o bordel da Europa
Correndo o risco de falar para uma parede cibernáutica, o prazer de ver estampadas num ecrã as palavras que são fruto do meu campo fértil é maior do que qualquer comentário que possa receber, ou discussão que possa desencadear. Por isso mesmo mantenho esta resiliência senil de manter um espaço desactualizado, assíncrono do seu tempo, mas muito meu. Nem sempre tem surgido a necessidade de expiar os meus pensamentos, mas face ao que hoje, ontem e nos últimos dias se tem passado, tenho mesmo que recorrer a esta catarse. Completamente entregue à ciência dos sábios que nos conduzem pelos caminhos sinuosos de uma pandemia mundial, remeto toda a minha insignificância nas suas mãos, deixo os meus destinos entregues ao seu leme na esperança de chegar a um Porto Santo que tanta falta nos faz. Contudo desde os primeiros momentos, e mesmo descontando toda a incerteza que quem tem que decidir merece face ao desconhecido, sempre me deparei com situações incoerentes e sem sentido que acabam por cair num total descrédito digno dos maiores vilões de La Fontaine. Como será possível exigir civilidade aos pacóvios tugas no cumprimento das regras estabelecidas, tendo em conta que há 4 meses éramos um perigo para a sociedade internacional na propagação do vírus, um país na lista negra dos locais a habitar, e agora que se deu o ocaso da lua e do frio para dar lugar ao nascer do sol e das temperaturas tropicais sermos um destino de eleição, não só para apanhar o sol e ir a banhos, mas também para permitir que milhares de ingleses venham fazer orgias venerantes do deus Baco com o pretexto do futebol. O que se passa hoje na cidade do Porto só não é um atentado à dignidade de uma nação com séculos de existência, porque há muito tempo que passamos a ser um verdadeiro Bordel da Europa.