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E porque não eu?

terapia de reflexão para mentes livres e com paciência, SA ou Lda não interessa, pelo menos pensar não paga impostos

E porque não eu?

presidenciais 21

por António Simões, em 09.01.21

Os agentes políticos da actualidade tem conseguido a proeza de alcançar uma coerência ao nível do interesse que despertam nos eleitores. Até aqui chega a boa notícia e o que se segue, para além de mau, não augura nada de bom para o futuro, sendo o presente uma boa mostra do que nos espera daqui para a frente. Se as taxas de abstenção mostram de forma matemática o que pensam os eleitores da política actual, os políticos de hoje são belos exemplares da decadência de uma sociedade que em pleno século XXI se julga informada, mas que nunca esteve tão à deriva num mar de desinformação. Tudo isto é a amálgama perfeita para colocar na cadeira do poder figuras como as que hoje temos nos EUA e no Brasil, e que servem de inspiração para qualquer louco que munido pelos amigos certos e os financiamentos adequados se julgue capaz de seguir em frente, seguindo o caminho por esses outros loucos trilhado. O vírus do populismo e do discurso do ódio que julgava enterrado encontra-se mais vivo que nunca, e nesta sociedade que passa mais tempo a exercer a fisioterapia do polegar no visor de um telemóvel encontra o hospedeiro perfeito, um corpo moribundo onde o sistema imunitário já pouco reage e para o qual não parece existir vacina eficaz. Essa vacina não aparece porque aqueles que poderiam desenvolve-la estão a ficar sem tempo, talvez sem paciência, e muito provavelmente deprimidos depois de anos de luta onde julgavam ter vergado esse vírus, ocupando o seu tempo elaborando terapêuticas orientadas para levar a humanidade para a frente, no caminho da tolerância pelo próximo, pela integração de uma sociedade cada vez mais complexa, evitando caminhos sinuosos que no passado nos conduziram a tempos duros. Estas eleições presidenciais tugas são um bom exemplo disto que por aqui vou devaneando. Tendo acompanhado alguns dos debates, o de ontem entre Ana Gomes e André Ventura foi o que me levou a escrever este texto. Para além da diferença óbvia das idades onde de um lado poderia estar uma mãe e do outro um filho, para além da evidência curricular de cada um onde de um lado estão décadas de luta e trabalho e do outro pouco de mais de uma dúzia de anos a fazer pela vida, o que vi foi uma tristeza estampada no rosto de Ana Gomes, apesar do seu constante sorriso que mais não era do que um disfarce de alguém que estava a cerrar os dentes perante um oponente mal educado, inflamado, intolerante e ganancioso. Essa tristeza revela algo em que penso frequentemente. Quem como ela, e mais velha que ela, viveu no tempo da ditadura e lutou para termos direito à liberdade, como aquela que neste espaço posso exercer, deve ser tristemente angustiante ver espelhado na figura de pessoas como a que ontem tinha à sua frente num debate político aquilo a que chegamos. Deve ser revoltante reconhecer que, apesar de todo o trabalho efectuado, o ódio e o populismo que não vê meios para atingir fins está mais vivo que nunca, e mesmo ao virar da esquina para chegar ao poder. Triste, mas actual.

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