dramaturgia Política
Um dos motivos de interesse na campanha eleitoral que se avizinha é o sobejamente conhecido, Paulinho das feiras. Este senhor, um exímio representante da melhor arte dramatúrgica política, surfa sempre na onda do meio onde se insere. Ao nível do guarda-roupa sabe adequar o mesmo quando: se apresenta a debate, veste a rigor, fato e gravata com camisa de botões de punho; num encontro de jovens, a camisa aberta até ao terceiro botão e os mocassins castanhos, dão um ar mais casual e descontraído para conversar; numa feira, o chapéu de palha ou a boina são adereços indispensáveis. No entanto, é ao nível do discurso que consegue surpreender. Quando eu pensava que a palavra remédio estava em desuso, vem este artolas falar como não sabe, ou pelo menos não é o seu estilo, para desse modo chegar ao coração dos portugueses, pois sem dúvida alguma que dizer-se remédio é mais aconchegante do que medicamento. Quanto a mim, esta forma de estar na política mais parece a história da carochinha, que se deixou enganar pelo lobo que afinal era mau.