memória e Responsabilidade
Numa altura como esta, em que as vacas parecem pastar em desertos de areia, qualquer tipo de despesa supérflua deve ser colocada na balança da consciência económica. No entanto, em terras férteis do conhecimento, onde a semente da filosofia e do pensamento brotou um sem número de individualidades que o tempo não fez cair como folhas caducas, os actuais habitantes parecem acossados por uma grave deficiência no sentido da responsabilidade, e delapidam diariamente quer as suas raízes culturais, quer a unidade do euro. De facto, os gregos, habituados que estavam à boa vida, parecem não querer abdicar de veleidades perfeitamente dispensáveis. Digo isto, porque quem vê um estádio de futebol a rebentar pelas costuras, num jogo da liga dos campeões, onde os bilhetes não são propriamente de borla, não pode ficar impávido e sereno sem dirigir uma palavra mais depreciativa a esses tipos que parecem obstinados em ir ao charco, levando os outros com eles. Saramago disse “nos somos a memória que temos, e a responsabilidade que assumimos, sem memória não existimos, e sem responsabilidade talvez não merecemos existir”. Pela memória estão mais que safos, mas pela responsabilidade parece que não...