Francesco Totti colocou hoje um ponto final na sua carreira, depois de ter representado o seu clube durante 25 anos, desde que no dia 28 de Março de 1993 se estreou pela sua equipa em jogos oficiais. Neste caso referir-se ao Roma como sua equipa poderá não ser um exagero, porque exemplos destes não sobram e cada vez mais se contam pelos dedos de uma mão, num mundo do futebol onde a perfídia do dinheiro vence qualquer obstáculo para atingir os fins desejados. Totti não foi um jogador qualquer, não tanto pelos títulos mas acima de tudo pela magia que só um verdadeiro número 10, merecedor dessa camisola, espalha pelo terreno de jogo. O mundo da bola segue de mão dada com o mundo do mundo, onde a lealdade e o respeito são valores que fazem parte de um passado cada vez mais longínquo, mas que de vez em quando convém relembrar e estudar, de modo a que exemplos como este não se tornem integralmente parte do passado. Arrivederci Totti!
Poderia divagar nas minhas minudências de argumentação, mas penso que o leitor ficará muito melhor servido se o próprio ler e comparar as mensagens que dois presidentes dos E.U.A. em anos diferentes deixaram no mesmo local - o Museu do Holocauto de Israel:
Barack Obama (2008) "Estou agradecido a Yad Vashem e aos seus responsáveis pela sua extraordinária instituição. Num tempo de grande perigo e promessas, guerra e progresso, estamos abençoados por ter uma recordação tão poderosa da capacidade humana em criar tanto mal, mas também da nossa capacidade de nos levantarmos e ultrapassar uma tragédia para reconstruir o nosso mundo. Os nossos filhos devem aqui vir e aprender a história, para que possam conosco unir-se e proclamar "nunca mais". E recordemo-nos daqueles que nos deixaram, não só como vítimas, mas também como indivíduos que tiveram esperança, amaram e sonharam como todos nós, e que se converteram em símbolos do espírito humano"
Donald Trump (2017) "É uma grande honra estar aqui com todos os meus amigos - é inacreditável, nunca o esquecerei".
As semelhanças são tão poucas, que caso o leitor tenha dúvida pode ver as mesagens escritas pelo punho de cada um em http://metro.co.uk/2017/05/23/trumps-words-at-the-holocaust-museum-have-been-contrasted-with-obamas-words-6656267/
Existem muitos tipos de efeitos. Nas mais variadas categorias, em diversas disciplinas ou num sem fim de aplicações práticas diárias, os efeitos explicam e justificam fenómenos para o ser humano entender e deles tirar as devidas ilações: o efeito de estufa explica o aquecimento global; o efeito borboleta é o cerne da teoria do caos; o efeito doppler que justifica a percepção de som diferente por duas pessoas em locais distintos; o efeito de Bernoulli que permite aos aviões voar. Um sem fim de efeitos que acompanham teoremas, teorias, princípios ou postulados. Com pouco mais de um ano de presidência Marcelo Rebelo de Sousa já demonstrou que merece pertencer a esse conjunto de "efeitos". Como o registo de patentes está pela hora da morte, e sendo um singelo trabalhador de 40 horas semanais, não me sobra muito tempo para tratar dos direitos de autor desta ideia, pelo que arrisco aqui na escrita destas linhas para partilhar aquilo que ficará para a posteridade como o "efeito Marcelo". Desde 9 de Março que não param de acontecer coisas boas aqui pela tugalândia:
- em França, terra de emigrantes tugas, a Selecção Nacional conquistou um Campeonato da Europa, depois de ter consentido 3 empates contra adversários modestos, uma passagem aos quartos pela margem mínima contra a Croácia, penáltis salvadores contra a Polónia e a única vitória nos 90 minutos nas meias-finais contra o País de Gales. Só mesmo na final defrontamos um candidato ao título, e vencemos com um golo de um improvável Éder. Em 2004 eliminamos Espanha, Inglaterra, Holanda e perdemos a final com a improvável Grécia... palavras para quê;
- em Kiev, num festival europeu da canção que sempre premiou um estilo muito particular e inúmeras vezes peculiar, Salvador Sobral venceu com uma belíssima canção que rasga os cânones desse festival. Deve ter sido um caso de água mole em pedra dura, porque anteriormente já tínhamos enviado muita coisa boa, desde Simone de Oliveira "Desfolhada", Fernando Tordo "A Tourada", Paulo de Carvalho "E Depois do Adeus" ou Dulce Pontes "Lusitana Paixão"... palavras para quê;
- aqui pela Tugalândia, tivemos os anos do "Terror" em que coligação de direita governou como se fossem o Sheriff de Nottingam, a amealhar o dinheiro dos impostos para o Rei João, perdão o FMI, sem que conseguissem com essa actividade cega de colheita tirar o país do pântano. Chega agora uma geringonça que abre os cordões à bolsa, repõem os direitos dos trabalhadores ao melhor estilo de Robin dos Bosques e consegue tirar o país da miséria, com elogios de Wolfgang Schäuble que considerou Mário Centeno o "Cristiano Ronaldo do Ecofin"... palavras para quê.
