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E porque não eu?

terapia de reflexão para mentes livres e com paciência, SA ou Lda não interessa, pelo menos pensar não paga impostos

E porque não eu?

a Reentré

por António Simões, em 12.09.19

Uma vez que por estas bandas a actividade atingiu níveis verdadeiramente dignos uma tarde deitado numa toalha confortavelmente estendida nas cândidas e suaves areias de uma praia qualquer, devidamente abrigada de um desventurada brisa que pudesse interromper o doce e carinhoso torpor que a adrenalina de nada fazer desperta no mais comum dos mortais, venho por este meio tentar fazer uma espécie de Reentré, que honre os pergaminhos de todas as outras que por estas alturas surgem em catadupa. No entanto, ao contrário de todas as outras Reentrés, escrever estas linhas só me traz prazer e devolve a magia de ver espelhados num texto aquilo que pelas bandas do meu cérebro se diz e se pensa. De facto todas as Reentrés encerram consigo aspectos que nem sempre se podem ver pela perspectiva do copo meio cheio:

- o início de um novo ano escolar representa para os pais a retoma das rotinas do dia-a-dia, a luta diária por conseguir transmitir a melhor educação possível aos seus filhos, esses homens e mulheres do amanhã que fruto da tenra idade estão polvilhados da inocência única e irrepetível da infância que só se vive uma única vez, com tudo o que isso mesmo significa e por isso mesmo geneticamente se manifesta, mesmo com a mudança dos tempos e das mentalidades.

- o regresso dos partidos políticos ao activo, ainda mais agravado pelo simples facto de se encontrarem ao virar da equina novas eleições para a capoeira do poder, ocupa toda a temática subjacente aos serviços noticiosos. Os anos passam, e o sentido de votar mantêm-se, apenas moldado pela vontade cada vez maior de não gastar a caneta no momento de preencher o boletim.

- o fim das férias judiciais, interregno que só muito recentemente percebi pela vantagem que o mesmo acarreta em termos de oleamento da engrenagem da máquina da justiça. Os grandes julgamentos voltam a ocupar os jornais, mas ninguém espera que com paragem ou sem ela o destino final seja muito diferente daquilo que o ditado popular diz "a culpa morre solteira".

Assim, entre o stress de pais e angústia de crianças, entre o frenesim da imprensa e a hiperactividade dos partidos políticos, e com o regresso dos julgamentos sem fim à vista, só me resta concluir... que bem se estava no Algarve...

categoria - Restos?

por António Simões, em 12.10.18

Confesso que a alegria proporcionada ao ler a notícia me impediu de fazer uma investigação mais aprofundada, motivo pelo qual peço desde já a minha desculpa pela falta do rigor e profissionalismo. De qualquer modo é com regozijo, fleuma e patriotismo que vivo o dia em que a tugalândia sai oficialmente do estado de "Lixo", depois de sete anos, três meses e dois dias, numa data que ficará para a história pela unanimidade opinativa das três grandes agências ao serviço do capitalismo em relação a esta bela horta à beira mar plantada. Também conhecidas por serem entidades que classificam o nível de risco sobre a qualidade de crédito, as agências de Rating são no fundo uma espécie de "Master Chef" da economia mundial, provando os pratos servidos pelas economias nacionais, efectuando depois as suas deliberações acerca da qualidade dos repastos. Esta comparação com o mundo da culinária é a melhor forma para explicar as categorias de classificação das agências, a pessoas como eu que tenham poucos conhecimento na área da economia. Assim, apesar do nosso tecido empresarial ainda não estar no patamar que permita almejar uma pertença aos melhores menús da economia mundial, tendo saído do lixo já podemos estar satisfeitos por estar numa espécie de categoria de "restos" - não vale a pena deitar fora, e sempre se pode "comer" quando não há tempo ou nada melhor para o jantar...

