mercado o Lobo
Depois das notícias de ontem, onde o grande destaque foi para o “contágio” da Itália nesta sucessão de constipações provocadas pela crise, deu-me uma nostalgia de recordar a história do pastor de ovelhas, cujos conterrâneos, fartos das brincadeiras dele, não acudiram aos seus gritos de desespero quando o lobo realmente veio. No mundo real, o pastor encarna a personagem dos jornalistas, sendo as ovelhas todos nós, enquanto que o lobo é esta economia de mercados voraz e destruidora. Durante anos fomos bombardeados com os cataclismos que se avizinhavam sob a forma de doença das vacas loucas, brucelose, pneumonia atípica, gripe das aves e mais recentemente a Gripe A sempre apontadas pela comunicação social como o fim da raça humana. Tal como vieram, foram. O resultado foi que quando a crise rebentou, indiferentes a mais um alarmismo, ninguém prestou atenção, e os mercados encarregam-se agora de dilacerar as economias a seu bel-prazer. Enquanto os países transmitem o vírus uns para os outros, nós, pobres ovelhitas de alvo fácil para os lobos, resta-nos apenas dizer méeeee...