censura prós de Abril
Este ano cumprem-se 40 anos daquela noite que começou com a frase "quis saber quem sou". Tive a feliz infelicidade de não viver nesses tempos. Confuso o leitor?! De facto, é uma felicidade tremenda viver em democracia sem nunca ter vivenciado as agruras de uma ditadura, mas uma tremenda infelicidade não experimentar e sentir o rebentar das algemas, sentindo o calor da luz que a liberdade traz. Olho para os mais velhos com o respeito de quem já por muito passou, e com o tempo aprendi algo que o sapiência rota da juventude teima em não querer aprender - que os mais velhos tem sempre razão. Por isso mesmo, e pelo respeito que os militares de Abril nos merecem, não vejo mal algum em se quebrarem protocolos e permitir que os heróis de 74 possam discursar na Assembleia que para nós conquistaram. Estranho a atitude do partido do governo, que na hora de quebrar compromissos com os contribuintes não tem pudor algum, mas para outras situações deixa-se vergar por um pejo incógnito. Há quarenta anos, a letra continuava com "... o que faço aqui". Realmente, e tal como dizia Salgueiro Maia, o "estado a que isto chegou" leva-me a partilhar o que Paulo Carvalho cantava.