10 de Junho, dia da Tugalândia, de Camões, e das antigas colónias. Como qualquer outro feriado, o mais positivo a reter do mesmo é o facto de ser feriado, não sendo este um daqueles 4 que este governo escolheu para dar um empurrão ao PIB, coisa que até ao momento ainda está para se comprovar. Mas este feriado teve algo mais especial que essa redundância. Neste dia de atribuição de medalhas, fitas e louvores, o Presidente da República é o mestre de cerimónia, sendo que no caso do actual inquilino de Belém o dia 10 de Junho é um dos poucos dias em que, por obrigação, ele faz algo, chegando mesmo a discursar. E ontem isso acontecei pela última vez... Um bem haja à limitação de mandatos presidenciais. Que goze uma reforma plena, porque para comandar o país já teve tempo de sobra, com muitos estragos pelo caminho. Até nunca Aníbal.
Nunca este ditado popular, que termina com "mas não para o que eu faço", teve tanto sentido como desde o momento em que PPCoelho desafiou os jornalistas em particular e o povo no geral, a procurarem as suas supostas declarações em que convidaria o pessoal a emigrar. De facto, se retirarmos toda a essência da língua portuguesa, em nenhuma das declarações proferidas pelo primeiro ministro está clara, tipo preto no branco, qualquer referência à emigração. No fundo, esta semana PPCoelho fez justiça a esse ditado popular, mas só na sua parte inicial, confirmando-se que o que ele disse é no fundo aquilo que ele próprio baptizou de "mito urbano". Contudo, o que ele fez e faz, enquanto governante, apresenta motivos de sobra para confirmar que afinal o mito é uma realidade triste e bem mais dura, que as palavras de barítono de coro deste projecto de ministro não se cansam de escamotear. Os números do desemprego que tem vindo a diminuir são obra da emigração, e não das políticas desta coligação medíocre, ombreando com os registos do êxodo no tempo da outra senhora, de salazar e da guerra colonial. No entanto, se na altura se fugia por motivos semelhantes, o emigrante tipo modificou, e não desfazendo da qualidade dos de então e dos de agora, a diferença para os cofres do estado é abissal. Hoje em dia enviam-se para fora, por falta de oportunidade cá dentro, a nata da formação, com um nível universitário que é requisitado por vários países por essa Europa fora. Pode estar descansado senhor ministro que eu não olho para o que diz, mas estou muito atento aquilo que faz, exactamente o contrário que certamente gostará que o eleitorado faça na altura de preencher o boletim de voto. Voto para que então o povo não se engane, nem se deixe levar pelo conto do vigário.