Desde já efectuando uma defesa em nome próprio, fique bem claro ao leitor que apenas vi o programa que de seguida refiro pelo simples facto do mesmo ter-me suscitado uma tremenda curiosidade. Não é todos os dias em que o Primeiro-Ministro de um país se deixa entrevistar, em ambiente familiar, ao mesmo tempo em que mostra os seu dotes culinários, facto que por si só já seria de enaltecer. Estas coisas são cada vez mais comuns entre a classe política actual, e destapar o véu da máscara pública desperta sempre aquele sentimento tão humano de voyerismo honesto sem qualquer tipo de confusão com o que esse desporto verdadeiramente encerra. Assim, recorrendo ao fantástico avanço da tecnologia audiovisual que me permite ver programas que nem sequer os deixei a gravar, como se tinha de fazer no tempo das cassetes de vídeo em que se programava a hora prevista e depois o que tinha gravado era outra porcaria qualquer porque os senhores da televisão não se deram ao trabalho de obedecer à TV Guia, vi o programa de Cristina Ferreira, onde António Costa nos presenteou uma bela cataplana de peixe. Ao princípio a curiosidade ainda se sobrepôs à estridentemente estrépita voz da apresentadora, mas ainda a caçarola ainda não tinha ido ao forno e o meu cérebro comunicou ao tímpano que estava em perigo de ruptura. Foi nesse preciso momento que pensei: um botão novo, por favor! Um botão que no lugar de silenciar o som geral nos permita escolher o que queremos emudecer. Que falta tinha feito para conseguir ver tudo até ao fim...
Alguém terá que fazer alguma coisa para colmatar uma falha tremenda, um erro que pode ser imputado à humanidade no geral e ao ser humano em particular... Frases e pensamentos que ecoam pela eternidade possuem um rosto, um nome, um contexto, e muitas vezes até um local em concreto onde as mesmas foram proferidas. No entanto, aquilo que todos conhecemos e que nos é transmitido de geração em geração, falo da "sabedoria popular", é algo que tem uma história muito mal contada e que merece ter também pelo menos um nome. Se "um pequeno passo para o homem, mas um grande passo para a humanidade" ou "eu tenho um sonho" ou "Salazar? Obviamente demito-o" todos sabem quem, quando e onde se disse, a sabedoria popular também deve ter um autor(a) de frases icónicas como "Carnaval na eira, Páscoa na borralheira", "Primeiro de Agosto, primeiro de Inverno" ou "Abril, águas mil". Seja a bordo de um DeLorean ou com algo do género das gravações automáticas das modernas televisões inteligentes, é necessário rebobinar o tempo e descobrir quem foi o primeiro a proferir essas pérolas da sabedoria popular, no fundo, aquele que disse algo tão inteligente que se tornou viral... sem Internet...
Fiquei curioso ao ler a contra-capa deste "Cara ou Coroa", livro de um autor que nunca tinha lido. A estrada da vida está repleta de encruzilhadas, cruzamentos e desvios, e foi com essa base que Jeffrey Archer partiu para um livro duplamente surpreendente. Foi a primeira vez que li dois livros num, pois a história de um pequeno russo divide-se no momento em que tem que efectuar uma escolha, seguindo cada uma o seu caminho e o seu destino final. Mas mais surpreendente que isso é o seu final, e a espécie de acusação que o mesmo encerra. O que fica no ar é algo que todos nós suspeitamos, mas que nunca foi provado. Curioso o leitor, só tem uma hipótese para saber aquilo a que me refiro...