e-segregação Social
Na hora de encontrar um adjectivo ou algo que classifique o que aqui vou explorar, tenho alguma dificuldade na escolha a efectuar. Por um lado, penso que se pode olhar para isto como uma espécie de bullying informático. Não será também descabido considerar que é uma das formas de pressão social mais fortes do momento. Num mundo onde a democracia está cada vez mais ameaçada, pelas formas de segregação e de censura mais maliciosas que a mente humana alguma vez criou, poderei mesmo olhar para o assunto como se de uma ditadura se tratasse. Dito isto, procuro olhar para o assunto do modo mais isento e clarividente possível, não fugindo à coerência da lógica e do raciocínio. Se em tempos o telegrafo rompeu as barreiras da geografia e o telefone aproximou as pessoas, coube à internet romper de vez com qualquer obstáculo que ainda existisse na aproximação dos indivíduos de um planeta cada vez mais "pequeno". Tudo a seu tempo e doseado de modo terapêutico sempre foi receita para aproveitar estas bênçãos da evolução. Não é contudo o que se passa nos dias de hoje. Até agora sempre se respeitou a diferença, e nunca foi condição pertencer seja a que for para viver o dia a dia. No entanto, e cada vez mais, a pandemia gerada pelas redes sociais corroeu e corrói da mais dilacerada das formas aquilo que supostamente envergam como bandeira. O leitor poderá confirmar isso mesmo nos casais ou grupos de amigos sentados numa esplanada de um café, de corcunda orientada para o pequeno ecrã donde por vezes saltam exclamações e comentários. O leitor compreenderá que hoje em dia quem não tem facebook é um espécimen estranho, à luz dos cânones do momento. O leitor entenderá que pessoas como eu, que não têm facebook, estão fartas de "então não vistes no face", ou "depois ponho no face". O leitor perceberá que é ridículo existirem situações, seja num grupo, num evento ou num site qualquer, em que só tendo facebook é que é possível aceder. O respeito pela diferença exige que as formas de segregação sejam coisa do passado, algo que, temo eu, já esteve bem mais longe do que hoje está.