Eva
Já devo ter esgotado todos os adjectivos possíveis do meu dicionário para descrever a obra de Arturo Perez-Reverte, e o quanto eu gosto dela. Cada livro que termino deixa sempre o desejo do próximo, e com este "Eva" esse sentimento é maior porque trata-se do segundo tomo de uma espécie de saga que agora se iniciou. Lorenzo Falcó percorre as ruas e vielas obscuras do tempo do Franquismo em ascensão, em plena Guerra Civil Espanhola, assumindo-se como verdadeiro sicário em prol daqueles que vão acabar por sair vitoriosos. Falcó exerce a sua actividade numa altura da história da humanidade fértil para as intrigas de espiões, polvilhada com a crescente e galopante vontade de regimes totalitários em tomar poder por qualquer meio - os anos anteriores à 2ª Guerra Mundial. É certo que a Guerra Fria ombreia a esse nível com os anos 30 do século passado, mas enquanto que as loucuras entre Americano e Russos resultaram em meia dúzia de conflitos em territórios neutros, os anos loucos que levaram à 2ª Guerra Mundial resultaram no conflito mais trágico de toda a história, o único em que se largaram mesmo duas bombas atómicas, ficando os números de baixas globais em patamares que consciência alguma é capaz de entender.