rei Zébio
Eusébio era o Rei mas, tal como as majestades terrenas e seus súbditos, não pode fintar a inevitabilidade da morte e partiu. Como singela homenagem deste espaço, deixo aqui um texto por mim escrito noutro blog, dedicado ao futebol, colocado a 11.09.2013, numa altura em que Cristiano Ronaldo tinha ultrapassado em número de golos o Rei, quando já se faziam as estúpidas comparações, chegando mesmo ao ridículo de escrutinar qual dos dois seria o melhor jogador tuga de sempre. O Rei morreu em dia de Reis, num Domingo como tantos outros nos quais espalhou a sua majestosa forma de jogar futebol...
"Não sendo do tempo de Eusébio da Silva Ferreira, é através das imagens de arquivo e pelas histórias contadas pelos mais velhos que fico a saber acerca da grandeza desta figura ímpar do desporto português, cujo único defeito que lhe posso apontar é relativo à sua preferência clubística. De resto, reconheço a dimensão da grandeza do homem que marcou uma geração, que carregou às costas a sua equipa e a selecção nacional, conseguindo muitos e vários títulos com a primeira, tendo sido impedido de ir mais longe com a segunda fruto de interesses mais elevados que quiseram a todo o risco possibilitar ao país fundador do futebol o seu primeiro (e único) título mundial. Recordo isto porque estou do lado da mágoa que o Pantera Negra sentiu nestes dias, em que euforicamente se celebrou o facto de Cristiano Ronaldo ter ultrapassado o seu número de golos, e no melhor estilo português, sebastianamente falando, se elevou ao título de Deus o número 7 da selecção nacional actual, e se deixou na borda do prato o antigo número 10 das quinas, aquele que chorou depois da injusta eliminação das meias finais de 66. Quando se efectuam comparações existe sempre o risco de correr em falha, e quando se comparam décadas distantes a probabilidade de erro aumenta consideravelmente. Eusébio jogou no tempo em que não havia caneleiras, as substituições não existiam, a bola pesava uma tonelada e as chuteiras eram de couro. Cristiano Ronaldo joga hoje... Ambos são grandes, mas cada um a seu tempo, e por isso mesmo, qualquer comparação é uma triste injustiça."