Poderia certamente citar mais alguns exemplos, mas penso que estes três sobram em conteúdo para catalogar o "efeito Marcelo" como "o meio pelo qual temos chegado ao fim desejado, objectivo alcançado pela entropia desenvolvida pela actividade frenética e bem humorada do presidente da república mais jovial da história da tugalândia".
A César o que é de César! Se até ao momento não me tenho contido na hora de criticar e apontar o dedo ao actual presidente dos E.U.A., e seguindo uma linha de coerência argumentativa, desta feita tenho que dar os parabéns a Donald Trump! O mundo viveu ontem mais um episódio lamentável, desta vez em Manchester mas novamente durante um concerto musical. O terrorismo não dá tréguas, e os dementes que em seu nome perpetuam as tragédias não cessam a actividade hedionda e cobarde, em nome de algo que eles próprios não sabem o que é. As reacções não se fizeram esperar e Trump fez uma intervenção digna de nota, não tanto pela ameaça que deixou no ar, que reconforta quem clama por justiça, mas sim pela excelente caracterização de quem executa planos maquiavélicos como o de ontem. No seu discurso considerou que "chamar-lhe monstros é fazer-lhes a vontade" pois perante tal monstruosidade adjectivar desse modo é reconhecer o papel que desempenharam, aplicando-se muito melhor o termo "Losers", palavra que pode traduzir-se por perdedores ou, melhor ainda, por falhados. As palavras e os discursos nada fazem para apagar a dor de quem sofre com estas atrocidades, de pouco valem para desanuviar o clima de medo que paira um pouco por todo o mundo, mas sempre ajudam na hora de mitigar o futuro de um mundo escurecido, e desta vez trump esteve muito bem.
Apesar de ainda recentemente ter lido um livro que demonstra que existem coisas que nascem torto mas que no final até se endireitam, contrariando o velho ditado popular, existem outras situações que provam que os antigos de burro nada tinham. Confirmando essa velha máxima temos um bom exemplo na sexta república brasileira. Em 1985 o Brasil entra no mundo da democracia, abandonando um regime militar que até então se "encarregou" dos destinos do país. A honra presidencial da 6ª República caberia a Tancredo Neves, não fosse o infortúnio ter batido à sua porta impedindo-o de tomar posse. Ao falecido presidente que não chegou a ser sucederam José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer. Nestes 32 anos o povo brasileiro teve 7 presidentes. Até ao momento apenas Fernando Henrique Cardoso passou incólume depois de ter ocupado o Palácio do Planalto, pois se não fosse a senhora da saia sem "calcinha" que acompanhou Itamar Franco num dia de Carnaval, o antigo presidente teria também efectuado uma governação isenta de escândalos. O resto é o que foi, e o que se vê. José Sarney não escapou aos rumores de corrupção. Lula da Silva foi mais longe, tal como a sua presença assídua nas barras dos tribunais o pode confirmar. Collor de Melo e Dilma Rousseff foram demitidos das suas funções, e pelo andar da carruagem o actual presidente terá o mesmo destino. Ou seja, o escândalo e a corrupção são adjectivos inalienáveis desta geração de governantes que não se cansam na hora de inventar o melhor modo de facilitar o trabalho a jornalistas e afins. O povo brasileiro é que está farto destas novelas, e o melhor é mudar o enredo e passar de vez para a sétima república.
É certo que a cadeira já está aquecida, e a caneta já deve ter sido recarregada de tinta depois de tantos despachos a "despachar" o trabalho que Barack Obama desenvolveu ao longo dos seus dois mandatos, acabando com uma política que pelo menos durante uns tempos fez dos E.U.A. um país minimamente decente, mas o facto preponderante é que a procissão ainda vai no adro, e estes poucos meses em que Donald Trump anda a brincar aos presidentes só confirmam as piores previsões possíveis, e não permitem que se possa estipular um futuro, perante a neblina que a atitude de um mentecapto não para de lançar sobre tudo e sobre todos, com clara tendência para se tornar cada vez mais cerrada. Só agora, depois do mal estar feito, é que começa alguma contestação. Seria positivo para a humanidade que essa contestação fosse contra o fim do Obamacare, contra a construção do muro na fronteira mexicana, ou contra a ausência mais que certa dos E.U.A. dos acordos de Paris. Mas não. Trump começa a ser contestado pela suas deliberações governativas em sede do Twitter, ou pelas supostas fugas de informação para os "amigos" Russos. É caso para dizer "estes americanos estão loucos". Que estavam à espera?! Que sendo presidente deixaria de usar essa rede social como sempre usou durante a campanha, ou que não pagasse o cheque pelos favores que os "amigos" lhe fizeram ao se meterem pela porta dos fundos nas passadas eleições. Meteram-no lá! Agora levem com o twitter Trump até ao fim.
