desvio à Esquerda
A nossa democracia não sendo velha, vendo contudo os anos da juventude a uma distância considerável, entra agora naquilo que Paco bandeira imortalizou como a ternura dos quarenta. A recepção não sendo a melhor possível, foi aquela que o povo desejou, e desse modo tivemos um governo a caducar passados apenas 11 dias da sua tomada de posse, quebrando as performances dos governos provisórios do PREC. Desde o 25 de Abril de 1974 que existe uma lacuna prestes a ser preenchida neste momento, caso o actual Presidente da República tenha a dignidade de, pelo menos uma vez ao longo dos seus 10 anos de mandato, fazer algo decente, nomeando um governo socialista apoiado pelos partidos mais à esquerda do parlamento. Coligações já existiram de várias formas, umas ao meio, outras à direita, e só faltaria mesmo uma à esquerda para completar as combinações governativas possíveis. A legitimidade de António Costa é conferida pelos votos do Partido Socialista juntamente com os milhões de votos que o Partido Comunista Português e Bloco de Esquerda mereceram dos eleitores, mas também pelos 4 anos de roubo despudorado de uma coligação encomendada e manietada pelos senhores do capital, que na falta de engenho e arte para governar um país não teve pejo na hora de se apropriar dos direitos dos trabalhadores, de alienar as conquistas de quem trabalhou, e de servir um país de bandeja, nação lusitana que merece maior respeito pelo que fez, pelo que foi, e pelo que representou na história da humanidade. António Costa merece a oportunidade porque sabe que os portugueses não merecem mais quatro anos de Coelho e Portas, e por isso mesmo se aventura nesta missão de entendimento à esquerda, difícil é certo, mas ainda assim uma luz ao fundo do túnel para muitas famílias.