artistas de Hoje

por António Simões, em 30.03.18

Muito possivelmente não se assistia a algo assim, desde o tempo em que Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni (Miguel Ângelo para os amigos) teve que tapar com vestes as vergonhas das figuras bíblicas pintadas no tecto da Capela Sistina. Não estando totalmente ao corrente do caso, o certo é que visionei nas notícias de hoje que um artista - o que foi responsável belo busto que dá o nome ao Aeroporto que sendo da Madeira já teria uma graça por si só - cedeu ao pressão. Bonita ou feia, parecida ou não, uma obra artística será sempre julgada pelo critério de cada um, sendo a decisão final pertença do juiz da mesma, ou seja, do seu criador. Tal como alguns juízes das leis, o juiz do dito busto deixou-se corromper no momento em que decidiu fazer uma nova obra para substituição da antiga, cedendo à pressão imposta por uma sociedade globalizada, demonstrando assim o ridículo a que se chegou nos dias de hoje, fruto da democratização da imbecilidade. Ficam apenas a salvo os antigos mestres que descansam na paz das suas memórias criadas sob as mais diversas formas e expressões. Seria a Mona Lisa a mesma se obrigassem Leonardo a fazer o buço da senhora... a pergunta fica para reflexão posterior...

animais à Mesa

por António Simões, em 10.02.18

É escusado procurar consenso sobre a temática do que se deve ou não fazer num restaurante, tirando o sentido lato e óbvio do mesmo. Esta semana aprovou-se a entrada de cães em estabelecimento que isso mesmo autorize, numa iniciativa legislativa aprovada por unanimidade. Isso mesmo, unanimidade. Fico quase mais perplexo com o facto desta lei ter sido aprovada com o sim uníssono de um local onde normalmente cada um ladra para o seu quintal, do que pela autorização da entrada do amigo do homem nos restaurantes, ainda que sujeita à aprovação prévia dos gerentes. Obviamente que os defensores acérrimos dos nossos amigos de quatro patas já se fizeram ouvir, e a comparação com as crianças volta a surgir, esquecida que estava desde o tempo em que os agarrados do cigarro argumentavam que o barulho dos petizes poderia ser tão ou mais incómodo que o fumo do tabaco. Eu, não tendo cães nem sendo fumador, defendo que o restaurante é local privilegiado para fazer apenas uma única coisa - comer. Fumar pode-se fazer confortavelmente no exterior e os cães, ao contrário das crianças, podem muito bem ficar em casa.

presidente mas Pouco

por António Simões, em 05.12.17

Uma das séries que marcaram a minha infância foi "Whos the boss", título subtilmente traduzido para o nosso belo e corrente tuga por "Chefe mas pouco". Lembrei-me deste preâmbulo ontem quando o nosso ainda Ministro das Finanças foi eleito para ocupar o cargo de Presidente do Eurogrupo. Esta - digamos - instituição existe desde 2005, tendo até ao momento sido ocupada por um luxamburguês, por um holandês e por um tuga que ainda vai a caminho. Os candidatos que Mário Centeno tinha pela frente eram o luxemburguês Pierre Gramegna, o eslovaco Peter Kazimir e a letã Dana Reizniece-Ozola. Para além de facilitar o trabalho dos jornalistas de línguas latinas que assim evitam nomes de difícil pronuncia, pois para isso já chegou ter lá um Dijsselbloem, esta eleição marca uma tendência que me fez lembrar a tal serie que falei no início. No lugar de surgirem os leões de países influentes como a França e a Alemanha, os que verdadeiramente mandam preferem ter lá os cordeiros favoritos para poder manobrar à sua vontade. Tal como as hienas que se aproveitam das carcaças, quem manda nesta Europa do século XXI sabe muito bem escolher quem quer para os seus lugares. Já agora, parabéns senhor ministro!