Foi pelo título que a curiosidade despertou, e que me levou a ler esta obra de uma pessoa que estamos mais habituados a ver pela televisão, mas que fez muito bem quando decidiu fazer aquilo que os jornalistas melhor sabem fazer - pesquisar. Num registo simples e prático, João Moleira apresenta um grande número de factos, acontecimentos e invenções que tinham tudo para não serem nada, mas que no final provaram que afinal de contas "o que nasce torto também se endireita".
É penoso para mim escrever estas linhas, mas nada melhor do que purgar os pensamentos para aliviar a mágoa que este quarto título seguido do clube da segunda circular que fica em frente do C.C Colombo me provoca. Ao longo de toda a minha vida nunca tinha assistido a algo de semelhante, habituado que estive a festejar com uma frequência muito superior a qualquer outro, seja a nível nacional, seja a nível internacional. Mas os tempos agora são outros, e o ciclo está definitivamente fechado por estes quatro campeonatos seguidos sem que o meu Porto tivesse apresentado os argumentos que fizeram a sua imagem de marca dos últimos 35 anos. A mística, a garra, e a vontade indómita de vencer perdeu-se pelo caminho por motivos vários que são demasiados para aqui apontar, perdendo-se assim a única vantagem competitiva que tinha em relação aos clubes do regime, equipas que pelo que representaram na história partem sempre na frente. Para ganhar o Porto tem que ser muito superior a todos os outros. Com uma capacidade mobilizadora que esmaga qualquer concorrência, o clube da luz assumiu o seu papel de sempre. Disse no início que escrevo com mágoa, e se o faço não é pelo amargo da derrota, mas sim pelo fel da injustiça que os meios de comunicação social não se cansam de aumentar. As vitórias de encarnado são transmitidas em directo durante horas a fio e os telejornais só têm essa notícia para apresentar. Ontem Salazar deveria estar contente...
Hoje é dia de visita à tugalândia do Papa Francisco. Jorge Mario Bergoglio trouxe à Igreja a brisa que desapareceu desde que João Paulo II nos deixou, e desde que assumiu as suas funções não parou de transportar essa frescura sob a forma de caridade, boa vontade e esperança, por todos os locais por onde passa e onde está. Temos nestes dias a honra e responsabilidade de receber o Papa Francisco, e estou certo que como tugas não deixaremos que a nossa fama de hospitalidade se fique pelo mito. É no entanto completamente impossível que esta visita seja excluída da presença dos papadores, sejam os do costume, sejam os de circunstância. Em Fátima não faltam exemplos bem demonstrativos disso mesmo, que nestes dias assumem contornos de ridículo ou, se quisermos falar de um modo mais eclesiástico, verificando-se situações de verdadeira blasfémia onde o despudor de uns face ao desespero de outros origina casos de contornos tais que não dignificam nada nem ninguém. Como se não fossem suficientes os inúmeros casos dos incógnitos que mancham toda esta envolvência, as nossas autoridades receberam por estes dias uma viatura, em regime de pro bono. Sendo oferecida, obviamente que não poderia ser recusada porque o ditado já diz que "a cavalo dado não se olha o dente", mas não deixa de ser mais um bom exemplo de como os papadores podem assumir várias formas, desta feita do modo mais matreiro possível e ao melhor estilo alemão, garantindo uma exposição e publicidade proporcional à expectativa do acontecimento. O Papa que prefere andar de autocarro terá assim guarda de honra nacional, confortavelmente sentada ao volante de um BMW i8 avalidado na ordem dos 143 mil euros.
Seguindo receita idêntica aos dois anteriores livros que li de Michael Connely, nesta obra o autor surpreende por mudar o sentido da sua personagem principal, sem que por esse motivo se tenha perdido o sabor que caracteriza qualquer um dos seus enredos. Nesta "Reviravolta" o advogado Haller surge no lado oposto da barricada, provando que afinal de contas não é apenas um jogador defensivo, apresentando-se neste livro como um excelente ponta de lança da acusação.