a Cobardia
A língua portuguesa sendo uma espécie de ponta de lança do latim, onde essa língua falecida encontra muito provavelmente a sua evolução máxima, é muito traiçoeira. Os significados das palavras podem inverter o seu conteúdo de acordo com o modo como são empregues. O termo cobarde pode caracterizar aquele que é medroso, tímido, fraco ou acanhado, sendo igualmente sinónimo daquele que se comporta de maneira desonesta, traiçoeira, ou que é desleal ou traidor. Se o primeiro grupo de adjectivos deixa um sentimento de alguma condescendência para quem assim é, o segundo é claramente a vertente pejorativa, a perfeita caracterização de pessoas ou actos que não merecem uma pinga de respeito. Escrevo para quem é da minha terra, para gente que sabe o que se passa no seio de um dos pilares fundamentais que se deve reger uma sociedade moderna, e que tem vindo a ser delapidado nos últimos três anos por uma campanha de ignomínia em nome de interesses pessoais, numa miscigenação doentia com um modo de fazer política baixo e verdadeiramente reles. A "publicidade" que ontem foi distribuída e que ultrapassou todos os limites da decência ao invadir os terrenos das escolas, é uma afronta à dignidade. Ontem a vergonha foi mais uma vez obliterada do dicionário de algumas pessoas, e a bandeira de conseguir os fins através de todos os meios foi hasteada ao mais alto. O leitor use agora a cobardia da melhor forma que a língua portuguesa lhe permite, mas tendo em conta os acontecimentos recentes, em mim não fica qualquer dúvida na hora de escolher os adjectivos adequados...