diego armando Maradona
Numa altura em que a selecção nacional portuguesa quase nunca se apurava para as grandes competições, a minha paixão pelo futebol não se esgotava no apuramento, e sempre vivi os mundiais de futebol a torcer pela Argentina. Para isso foram decisivas duas coisas: a primeira, o facto do equipamento principal ser o mais parecido possível ao do meu Porto, com o azul a mudar apenas de tonalidade; a segunda pelo facto de lá jogar o melhor jogador de todos os tempos, ainda por cima esquerdino como eu. Do México 86 tenho poucas recordações, mas no Itália 90 sofri a derrota como se argentino fosse, e ainda me recordo de festejar a horas tardias o último golo que Maradona marcou nos EUA 94, antes da Mafia da FIFA se encarregar de o enviar para casa. Como se quer num génio, a sua dose de loucura foi servida em quantidades abundantes tanto ao nível da magia que espalhou no campo de futebol, como na paixão que mostrava sem qualquer restrição, fosse a que nível fosse. Hoje é fácil criticar e apontar o dedo na hora de acusar, mas eu prefiro seguir o caminho da indulgência ao avaliar que não teve a sorte e os recursos que hoje em dia protegem os afortunados, de um desporto jogado e seguido por milhões de pessoas. Diego Armando Maradona foi único e irrepetível, sendo a discussão sobre quem será o melhor de todos os tempos um tema sem qualquer tipo de sentido pois os gostos são subjectivos, as pessoas diferentes, os tempos não são os mesmos, e como ele mesmo disse no filme sobre a sua vida realizado por Emir Kusturica: "qué jugador hubiese sido yo si no hubiese tomado cocaína? ¡Qué jugador nos perdimos! Me queda el mal sabor de boca que hubiese sido mucho más de lo que soy..."