silêncio por Favor
Ontem à noite no programa da RTP1 "A Voz" o cantor Carlos do Carmo suspendeu a sua actuação. O Fadista considerou inoportuno que o público acompanhasse a música "Lisboa Menina e Moça" com palmas, acontecimento que levou Carlos do Carmo a parar de cantar e explicar que "Não é preciso dizer isto aos mais velhos, só aos mais novos. O fado é uma tradição oral... Fado, que não se acompanha a palmas, canta-se e ouve-se. Desculpem lá, mas ouvir as palmas ao mesmo tempo, lembra-me um bocado o rock. E eu não sou cantor de rock". A cultura geral é algo que não sendo obrigatório não faz mal e ninguém fica doente com um pouco de conhecimento, e não sendo o público uma entidade individual, bem pelo contrário composto por centenas de pessoas, é triste que o conhecimento que certamente uns teriam não tenha sido suficiente para colmatar a ignorância de outros. Este caso é apenas, e só isso, mais um bom exemplo da sociedade em que vivemos, uma sociedade onde a informação jorra como a água que cai pelas cataratas do Niágara, mas que no fim se perde sem que a mesma seja bebida. Este caso é muito semelhante nas situações em que se pede um minuto de silêncio, acto simbólico e solene que hoje em dia é frequentemente substituído por um minuto de aplausos, como se não fosse possível conter por 60 segundo a verborreia, incapacidade bem demonstrativa da falta de respeito que era pecado nuns tempos mais idos, mas que hoje em dia é encarado com passividade e possivelmente se encaminha no sentido de se tornar virtude. Silêncio por favor que se vai cantar o Fado...