a outra Mulher
Mais do que um novo capítulo na saga de Gabriel Allon, mantendo a sua genialidade na hora de conduzir o leitor pelos meandros do sub-mundo da espionagem, Daniel Silva volta mais uma vez a deixar o seu alerta para um mundo onde a abundância de informação desencadeia o inevitável aumento da proporcionalidade entre a tormenta informativa e o desastre desinformativo. O rigor informativo é cada vez mais difícil de escrutinar, fruto do ruído proporcionado pela mistura explosiva entre quantidade e a qualidade, traduzindo-se numa sociedade supostamente informada, que vive e convive no seio de um sentimento de segurança pintado a verniz, que a qualquer momento pode estalar. Daniel Silva mostra de forma clara, apesar de ficcional, como muita coisa grave nos passa à frente dos olhos, sem que isso nos afecte ou nos preocupe ao ponto que nos deveria de afectar e preocupar. Pelo seu passado e pelo seu trabalho de investigação é uma voz a ter em conta, tendo sempre o devido cuidado de descontar a sua quota parte de simpatia por uma fracção muito importante de toda a sua obra. Um escritor para ler e repetir!