diários de Motocicleta
Ainda bem que para além do legado da sua vida Ernesto "Che" Guevara deixou testemunhos como este que acabei de ler. Este ser imortal, ainda "apenas" estudante de medicina, decidiu junto com o amigo Alberto Granado empreender uma viagem por todo o continente sul americano, à boleia da sua mota "La Poderosa", que de forte e vigorosa só tinha mesmo o nome. Numa abordagem mais superficial, este livro pode ser lido como um guia de viagem ou como uma história de dois jovens aventureiros que decidem fazer a viagem da sua vida. No entanto, porque quem o escreveu foi um dos ícones do altruísmo socialista prosaico do século XX, este livro deve ser lido com a atenção ao detalhe e aos pormenores. Ao detalhe e pormenores daquilo que nessa viagem mais chamou à atenção do "Che", à sua escrita fluida e gramaticalmente rica, às suas descrições sobre as paisagens e monumentos que mais lhe chamaram à atenção, e, acima de tudo, ao despertar de um sentimento convocado pelo conhecimento da realidade do continente "pan-americano". É uma espécie de prólogo daquilo que viria a ser a sua existência, um livro que nas suas páginas repletas de palavras e frases escritas pelo seu punho, são o cimento que sustenta a eternidade da sua vida.