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E porque não eu?

terapia de reflexão para mentes livres e com paciência, SA ou Lda não interessa, pelo menos pensar não paga impostos

E porque não eu?

o silêncio do Mar

por António Simões, em 24.10.16

Depois de anos em que da Islândia apenas conhecia um dos meus grupos de música favorito, veio o europeu de futebol e verifiquei que para além do bom gosto dos Sigur Rós aquele país também dá uns toques de bola. Agora, depois de ler este livro da escritora islandesa Yrsa Sigurdardóttir, descobri que para além das cinzas vulcânicas que por vezes sopram dessa ilha também podem surgir ventos que nos brindam com uma agradável brisa de boa leitura. Com chegada a Reykjavík, o livro traz uma história que começa de forma sinistra, para depois partir na procura de uma explicação com partida de Lisboa, numa viagem que a princípio parecia ser do tipo cruzeiro, e que se transformou em algo cujo adjectivo deve ser classificado por quem quiser apreciar esta obra, num clima de intriga aclimatado pelo silêncio do mar.

poesia Orçamental

por António Simões, em 16.10.16

Sempre tive um grande problema com a disciplina e, por arrasto, com os professores de português. A minha capacidade limitada de interpretação dos textos nunca foi do agrado de nenhum, e a minha pouca disponibilidade para dar palha ou, por outras palavras mais educadas, para dar música, granjeou sempre muita pouca simpatia por parte do docente da disciplina. Estivesse em discussão uma estrofe de Camões, uma cantiga de escárnio e maldizer ou um excerto de "Os Maias", o conflito entre a minha redundância interpretativa e a capacidade esquisofrénica do professor e da maioria dos meus coleguinhas de turma para desenvolver as mais diversas teorias acerca daquilo que o escritor dizia nas entrelinhas do texto, foi batalha latente ao longo dos vários anos em que tive que levar com o ponto de vista que uns julgavam superior ao meu. Por isso mesmo que todos os anos não espero grande coisa da apresentação do Orçamento de Estado, e este último foi mais um bom exemplo de como o mesmo texto pode ser interpretado de maneiras diferentes, ficando sempre a dúvida sobre qual é o dono da razão. Tal como um poema, o OE para 2017 teve duas análises diametralmente opostas. Por um lado, temos a direita que defende o pleonasmo intrínseco do aumento da carga fiscal sobre os contribuintes. Do outro, temos a esquerda que garante a personificação da justiça social neste documento que repõe os direitos sobre a classe trabalhadora e o aumento das pensões. Ao meio está o sempre pau para toda a obra do contribuinte, que fiel à interpretação única e inalienável do pagamento dos impostos apenas se limita a cumprir o que os outros interpretam...

bob dylan Nobel?

por António Simões, em 14.10.16

A interrogação que coloquei neste título não é para ser interpretada no sentido da dúvida pela atribuição, mas sim na surpresa em que tal distinção tenha saído da Academia Sueca. Ao fim de tantos anos de prémios e atribuições que são e serão sempre apenas isso mesmo, pois é impossível escolher o melhor de tanta coisa boa que se escreve por esse mundo fora, os membros que tem direito a voto na matéria saíram finalmente do armário, e num rasgo inédito quebraram todas as barreiras com a distinção de Bob Dylan para o prémio Nobel da Literatura. Está assim preenchida uma lacuna que sem dúvida alguma existia, pois a literatura pode expressar-se das mais variadas formas, e sem dúvida alguma que a música teria que estar incluída. Bob Dylan foi o distinguido, mas poderiam ter sido muitos outros, principalmente os que compuseram músicas nas décadas de 60 e 70, onde a história universal se encarregou de afiar os lápis dos compositores de músicas inesquecíveis e intemporais, com letras acompanhadas pelos acordes das guitarras, saxofones, pianos, órgãos, baterias, baixos, harmónicas e todos os outros instrumentos que fazem de uma estrofe um hino para a posteridade. Em 1964 Dylan bem dizia que os tempos estão a mudar... parabéns...

Para todos:

Come gather 'round people where ever you roam
And admit that the waters around you have grown
And accept it that soon you'll be drenched to the bone
If your time to you is worth savin'
Then you better start swimmin' or you'll sink like a stone,
For the times they are a' changin'!
 
Para a Academia Sueca:
 
Come writers and critics who prophesy with your pen
And keep your eyes wide the chance won't come again
And don't speak too soon for the wheel's still in spin
And there's no tellin' who that it's namin'
For the loser now will be later to win
For the times they are a' changin'!
 
Para os políticos de ontem e os de hoje:
 
Come senators, congressmen please heed the call
Don't stand in the doorway don't block up the hall
For he that gets hurt will be he who has stalled
There's a battle outside and it's ragin'
It'll soon shake your windows and rattle your walls
For the times they are a' changin'!
 
