comer Letras
O meu convívio com o nosso país vizinho remonta aos primórdios da minha infância, e sempre me acompanhou durante toda a vida. Apesar de estar habituado a certas deturpações que eles não só não corrigem como não se cansam de repetir, nomeadamente pelo modo como se referem ao Porto de Oporto, tenho vindo a descobrir nos últimos tempos algumas alterações. Ao contrário deste exemplo em que acrescentam uma letra de forma despudorada à cidade do Porto, situação que se torna ainda mais grave quando se referem ao melhor clube do mundo, tenho verificado que a moda agora é abreviar, ou mesmo obliterar partes de palavras e nomes. Digo isto porque tenho exemplos práticos demonstrativos da voracidade com que em Espanha se comem as letras, e se no caso da língua francesa tal acontece ao pronunciar estando no texto escrito as letras bem vincadas, nuestros hermanos não hesitam na hora de poupar consoantes e vogais na escrita e na oralidade:
- a moda da abreviatura - exemplo: referindo-se ao trio de ataque do Barcelona e do Real Madrid, no lugar de citar Messi, Suarez e Neymar referem-se à MSN, enquanto que em vez de Bale, Benzema e Cristiano usam a sigla BBC.
- a moda de cortar no nome - exemplo: em Espanha o Barcelona é o Barça, o Deportivo da Corunha é o Dépor, o por favor diz-se por fa, ou quando querem transmitir calma a alguém em vez de dizer tranquilo dizem tranqui.
Até aqui para mim não é novidade, porque tal como disse no início desde pequeno que convivo com o nosso antigo invasor. Escrevo isto porque acho que o cúmulo tem que se apontado e alguém deve manifestar total desacordo com a forma como tratam o que não é deles. Defendo mais uma vez que deveriam retratar-se quando se referem ao Porto, e espero que os adeptos do Borrussia de Monchengladbach se indignem também quando os jornais desportivos espanhóis lhe comam o primeiro nome e as sete primeiras letras do segundo, tal como li recentemente num dos periódicos desportivos do reino de Castela.