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E porque não eu?

terapia de reflexão para mentes livres e com paciência, SA ou Lda não interessa, pelo menos pensar não paga impostos

E porque não eu?

o barulho do Silêncio

por António Simões, em 29.11.23

O dia de hoje cumpria os requisitos da normalidade. O planeta moveu-se na sua tragectória elíptica em direcção a mais um solstício de Inverno. O parlamento discutiu o último orçamento de estado da vigência da maioria que tem os seus dias contados. O povo manifestou-se na rua. A oposição ao actual governo deu o ar da sua graça com as tradicionais piscadelas de olho ao voto traduzidas em propostas de última hora, qual delas a mais romântica, tendo a companhia do proto-candidato a primeiro-ministro Pedro Nuno Santos, que votou apenas porque foi obrigado. Tudo corria como esperado. Com a garantia para o próximo ano de um orçamento aprovado, quando questionado sobre os passos a seguir, Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que após a dissolução do parlamento e até às próximas eleições a 10 de Março não fará intervenções políticas. Imediatamente o pânico instalou-se em comunidades que vão dos comentadores da bola aos astrólogos, passando pelos membros residentes de programas da manhã e tarde aos Chefs das inúmeras soirées de culinária. O momento é de consternação e apreensão porque todos sabem que tem o emprego em perigo, pois se Marcelo não poderá falar de política  certamente que não vai ficar calado...

onde estão as Pantufas

por António Simões, em 26.11.23

O rufar dos tambores começou a sentir-se, as cornetas sopraram rasgando o ar com o seu silvar, as bandeiras ondulavam e enchiam de cor um pavilhão algures em terras de Cristo-Rei e, num momento de surpresa totalmente programada, o seu nome foi anunciado levando uma turba já de si entusiasmada pelo cheiro a poleiro relativamente próximo (ou pelo menos possível só bastando para isso não fazer muita asneira) a levantar-se em uníssono. Eis então que não aparece nem Cristo nem um Rei qualquer mas sim Cavaco Silva, qual D. Sebastião resgatado das brumas da memória, salvo da pacatez de Boliqueime em nome de uma causa maior, ao som de "Paz, pão, povo e liberdade" a caminhar pelo meio de comuns mortais que queriam estar o mais próximo possível de alguém regressado do Olimpo dos Deuses, percorrendo essa amálgama de seres humanos quase do mesmo modo que Moisés fez ao separar as águas do mar, finalmente chegado ao púlpito da coroação do seu seguidor Montenegro foi então capaz de absorver a dimensão da sua presença, a primeira desde há muito tempo, e de semblante pasmado pela emoção perguntou ao seu interior "onde estão as minhas pantufas".

falhar de baliza Aberta

por António Simões, em 25.11.23

Como em muitas coisas na vida, a melhor forma de entender os complicados caminhos e nós górdios que a sociedade tece é recorrer à metáfora. Como sou um apaixonado pela bola e para poder explicar a alguém mais distraído, vou recorrer ao universo futebolístico para explicar o que penso de toda esta barafunda para onde fomos empurrados. Imaginemos o governo de Portugal como uma equipa, o Primeiro-Ministro o Treinador, o Presidente da República o dono do Portugal F.C. e a Procuradoria Geral da República o Árbitro. O Mister costa começou a sua primeira temporada totalmente focado num modelo ofensivo, conseguindo mesmo o lugar depois de um ataque brutal pela esquerda, depondo o treinador que teria sido a primeira escolha dos sócios. Os anos que se seguiram foram duros mas recorrendo ao seu número 10 - Pedro Nuno Santos - a bola foi tratada num estilo diferente do Tiki-Taka espanhol. Recorrendo ao Gerin-Gonça tuga, um modelo de jogo que não sendo uma novidade foi soberbamente maestrada por Santos, o dorsal 10 desta equipa governativa este sempre ao nível do peso da mítica camisola. O problema foi que depois de tanto se explorar o flanco esquerdo e a táctica da Gerin-Gonça, o desgaste foi inevitável e na época seguinte (2º governo) já só contou com aparições esporádicas do BE e PAN, jogadores que tal como acontece frequentemente nas equipas vencedoras de baixo orçamento viam o seu futuro noutras paragens. O cansaço deu sinal mas, com muita resiliência, a equipa governativa seguiu em frente até ao limite das suas forças. A 2ª época não chegou ao fim e os sócios, conscientes do esforço até então despendido, deram um voto de confiança e depositaram em Costa toda a sua força para um terceiro mandato. O Presidente do Portugal F.C. duvidava, mas perante tal mostra de vontade da massa adepta, acedeu em assinar mais uma temporada com Costa. Quando tudo parecia levar caminho para a baliza aberta e rematar certeiro sem qualquer oposição, eis que as lesões ceifaram os seus melhores elementos. O banco de suplentes estava cada vez mais curto, mas Costa acreditava na equipa. Contudo, depois de uma entrada perigosa de jogadores repescados da equipa B, que Costa não viu, o Árbitro da Procuradoria Geral da República mostrou o cartão vermelho. Adiantando-se ao Presidente Marcelo, costa pediu a rescisão do contrato. Portugal F.C. encontra-se agora num defeso que se prevê conturbado, e só lá para meados de Março do próximo ano é que voltará a ter treinador.

extra, ordinário e Extraordinário

por António Simões, em 24.11.23

Por estes dias, em Estrasburgo, durante o debate sobre o estado do Direito em Espanha, um alemão - Manfred Weber - presidente do Partido Popular Europeu, adjectivou o actual governo português de corrupto. A faísca fez fogo, e num ápice acendeu-se a discussão entre dois tugas que fazem parte do mesmo hemiciclo, embora em lados opostos. Pedro Marques, deputado do PS, e Paulo Rangel, deputado do PSD, trocaram argumentos de taberna em pleno parlamento europeu. O caso foi extra e ordinário, e ao mesmo tempo extraordinário. Extra porque o assunto em discussão foi esquecido e acrescentou-se um que pelo que se apurou até ao momento não tinha qualquer relação. Ordinário porque o teor dos argumentos em nada enobrecem quem os proferiu. E extraordinário porque pelo menos uma vez, de vez em quando, o resto do parlamento europeu descobre que afinal na Europa também se fala português.

13 anos

por António Simões, em 23.11.23

Com dois dias de atraso em relação à data, e com três anos sem a marcar com a devida pompa e circunstância, chegou a altura de soprar, não só as velas que marcam 13 anos de existência, mas também o pó acumulado nas sinapses que permitem aqui expor as ideias de uma mente inquieta. Desde o seu início, este espaço sempre preencheu as necessidades para o qual foi criado na noite de 21 de Novembro de 2010, e ler o que já foi escrito é um prazer e ao mesmo tempo um desafio. Um desafio para continuar e impedir que o pó torne a repousar, um desafio para ao escrever poder ouvir. Ouvir o nosso interior num mundo em que cada vez mais as pessoas só se preocupam com o seu exterior e as aparências, um mundo onde uma opinião é valorizada não pelo que ela assume, mas pelos likes, partilhas e #s que consegue. Num mundo assim poderá o espaço que aqui ocupo ser considerado obsoleto, mas mas nunca será esquecido.

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