carlos ruiz Zafon
Hoje o mundo da literatura perdeu uma pedra angular ao ver partir Carlos Ruiz Zafon que, cedo demais, caiu fulminado por uma doença que ceifa mais vidas do que qualquer pandemia deste ou de outro século. A inevitabilidade da nossa existência bateu à porta de um dos melhores escritores do século XXI e levou-o, deixando os milhares de leitores anónimos carentes de aventuras e histórias futuras. Não preciso de falar dos livros que dele li, pois isso já o fiz no passado, mas não podia deixar de prestar a minha singela homenagem com palavras do próprio, que tomo a liberdade de transcrever do prólogo de "O Príncipe da Neblina":
"Mas não veio a estas páginas para ouvir discursos, mas para que lhe façam cócegas no cérebro. Permitam-me, então, que o convide a viver as aventuras destas personagens que ainda me são tão familiares como no dia em que as conheci. A entrada não tem limite de idade, nem lugar marcado. Será bem-vindo a estas páginas quer seja um leitor veterano como eu ou um leitor jovem que mergulha na maior das aventuras, a de ler. Dentro de momentos apagar-se-ão as luzes, erguer-se-á a cortina da sua mente e o feixe do projector baterá na sua imaginação."
Sempre que leio estas linhas os arrepios não escondem, de forma involuntária mas consciente, a emoção que sinto ao ver traduzida de forma tão bela a relação simbiótica entre o escritor, o livro, o leitor e a leitura. Obrigado pela obra, pelas histórias, mas acima de tudo por ser capaz de por momentos voarmos sem sair do sítio.