o supermercado II

por António Simões, em 02.12.17

Recorro ao título que gerou mais visualizações e comentários neste blog, de uma publicação que já conta com mais de 6 anos, não pela esperança de voltar a essa ribalta efémera da blogosfera, mas porque no fundo o tema e o conteúdo do artigo actual se assemelha em muito ao de então. A tugalândia assume uma vez mais o papel de supermercado de eleição do continente europeu. Ao mundo do futebol, com todas as transferências de jogadores e treinadores dos economicamente modestos clubes tugas para os endinheirados tubarões da elite europeia, junta-se agora o mundo da política. O actual detentor da pasta das finanças piscou o olho de forma deliberada ao Eurogrupo, dando assim sinal claro e positivo para oficializar o romance iniciado no dia em que foi comparado a um Cristiano Ronaldo do mundo da Economia. Repete-se assim o Fado tuga de se ver privado daquilo que de melhor se tem e se faz, sugado pela entidade superior à qual devemos o contributo de fiel vassalos. Centeno ainda não partiu, mas está mais do que visto que o seu destino final será o Castelo do Senhor que continua e continuará a reinar nesta Europa moderna do século XXI, tão pouco diferente da Europa Medieval do tempo do feudalismo...

zé Pedro

por António Simões, em 30.11.17

1979 foi um ano único, ímpar e irrepetível. Poderia para o efeito bastar o dia 6 de Julho para assim classificar o último ano da década de 70, mas não se pode deixar de assinalar outras datas desse grande ano como o dia 13 de Janeiro, pois foi então que o grupo Xutos & Pontapés deu o seu primeiro concerto. O mundo da música contou desde então com um grupo que percorre décadas, pessoas e gerações, que pela sua qualidade, sentimento e peculiaridade há muito que conquistou o seu merecido lugar do panteão do inolvidável. Hoje um dos seus membros deixou-nos. A crueza fria da inevitabilidade levou uma parte da alma dos Xutos, colocando não só o fim à vida terrena de Zé Pedro, mas também à do grupo que ajudou a fundar e a erguer ao mais alto. A música que a guitarra de Zé Pedro destilava das suas cordas não mais nos vai surpreender, ficando agora ao cargo da eternidade a responsabilidade de guardar para todo o sempre uma pessoa que fez ao longo da sua vida aquilo que nos distingue como seres humanos, pois pela sua arte de mimar as cordas da guitarra tocou muitas das melhores melodias de sempre da música portuguesa. Até sempre...

 

jantar no Panteão

por António Simões, em 11.11.17

Cada vez mais acredito que quando se pensa não ser possível descer mais baixo, existe sempre alguém ou alguma coisa que nos empresta uma pá para escavar mais fundo. Neste caso, perante a ignomínia de magnitude ímpar como o é efectuarem-se jantaradas em pleno Panteão Nacional, a pá não chega para tão fundo buraco, pelo que só mesmo com uma potente retro-escavadora é que é possível chegar tão ao fundo da imbecilidade e da estupidez. Segundo notícia da Radio Renanscença o Panteão Nacional serviu para um jantar da Web Summit, a mega concentração de empreendedores que se assume como o zénite da economia de mercado do século XXI das tecnologias, religião que paulatinamente caminha no sentido de tornar o planeta no habitat de investidores e criativos, sobrando pouco espaço para o destino final dessa sinergia - os consumidores - pois pelo andar da carruagem qualquer dia tudo se inventa e nada se compra. De facto, um jantar da Web Summit no meio de um local onde se presta a devida homenagem aqueles que já partiram, é uma antítese carregada de um prosaico sentimento de começar de novo. Apesar de não acreditar que tenha sido esse espírito romanesco que levou à escolha do local, fiquei assim a saber que é por despacho da Presidência do Conselho de Ministros do tempo de PPCoelho que ficou regulada a utilização de espaços públicos para a realização de eventos. Tudo bem que o sentido lato dessa resolução se entende pelo aproveitamento financeiro de certos espaços, de modo a rentabilizar os mesmos para proveito próprio, mas acho que tudo tem um limite, e jantares num local onde se encontram os restos mortais de pessoas é uma coisa que ultrapassou totalmente esse limite. Pergunto-me o que se segue a seguir? O Rock in Rio no Cemitério dos Prazeres? Um baile de disfarces com as peças do Museu do Traje? Festas de divórcio no Mosteiro dos Jerónimos? ou uma Ramboiada no Convento de Cristo?...

