21 de Maio de 2003
O dia 21 de Maio de 2003 apresentava-se soalheiro, e de manhã bem cedo devidamente equipados, eu e o meu pai partimos rumo ao sul da península, desejosos para assistir em terras de castela ao triunfo dos guerreiros da Invicta. Chegados a Sevilha, ao sol que nos acompanhou durante toda a viagem juntou-se um calor tão intenso que faria corar de vergonha os números que se registam no mais alto verão nortenho. Tal como no tempo de Aljubarrota o nosso número era inferior, com a diferença que no lugar de espanhóis teríamos que medir forças com os escoceses do Celtic de Glasgow. Como foi a primeira final que assisti, das três que tive o prazer e sorte de acompanhar, tudo foi vivido de uma forma intensa, que o jogo se encarregou de levar para registos impróprios para cardíacos. O optimismo do meu pai contrastava com a minha natural tendência para desconfiar de algo demasiado bom que está ao nosso alcance, pois ainda antes do jogo comprou um lindo cachecol alusivo à final, cortesia de UEFA, compra que fez aumentar a minha ansiedade para a vitória, pois não queria que essa recordação ficasse manchada por um desfecho desfavorável. Ao minuto 115, o Ninja foi buscar forças ao milhares de portistas ali presentes, e a todos aqueles sofriam em casa, e rematou para o 3-2 final. Foi a loucura total. Sentado num corredor de acesso com um gradeamento à frente, foi a lucidez do meu pai no meio da euforia que me agarrou, pois eu já estava pronto para voar até ao campo e abraçar aqueles 11 desconhecidos que tantas alegrias deram a este portista de alma e coração. Gelsenkirchen foi histórico, Dublin foi bonito, mas sem dúvida alguma que Sevilha foi para mim a Final que qualquer adepto de futebol gostaria de viver pelo menos uma vez na vida. Nós estivemos lá...