o barulho do Silêncio
O dia de hoje cumpria os requisitos da normalidade. O planeta moveu-se na sua tragectória elíptica em direcção a mais um solstício de Inverno. O parlamento discutiu o último orçamento de estado da vigência da maioria que tem os seus dias contados. O povo manifestou-se na rua. A oposição ao actual governo deu o ar da sua graça com as tradicionais piscadelas de olho ao voto traduzidas em propostas de última hora, qual delas a mais romântica, tendo a companhia do proto-candidato a primeiro-ministro Pedro Nuno Santos, que votou apenas porque foi obrigado. Tudo corria como esperado. Com a garantia para o próximo ano de um orçamento aprovado, quando questionado sobre os passos a seguir, Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que após a dissolução do parlamento e até às próximas eleições a 10 de Março não fará intervenções políticas. Imediatamente o pânico instalou-se em comunidades que vão dos comentadores da bola aos astrólogos, passando pelos membros residentes de programas da manhã e tarde aos Chefs das inúmeras soirées de culinária. O momento é de consternação e apreensão porque todos sabem que tem o emprego em perigo, pois se Marcelo não poderá falar de política certamente que não vai ficar calado...