tempo dos Tontos

por António Simões, em 08.09.17

Depois de ter escrito o post de ontem, fiquei a matutar na ideia final. A Silly Season, ou no nosso bom e velhinho tugalês "temporada dos tontos", é aquele tempo definido pela ausência de volume informativo capaz de alimentar a produção diária dos meios de comunicação, típico do tempo estival onde a grande parte dos elementos de decisão se encontram em balanço ou de férias, o que para muitos deles é o mesmo que o dia-a-dia, só que de forma oficial. No entanto este tempo está em vias de extinção, pois tontos, tolos e estúpidos não faltam por este mundo fora, principalmente nas altas esferas de nações tão opostas como a Coreia do Norte e os Estados Unidos. Enquanto que no norte da península coreana fazem explodir bombas de hidrogénio e o povo se manifesta com júbilo e fogo de artifício, nas terras do Tio Sam o o presidente usa uma rede social cuja tradução à letra significa "tagarelice" para se manifestar acerca dos ventos pirotécnicoS que sopram do lado de lá do oceano, que até ao momento ainda se encontra classificado como "Pacífico". Por estas, e por muitas outras, a Silly Season está aberta para o ano inteiro...

sociedade Actual

por António Simões, em 29.06.17

É torturante conviver na sociedade actual! Num momento da "suposta" evolução do ser humano em que teríamos tudo para sermos o expoente máximo do caminho que se iniciou na estepe africana, não faltam os maus exemplos para constatar que o termo sapiens só pode ter sido mesmo adjectivado por quem o inventou, pois se tivéssemos que ser classificados por outros, de certeza que a taxonomia se ficaria pelo homo. As guerras, a fome e a injustiça continuam a preencher o nosso dia-a-dia, e chegam como demonstração da falibilidade da inteligência humana, bem como a constatação do espírito animal de sobrevivência e a nossa quota parte de irracionalidade que partilhamos com todas as outras espécies, às quais com a maior da jactância lhes chamamos de "animais irracionais". Irracionais ou não, têm bem definidos os seus limites de razoabilidade, bem como a posição que ocupam em cada uma das suas proto-sociedades. Hoje em dia, a nossa sociedade "humana" vive numa aldeia global onde o inverossímil se transforma com um pequeno toque de Midas, e existindo dinheiro e mediatismo tudo se consegue, de um modo que faria inveja ao mesmíssimo Rei da Frígia. Do mesmo modo que a sorte protege os audazes, a fama e o dinheiro devem produzir efeito semelhante na hora de assobiar para o lado e ignorar os atentados à decência, à humanidade, e à razoabilidade de actos que figuras de renome do nosso mundo actual por vezes praticam, ultrapassando todos os limites sem que por isso mesmo sejam criticadas ou apontadas. Viver hoje em sociedade é muito mais difícil do que antigamente, pois o círculo que então era muito circunscrito tornou-se progressivamente imenso, aumentando o sentimento de indignação quando esta não aparece quando deveria de aparecer.

