difícil Escolha
Aproxima-se o fim do ano e está cada vez mais próximo um ano novo. A agenda deste ano continua a cumprir a sua função, mas a sua substituição é algo inevitável. Foi nessa missão que entrei numa loja para comprar a agenda para 2017. Antes de continuar neste devaneio desta mente inquieta, e uma vez que o leitor deve neste momento estar a questionar-se o porquê de uma agenda, justifico, em minha defesa, que a tecnologia pode substituir muita coisa, mas o prazer de sentir a caneta a desfazer o papel imaculado de um caderno novo em folha é algo que tablet ou telefone inteligente algum será capaz algum dia de proporcionar. Para além disso, a autonomia do suporte de papel é incomparavelmente superior à desses aparelhos, e nunca nos deixa apeados na hora de apontar um apontamento (aqui peço desculpa pelo pleonasmo, mas estava mesmo a jeito). Foi então com o objectivo de seleccionar a minha agenda para o próximo ano que entrei numa loja de uma grande cadeia a nível nacional, que por motivos de legislação e logística processual não posso aqui identificar, mas deixo a pista que tem o mesmo nome que uma antiga empresa de ar acondicionado, entretanto falida, que durante anos foi patrocinadora do clube encarnado da segunda circular. Tendo em conta a referida loja seria de esperar uma escolha difícil, perante a probabilidade mais que certa de existirem vários exemplares diferentes do mesmo produto. Dirigindo-me à secção de papelaria, rapidamente dou com um expositor onde efectuei a minha escolha, após alguns minutos de avaliação. Satisfeito com o artigo dou a volta e deparo-me não com um expositor, mas com uma bancada repleta de mais agendas. Após um tempo superior ao anterior, proporcional ao tamanho e quantidade dos artigos expostos, realizo nova escolha. Com o simples gesto de levantar a cabeça vejo não um expositor, nem uma bancada, mas toda uma parede com mais agendas. Enfrento nova escolha com um estoicismo redobrado, terminando ao fim de 47 minutos a minha demanda. Escolha difícil e que de certeza teria sido a mesma se no lugar do mar de agendas de tamanhos e feitios díspares, alguém tivesse o bom senso de limitar a oferta, e assim evitar o desperdício de tanto papel que apenas tem cerca de um mês de utilidade, pois assim que começa o ano, a sua necessidade é exponencialmente reduzida. Tanto para dizer tão pouco, mas este texto pretende mesmo demonstrar como nos dias de hoje o desperdício é algo com que nos deparamos todos os dias, nas coisas mais simples, nas coisas mais necessárias, nas coisas mais inúteis, e da forma mais resumida possível - em tudo...