adeus Cavaco
18 dias depois do povo se pronunciar, foi a vez do Presidente falar. Depois de muitas horas de meditação, Cavaco optou pelo caminho mais fácil, e numa atitude ao melhor nível de Pôncio Pilatos deixou a decisão final para o parlamento, local onde o governo indigitado pelo Presidente se apresentará perante os restantes deputados para a crucificação final. Obviamente que de Cavaco não se poderia esperar mais do que isto. No entanto, o discurso onde anuncia que convidou PPCoelho para a formação de governo destapou o manto de isenção com que Cavaco se abrigou durante estes anos, duma vã tentativa de esconder aquilo que ele realmente é. Numa intervenção xenófoba e caciquista, o actual Presidente da República confirmou que o seu desempenho neste cargo não é ao serviço dos portugueses mas sim ao serviço do seu partido, não é ao serviço dos superiores interesses da nação mas sim ao serviço das finanças dos investidores e dos "mercados". Cavaco menosprezou cerca de 1 milhão de eleitores que colocaram a cruz nos "outros partidos", partidos que se representarão na Assembleia da República com 36 deputados democraticamente eleitos. Sem qualquer demagogia afirmo que o discurso de Cavaco roçou o totalitarismo, e apenas posso ficar grato à lei de limitação de mandatos pela certeza de que este será dos últimos, pois para estragos a infligir a este país ele já teve tempo de sobra...