doidos e Terroristas

por António Simões, em 06.06.17

Os noticiários continuam, infelizmente, a trazer notícias que colocam em perigo a democracia, o nosso modo de vida, e o quotidiano de milhões de pessoas por esse mundo fora. O último atentado em Londres ainda ocupava as primeiras páginas, e já hoje em Paris volta a acontecer algo que ainda não se sabe bem o que é. O que se está a viver é uma espécie de Guerra Fria que, ao contrário da anterior em que os dois blocos beligerantes estavam devidamente identificados e catalogados, se assume na sombra de entidades desconhecidas. Aos tristes e lamentáveis acontecimentos de suposto terrorismo, segue-se a reivindicação do acontecimento que pode tardar horas ou mesmo dias, mas que tem sido açambarcada pela mesma organização. Agora o que nos devemos perguntar, sem que isso contribua para aliviar o peso da injustiça e da desgraça que se abate sobre as famílias das vítimas, é até que ponto é que tudo isto não começa a ficar fora do controlo, e do terrorismo estarmos a viver também um clima de medo provocado por indivíduos desequilibrados que se revêm nestes acontecimentos e que deles querem também fazer parte. Caberá aos políticos e governantes encontrar uma solução que devolva a tão necessária paz que é essencial à sociedade humana, mas penso que os meios de comunicação social poderão dar uma inestimável ajuda, ao calibrar o seu dever de informação de forma a evitar fazer de algo que mais não é do que um acto de insana loucura, um serviço de publicidade gratuita.

muito bem Donald

por António Simões, em 23.05.17

A César o que é de César! Se até ao momento não me tenho contido na hora de criticar e apontar o dedo ao actual presidente dos E.U.A., e seguindo uma linha de coerência argumentativa, desta feita tenho que dar os parabéns a Donald Trump! O mundo viveu ontem mais um episódio lamentável, desta vez em Manchester mas novamente durante um concerto musical. O terrorismo não dá tréguas, e os dementes que em seu nome perpetuam as tragédias não cessam a actividade hedionda e cobarde, em nome de algo que eles próprios não sabem o que é. As reacções não se fizeram esperar e Trump fez uma intervenção digna de nota, não tanto pela ameaça que deixou no ar, que reconforta quem clama por justiça, mas sim pela excelente caracterização de quem executa planos maquiavélicos como o de ontem. No seu discurso considerou que "chamar-lhe monstros é fazer-lhes a vontade" pois perante tal monstruosidade adjectivar desse modo é reconhecer o papel que desempenharam, aplicando-se muito melhor o termo "Losers", palavra que pode traduzir-se por perdedores ou, melhor ainda, por falhados. As palavras e os discursos nada fazem para apagar a dor de quem sofre com estas atrocidades, de pouco valem para desanuviar o clima de medo que paira um pouco por todo o mundo, mas sempre ajudam na hora de mitigar o futuro de um mundo escurecido, e desta vez trump esteve muito bem.

sétima República

por António Simões, em 22.05.17

Apesar de ainda recentemente ter lido um livro que demonstra que existem coisas que nascem torto mas que no final até se endireitam, contrariando o velho ditado popular, existem outras situações que provam que os antigos de burro nada tinham. Confirmando essa velha máxima temos um bom exemplo na sexta república brasileira. Em 1985 o Brasil entra no mundo da democracia, abandonando um regime militar que até então se "encarregou" dos destinos do país. A honra presidencial da 6ª República caberia a Tancredo Neves, não fosse o infortúnio ter batido à sua porta impedindo-o de tomar posse. Ao falecido presidente que não chegou a ser sucederam José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer. Nestes 32 anos o povo brasileiro teve 7 presidentes. Até ao momento apenas Fernando Henrique Cardoso passou incólume depois de ter ocupado o Palácio do Planalto, pois se não fosse a senhora da saia sem "calcinha" que acompanhou Itamar Franco num dia de Carnaval, o antigo presidente teria também efectuado uma governação isenta de escândalos. O resto é o que foi, e o que se vê. José Sarney não escapou aos rumores de corrupção. Lula da Silva foi mais longe, tal como a sua presença assídua nas barras dos tribunais o pode confirmar. Collor de Melo e Dilma Rousseff foram demitidos das suas funções, e pelo andar da carruagem o actual presidente terá o mesmo destino. Ou seja, o escândalo e a corrupção são adjectivos inalienáveis desta geração de governantes que não se cansam na hora de inventar o melhor modo de facilitar o trabalho a jornalistas e afins. O povo brasileiro é que está farto destas novelas, e o melhor é mudar o enredo e passar de vez para a sétima república.