Para os Pais de todos os tempos:
 
Come mothers and fathers throughout the land
And don't criticize what you can't understand
Your sons and your daughters are beyond your command
Your old road is rapidly agin'
Please get out of the new one if you can't lend your hand
For the times they are a' changin'!
 
 
The line it is drawn the curse it is cast
The slow one now will later be fast
As the present now will later be past
The order is rapidly fadin'
And the first one now will later be last
For the times they are a' changin'!

estágio Orçamental

por António Simões, em 13.10.16

Engane-se quem pensa que António Costa só foi a terras dos mestres Shaolin com o objectivo de recolher o interesse dos ávidos investidores chineses, acenando com as vantagens do território tuga no sentido da capitalização dos lucros, e apelando ao sentimento forte que une a tugalândia e o país da grande muralha desde os tempos dos descobrimentos. De facto o primeiro-ministro foi à China por isso, mas também porque considerou esse país um excelente destino para efectuar o estágio pré-orçamental. Ciente das dificuldades de apresentar ao parlamento um orçamento de estado confeccionado a três, o chefe da "geringonça" desenvolveu nesta viagem competências ao nível do confucionismo, estudou as origens da esquerda maoista escrutinada do marxismo-leninismo, e aprendeu com os dirigentes da Assembleia Popular Nacional que ocupam o cargo desde tempos imemoriais. Costa chegará assim à tugalândia pronto para enfrentar as feras da esquerda tuga, que tudo farão para tornar a vida impossível, trazendo na sua bagagem uma nova dinâmica arquitectada neste estágio oriental e munido de ensinamentos e pensamentos como estes que se seguem, conseguidos por fontes muito bem colocadas na mala do primeiro-ministro:

"A melhor maneira de ser feliz é contribuir para a felicidade dos outros" ( sobre o fim da sobre-taxa no IRS)

"Ultrapassar os limites não é um erro menor do que ficar aquém deles" (Justificação para esse fim ser para uns, mas não para outros)

"Você não pode mudar o vento, mas pode ajustar as velas do barco para chegar onde quer" (Pensamento para enquadrar a "geringonça" no panorama das constantes ameaças dos mercados de uma nova intervenção, servindo também de slogan motivacional para este orçamento à esquerda)

bomba Bombástica

por António Simões, em 12.10.16

O campeonato mundial da tecnologia de comunicações móveis tem vindo a ser alimentado por uma luta titânica, disputada essencialmente por duas empresas líderes de mercado, que ao longo dos últimos anos passaram da surpresa das inovações, ao inventar seja o que for para ter moral de colocar à venda um novo aparelho todos os anos, a um ritmo muito superior ao abate dos créditos bancários destinados à compra de modelos entretanto ultrapassados. Como seria de esperar esta escalada teria que ter ou um fim, ou uma mudança de sentido, situações que de um modo ou de outro foram identificadas pelas recentes explosões da última bomba (neste caso aplica-se o sentido literal) lançada pela Samsung. Os utilizadores já estão informados, as vendas foram suspensas, e os mercados bolsistas não tardarem em registar o síndrome de pânico inalienável neste tipo de situações. A Apple assiste a tudo de uma forma repousada no sofá, local donde não deve ter saído desde o desaparecimento de Steve Jobs. Este frenesim anual de ver quem é que tem o melhor smartphone foi no que deu, e no lugar deles temos este novo modelo de stupidphone, uma verdadeira bomba relógio (novamente o sentido literal é para ser respeitado) para o seu utilizador.

eleições ao Desafio

por António Simões, em 10.10.16

Decorreu nesta madrugada de Domingo o segundo debate presidencial para as eleições nos EUA. Seguindo um modelo que só mesmo poderia resultar num país como aquele, o debate fez-se num ambiente de descontracção onde os intervenientes dispunham de uma pequena mesa de apoio e um banco alto, de modelo semelhante ao que se usa no balcão de um café. Até aqui não há novidade alguma! O problema foi que este cenário associado à fraca qualidade dos participantes, muito impulsionada pelo candidato republicano, tornou aquilo que deveria ser um debate ao mais alto nível numa espécie de cantares ao desafio. Se Clinton acusava Trump daquilo que todos sabemos, Trump respondia com ameaças de investigação sobre o caso dos e-mails, caso venha a ser eleito presidente, e só faltou mesmo um acordeão para dar a este evento um colorido especial, bem disposto e ainda mais animado, de um típico arraial minhoto.

