho por este singelo meio sugerir aos alemões da Alemanha que está na hora de trocar esse símbolo, pois apesar de ligeiramente distinto pela forma mais estilizada não deixa de provocar um certo nó ao nível gástrico. De caminho, poderiam mudar também o nome da força aérea, tal como o fizeram com o exército que passou de Wehrmacht para Bundeswehr. Com o andar da carruagem dos apaniguados da suástica que se espalham de forma assustadora pela Europa fora, estas confusões não abonam nada a favor da democracia e da sociedade actual...
São mais de 4 meses desde a última entrada neste meu pequeno espaço de devaneio cibernético. Mas se para mais não servir, pelo menos fico com o consolo de escrever e depois ler, estabelecendo uma comunicação entre eu e mim mesmo. Muito pouco se passou desde que em Janeiro escrevi o meu último post, uma vez que a rotação da terra foi colocada em causa depois da paragem forçada pela pandemia da actualidade. No entanto, e para quem for um atento leitor deste espaço, há muito que acho que a nossa sociedade está doente de uma patologia que só tem a vantagem de não vitimar ninguém, ao contrário do que acontece com o COVID-19. Isso mesmo se comprova diariamente com as idas e voltas da recomendações científicas, com a bestialidade de dirigentes mundiais do calibre dos presidentes do Brasil e EUA, e com a contra-informação que mina os alicerces daquilo em que queremos acreditar. Acredito que o tempo não está para brincadeira, mas como tenho a infelicidade de pensar em tudo o que faço e vejo, só posso concluir com a mesma frase de Obelix "esta humanidade está louca". O confinamento a pouco e pouco vai-se desfazendo, mas entre as recomendações lógicas e oportunas, temos outras descabidas e acima de tudo incoerentes por onde a sociedade se vai guiando, regressando tudo ao quase normal. Ao normal, não! Recorrendo novamente à prosa de Goscinny, existe uma franja da sociedade que se mantém irredutível no seu confinamento obrigatório. Enquanto que os mais velhos (grupos de risco incluídos) retomam toda a sua actividade normal, às crianças continua a ser negado o direito a ser criança, de brincar a aprender uns com os outros. Ao dizer isto, não o digo no sentido de pedir que as Escolas abrissem normalmente, mas apenas no sentido de desabafar um sentimento de tristeza ao ver que tão cedo elas não podem regressar à sua vida de sempre. Continuem então a preocupar-se apenas com a abertura de ginásios, cabeleireiros e hotéis, com a presença de banhistas a mais nas praias, com o regresso do futebol com ou sem público, mas pelo menos no dia 1 de Junho lembrem-se simbolicamente que é dia da Criança.