papa e Papadores

por António Simões, em 12.05.17

Hoje é dia de visita à tugalândia do Papa Francisco. Jorge Mario Bergoglio trouxe à Igreja a brisa que desapareceu desde que João Paulo II nos deixou, e desde que assumiu as suas funções não parou de transportar essa frescura sob a forma de caridade, boa vontade e esperança, por todos os locais por onde passa e onde está. Temos nestes dias a honra e responsabilidade de receber o Papa Francisco, e estou certo que como tugas não deixaremos que a nossa fama de hospitalidade se fique pelo mito. É no entanto completamente impossível que esta visita seja excluída da presença dos papadores, sejam os do costume, sejam os de circunstância. Em Fátima não faltam exemplos bem demonstrativos disso mesmo, que nestes dias assumem contornos de ridículo ou, se quisermos falar de um modo mais eclesiástico, verificando-se situações de verdadeira blasfémia onde o despudor de uns face ao desespero de outros origina casos de contornos tais que não dignificam nada nem ninguém. Como se não fossem suficientes os inúmeros casos dos incógnitos que mancham toda esta envolvência, as nossas autoridades receberam por estes dias uma viatura, em regime de pro bono. Sendo oferecida, obviamente que não poderia ser recusada porque o ditado já diz que "a cavalo dado não se olha o dente", mas não deixa de ser mais um bom exemplo de como os papadores podem assumir várias formas, desta feita do modo mais matreiro possível e ao melhor estilo alemão, garantindo uma exposição e publicidade proporcional à expectativa do acontecimento. O Papa que prefere andar de autocarro terá assim guarda de honra nacional, confortavelmente sentada ao volante de um BMW i8 avalidado na ordem dos 143 mil euros.

pontapé no Canelas

por António Simões, em 03.04.17

Quem diria que depois de um fim de semana de "Clássico" entre o clube da Luz e o Futebol Clube do Porto, os protagonistas do início da semana viriam directamente de uma divisão bem abaixo da primeira divisão, maIs precisamente da Divisão de Elite da Associação de Futebol do Porto. As imagens podem ter duas interpretações que variam no argumento mas que terminam, definitivamente, na mesma conclusão, dependendo essa análise do grau de conhecimento ao nível futebolístico, nomeadamente no que diz respeito ao histórico do referido clube. Para quem está fora do fenómeno "Canelas 2010", ao ver as imagens deve ficar a dúvida sobre se o que se vê se trata de um jogo de futebol, ou de uma partida de Rugby, a avaliar pelo tamanho de alguns dos "armários" que desajeitadamente se movimentam pelo campo. Só mesmo as presenças de uma bola redonda e de balizas com redes é que esclarecem o mais distraído acerca do desporto em causa, cujo desafio termina depois daquela agressão bárbara. Quem sabe o que tem vindo a acontecer ao longo do ano com essa equipa, mais precisamente no facto de algumas equipas terem recusado a deslocar-se ao seu "feudo", com medo de algo como aquilo que ontem aconteceu, ao verificar as imagens de ontem pode não ficar surpreendido, mas sem dúvida alguma que ficará igualmente indignado.

ao que Chegamos

por António Simões, em 30.03.17

Chegados que estamos ao décimo sétimo ano do advento do segundo milénio, e tendo resistido aos piores augúrios apocalípticos que preconizavam o fim do mundo com a chegada do ano 2000, seria de esperar que o mundo estivesse melhor no final desta segunda década do século XXI. No entanto a realidade é bem mais triste e pior do que aquilo que a lógica nos teria levado a acreditar. Convém também não seguir um discurso de velho do restelo afirmando que nunca se esteve tão mal como hoje, pois isso seria uma traição à história universal, e a todos os acontecimentos hediondos que precederam os dias de hoje, devidamente exponenciados no século transacto. Como traição à história já chega o ponto a que chegamos! Estamos em 2017 e assistimos no conforto do sofá devidamente respaldados pela mediocridade, adjectivo que passou do seu sentido pejorativo lato para a categoria de medalha de ouro olímpica, a todo um conjunto de acontecimentos que seriam impensáveis de surgir numa era onde a informação está ao alcance de todos. Esta terceira bola que orbita em volta do sol vive tempos verdadeiramente escuros com:

- um Presidente dos EUA repescado do pior capitalismo financeiro, que estudou pelos livros do conservadorismo mais radical, nos intervalos das suas sessões de bronzeamento artificial que lhe deixam aquela marca permanente nos olhos, e o cabelo recuperado por um restaurador Olex cuja validade já caducou por volta de década de oitenta;

- uma crise de refugiados que não parece ter fim à vista, e que procura solução em países que no tempo do colonialismo não tiveram qualquer pejo na hora de recolher os seus lucros, mas agora na hora de pagar os juros são os primeiros a sacudir a água do seu capote;

- uma União Europeia que vê os seus valores de fraternidade cada vez mais dilacerados, sobrando muito pouco dos tempos em que países beligerantes se juntaram para enterrar o machado de guerra. A saída do Reino Unido da zona euro abre um brecha terrível, e temo muito que não vai parar por aqui;

- o aquecimento global a subir a temperatura dos termómetros, provado por todos os fenómenos de extremos meteorológicos que repetidamente se verificam. A comunidade cientifica tem feito o seu papel, mas a ganância do homem continua a ser a sua prioridade, motivo pelo qual as dificuldades de entendimento se tem arrastado nos últimos anos. O pior de todo é que neste momento temos um lunático à frente do principal poluidor mundial que considera tudo isto uma charada, e agora junta-se uma figura de peso do lado frio desta guerra, um descendente encapuçado da estirpe de Estaline, que acha melhor adaptar-se ao aquecimento do que combate-lo.

- o radicalismo a subir de cotação. Se no médio oriente temos o radicalismo islâmico que se se vai escondendo nas dunas do deserto, na Europa temos a extrema-direita a lutar por um lugar ao sol... perdão, por um lugar nos governos. As eleições em França tem que servir de aviso ao mundo, e aguardemos que o desfecho das mesmas não seja aquele que tem vindo a pairar como mais uma ameaça à liberté, egalité e fraternité...

Posto isto é mesmo caso para dizer "ao que chegamos"...

luz em Marte

por António Simões, em 25.03.17

O mundo pode não ter neste momento uma luz no fundo do túnel, mas pelo menos o brilho de Marte pode muito bem tornar-se a esperança num planeta melhor. Recentemente tem vindo a público algumas notícias acerca da vontade de colocar o homem em Marte, e a última acende a chama que se apagou com as últimas eleições norte-americanas. Donald Trump vai disponibilizar uma quantia como a NASA há muito não via, porque quer que os EUA sejam mais uma vez pioneiros na aventura espacial, sendo seu desejo acérrimo colocar um americano a pisar o solo de Marte. Aguardemos pois serenamente pelo trabalho da agência espacial americana, e vamos alimentar o sonho de que a excentricidade de Trump vá para além dos seus limites, e o mesmo se ofereça para ser o primeiro ser humano a pisar o solo do planeta vermelho. É certo que se isso algum dia acontecer Marte vai continuar sem vestígios de vida inteligente, mas pelos menos durante uns tempos a vida no planeta azul será deveras muito melhor...

