mourinho Esquecido
José Mourinho elegeu o "seu" onze inicial, contanto para a convocatória "apenas" com os jogadores que orientou desde que é treinador. Depois de verificar os nomes, e sem beliscar a sua soberana opinião, apenas posso tirar uma conclusão: as supostas "desavenças" que teve com Cristiano Ronaldo só podem ter tido origem num tremendo conflito de egos semelhantes. Ambos sendo dos melhores do mundo nas suas profissões, partilham o facto de se esquecerem das suas "origens", tendo apesar de tudo inúmeras oportunidades para o fazer. Porto e Sporting são sempre esquecidos. No caso de Ronaldo, será o mesmo que esquecer o nome do professor da escola primária. No caso de Mourinho é esquecer os prémios mais difíceis que ele próprio conquistou. Ganhar no Chelsea, Inter ou Real Madrid não é, nos dias de hoje, igual a ganhar num clube de orçamento infinitas vezes inferior como o Porto. Nesse "seu" onze ideal, da equipa do Futebol Clube de Porto de 2002 a 2004 só consta o nome de Ricardo Carvalho, jogador que levou para o Chelsea e posteriormente para o Real Madrid. "Esqueceu-se" de muita gente, tanta que seria demasiado extenso para este artigo, no entanto não posso deixar de apontar alguns esquecimentos demasiado graves. "Esqueceu-se" das defesas do guarda-redes com mais títulos no seu curriculum, o enorme Vítor Baía. "Esqueceu-se" do Bicho, alcunha carinhosa de Jorge Costa, um defesa central à moda antiga, respeitado por qualquer adversário. "Esqueceu-se" de Costinha, que marcou aquele golo em Manchester, e fez Mourinho correr como um louco pela linha lateral de Old Traford. "Esqueceu-se" de Maniche, que deixou o clube onde militava na equipa B, para se entregar de corpo e alma ao Dragão, e partir à conquista da europa. "Esqueceu-se" do Mágico, o número 10 que finta com os dois pés, melhor que o Pelé, o Deco alé alé. "Esqueceu-se" de Capucho, com o seu correr de peito para fora, cabeça sempre levantada e centros mais certeiros que um míssil teleguiado. "Esqueceu-se" do Ninja, um jogador que dava tudo no campo, mesmo quando corria o minuto 112 e ainda sobravam forças para rematar e deixar o treinador no chão, de joelhos a Chorar. Ele pode ter-se esquecido, mas eu não.