a Reentré
Uma vez que por estas bandas a actividade atingiu níveis verdadeiramente dignos uma tarde deitado numa toalha confortavelmente estendida nas cândidas e suaves areias de uma praia qualquer, devidamente abrigada de um desventurada brisa que pudesse interromper o doce e carinhoso torpor que a adrenalina de nada fazer desperta no mais comum dos mortais, venho por este meio tentar fazer uma espécie de Reentré, que honre os pergaminhos de todas as outras que por estas alturas surgem em catadupa. No entanto, ao contrário de todas as outras Reentrés, escrever estas linhas só me traz prazer e devolve a magia de ver espelhados num texto aquilo que pelas bandas do meu cérebro se diz e se pensa. De facto todas as Reentrés encerram consigo aspectos que nem sempre se podem ver pela perspectiva do copo meio cheio:
- o início de um novo ano escolar representa para os pais a retoma das rotinas do dia-a-dia, a luta diária por conseguir transmitir a melhor educação possível aos seus filhos, esses homens e mulheres do amanhã que fruto da tenra idade estão polvilhados da inocência única e irrepetível da infância que só se vive uma única vez, com tudo o que isso mesmo significa e por isso mesmo geneticamente se manifesta, mesmo com a mudança dos tempos e das mentalidades.
- o regresso dos partidos políticos ao activo, ainda mais agravado pelo simples facto de se encontrarem ao virar da equina novas eleições para a capoeira do poder, ocupa toda a temática subjacente aos serviços noticiosos. Os anos passam, e o sentido de votar mantêm-se, apenas moldado pela vontade cada vez maior de não gastar a caneta no momento de preencher o boletim.
- o fim das férias judiciais, interregno que só muito recentemente percebi pela vantagem que o mesmo acarreta em termos de oleamento da engrenagem da máquina da justiça. Os grandes julgamentos voltam a ocupar os jornais, mas ninguém espera que com paragem ou sem ela o destino final seja muito diferente daquilo que o ditado popular diz "a culpa morre solteira".
Assim, entre o stress de pais e angústia de crianças, entre o frenesim da imprensa e a hiperactividade dos partidos políticos, e com o regresso dos julgamentos sem fim à vista, só me resta concluir... que bem se estava no Algarve...