deputado NASA

por António Simões, em 24.03.17

A NASA procura voluntários para estarem um mês inteiro deitados, sem sair do sítio, sendo permitido tudo aquilo que se pode fazer deitado, tirando toda e qualquer actividade que atente contra o pudor. Como forma de aliciar os mais que previsíveis candidatos é oferecido um cheque no valor de 13 mil euros, juntamente com um programa de recuperação posterior, que incluiu sessões de fisioterapia para voltar a adequar o corpo à actividade muscular. Acho interessante estender à comunidade a possibilidade de pertencer ao programa espacial dos EUA, mas penso que os melhores candidatos, para simular as condições que o corpo humano fica sujeito a esses dias de inactividade e que correspondem ao período previsto para uma viagem futura a Marte, não se encontram no seio do povo, mas sim nos seus representantes democraticamente eleitos - os deputados.  Tirando casos de actividade parlamentar muito pontual, cuja representação se resume a um punhado de elementos, o grosso do parlamento é constituído por tipos que podem não ter passado tantos dias seguidos na condição em estudo, mas sem dúvida alguma que experiência e horas de treino não lhes faltam...

telhados de Vidro

por António Simões, em 23.03.17

De repente esqueci-me do atalho para copiar e colar, motivo pelo qual não posso aqui referir-me do modo mais correcto e preciso ao nome do presidente do eurogrupo, posição que ocupa juntamente com o cargo de ministro das finanças da Holanda. Posto isto e referindo-me a essa pessoa por "indivíduo", gostaria de não passar ao lado da polémica levantada pela sua intervenção na qual cataloga os países do sul da Europa com uma versão mais eufemizada da versão tuga de "p***s e vinho verde". Esse individuo, apesar de ter feito uma intervenção a nível pessoal, é um belo estereótipo do europeu do norte que se rói de inveja por não ter nascido num país do sul, latitude prenhe de nações que para além de transportarem o pesado fardo de terem marcado a história universal como os países do norte nunca o fizeram, são também Estados Soberanos onde se "padece" com as agruras de um clima mediterrâneo onde o sol reina durante grande parte do ano, e onde se faz o sacrifício de cumprir ao rigor dietas alimentares que não seriam possíveis nas terras do norte, onde com certeza absoluta se deve apreciar o muito e bom vinho que pelo sul se faz. A Grécia dos Gregos, a Itália dos Romanos e a Espanha e Portugal dos descobrimentos podem muito bem ter perdido o comboio em alguma paragem da história, mas em momento algum perderam a dignidade que faz estes países pertenceram às maiores nações do mundo. Respeito faz falta, e retratar-se nunca fez mal a ninguém...

aprender com a História

por António Simões, em 26.01.17

Os dois grandes conflitos à escala mundial tiveram muito pouco em comum, para além do óbvio facto de serem mundiais e de terem dado origem a uma mortandade como nunca se viu, provocada pelo que há de pior no ser humano - o ódio. Em 1914 bastou um jovem sérvio disparar sobre um arquiduque para se começarem a cavar as trincheiras, pois nessa altura o conflito estava mais que iminente e quase que existia um acordo tácito para se pegarem nas armas. Em 1939 a situação foi bem diferente, e a guerra foi protelada o mais que se pode pois durante uma década o mundo ignorou o que se passava na Alemanha, assobiando para o lado enquanto a tinta amarela se encarregava de marcar a Estrela de David em todo quanto fosse propriedade de Judeus. Pouco depois de Neville Chamberlain assinar o Acordo de Munique, militares e civis alemães levaram a cabo a Kristallnacht, e apenas volvido um ano as tropas de Hitler invadiam a Polónia colocando fim à paz podre que então reinava. 70 anos após estes últimos acontecimentos não sei em que ponto estamos, mas nunca tive tanta certeza como hoje que de facto o homem não aprende com a história. A presidência de Trump não conta com uma semana, e de repente o clima mudou completamente. A tolerância e a solidariedade deram lugar à impertinência e à prepotência que no fundo caracteriza essa grande nação que são os EUA, e que agora contam com um mentecapto para os liderar, num caminho cujo destino é desconhecido, mas que me parece não conduzir a nada de bom. A história está escrita, mas o futuro é uma terrível incógnita.

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