exemplo aos 105
Lembro-me da primeira e última vez que tentei ver um filme de Manoel de Oliveira. Durante mais tempo do que aquele que fui capaz de aguentar, a cena resumia-se à filmagem de uma árvore. Não quero com este argumento dizer que os seus filmes não prestam, quem seria eu para tal coisa! Apenas constato que o seu tipo de realização não encontra simpatia neste pouco apreciador da sétima arte, bem como a grande maioria do cinema que se faz pelas terras do velho continente. Os meus cânones cinematográficos deixam-se corromper mais facilmente pela industria americana das terras de Califórnia. Contudo, escrevo estas linhas não para falar de cinema, mas sim para elogiar e enaltecer o papel que pessoas como este centenário realizador desempenham na nossa sociedade. Li recentemente que Manoel de Oliveira se prepara para a rodagem de mais uma película. Tiro o chapéu ao seu estoicismo e resiliência e agradeço o seu exemplo, de que enquanto por cá andamos não devemos viver um minuto insignificante. Obrigado Manoel, e desculpe lá não contribuir para a quota de espectadores.