demência à Americana

por António Simões, em 08.10.16

Se até agora o ridículo já foi sobejamente ultrapassado, o inverossímil foi verificado por demasiadas vezes, e as barreiras da decência não foram obstáculo para a vergonha despudorada do candidato republicano Donald Trump, o que o seu último comício nos trouxe não será a gota de água que fez transbordar o copo, pois o mesmo já deita por fora à tanto tempo que mais parece as quedas de água do Niágara. Neste novo episódio, Trump diz "estou a brincar, mas quero mesmo dizê-lo: eu não quero saber o quão doentes estão, não quero saber se acabaram de chegar do médico e ele vos deu o pior diagnóstico possível, ou seja, 'acabou, não estarão por cá em duas semanas', não importa. Aguentem-se até 8 de novembro, saiam e vão votar. E aí, tudo o que vamos dizer é: 'amamos-vos e vamos recordar-vos para sempre'. Saiam e vão votar, e não deixem o outro lado [dos democratas] tirar-nos estas eleições, porque esta é a última hipótese que temos". Juntando estas declarações ao filme (quando digo filme é mesmo porque de facto não parece real) de todos os episódios que têm marcado as intervenções de Trump, e tendo em conta que algumas sondagens efectuadas recentemente chegam a colocar este ser vivo (falta ainda uma categoria taxonómica onde colocar Donald Trump) na frente das intenções de voto, só se pode chegar à conclusão de que Trump tem razão ao apelar ao voto do eleitorado doente, pois só mesmo um doente mental poderá votar nele sem ter a plena consciência do que está a fazer. 

o novo Secretário

por António Simões, em 07.10.16

A maratona terminou. António Guterres é novo Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, e chega ao cargo com um curriculum que parece traçado de antemão, revelando um sentido de orientação soberbo conduzido pela vontade de chegar mais longe em favor do próximo. Como disse num post anterior, o Engenheiro pertence a uma espécie de políticos em vias de extinção, indivíduos que moldaram as suas opiniões e a sua formação com alicerces fortes e firmes, revestidos pelo cimento do conhecimento e da escolha de opções com base nessas fundações, alheios ao populismo, ao facilitismo e à falta de argumentação que nos últimos anos passaram a ser as características principais da grande maioria dos abutres que sorvem a essência das democracias actuais. A vitória é de António Guterres, mas os ecos que ressoam pelo mundo inteiro enchem de orgulho todos os tugas, e pode ser que sirva como exemplo para mostrar que por vezes fazer as coisas certas compensa.

entrevistas Históricas

por António Simões, em 04.10.16

Jerusalém - 33 d.C. - Sem identificar culpa plausível, Pôncio Pilatos Prefeito da Província Romana da Basileia condena Jesus Cristo à Morte. Na entrevista após o julgamento, quando questionado acerca dos motivos que o levaram a tomar tal atitude, marcada pela cerimónia final do lavar das mãos, Pilatos considerou que não esteve em causa qualquer problemática relacionada com a religião.

Aljubarrota - 1385 d.C. - Suado e ensanguentado depois da refrega contra o invasor castelhano, o condestável D. Nuno Álvares Pereira afirma na flash interview que a batalha não aconteceu por qualquer motivo relacionado com a luta pela soberania, mas sim com o facto de ainda faltarem alguns séculos até que se invente o futebol para o pessoal passar o tempo sem andar à porra e à massa.

Lisboa - 2016 d.C. - Com as brancas mais viçosas do que nunca, fruto de um ano de governação à bolina da "geringonça" de esquerda, António Costa afirma numa entrevista concedida antes da entrega do Orçamento de Estado que "não há uma batalha ideológica" na questão do sigilo bancário, mas sim perspectivas diferentes de ver um mesmo problema, uma espécie de ver o copo meio cheio ou meio vazio.

Nota da Redação: qualquer confusão na realidade é pura coincidência.

250 dias de Graça

por António Simões, em 01.10.16

Não! Desde já o leitor tire o cavalinho da chuva se pensa que o título do post é uma iniciativa da "geringonça", para promover o alargamento do período de férias a esse número de dias. Os 250 dias referem-se ao período mais longo da história desta nossa jovem democracia, durante os quais a convivência entre Belém e S. Bento se fez de forma pacífica, estando as respectivas residências ocupadas por individualidades de quadrantes políticos opostos. O assunto prometia ser fracturante, e assim o foi. No quadrilátero temos a um canto António Costa, primeiro-ministro, a defender o fim do sigilo bancário para contas superiores a 50 mil euros. No lado oposto do ringue, o presidente Marcelo, a proteger os interesses do capital evitando com um terrível uppercut, perdão, veto presidencial, uma medida que colocaria as contas bancárias abonadas a descoberto dos terríveis e temíveis funcionários do fisco. As castanhas ainda não se vêm pela rua, mas a castanhada entre a direita presidencial e a esquerda governativa começou!

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