Esta semana foi a semana do tapete vermelho para o novo Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa despertou uma onda de entusiasmo, devidamente patrocinada nos últimos anos pela TVI, à qual os restantes media não quiseram ficar atrás. Pode o leitor chamar-me desde já velho do restelo, que eu não me importo, mas a lucidez em tempos de cegueira não faz mal a ninguém. O tapete vermelho em que Marcelo se desloca foi estendido nos últimos 10 anos pelo anterior inquilino, que sendo fiel ao seu estilo conseguiu fazer esquecer que a Presidência da República já foi ocupada por homens carismáticos do calibre de Mário Soares, ou de Jorge Sampaio. Apesar de salutar esta renovação presidencial, e de gostar de ver a forma como Marcelo quebra o protocolo e sai frequentemente do tapete vermelho para se encontrar com o povo, gostaria de salientar que antes dele o Pai da nossa democracia exerceu o seu cargo de forma exemplar, como foi exemplo a presidência aberta, e lembrar a humanidade de Jorge Sampaio, um Presidente que não se coibia de quebrar como ser humano, não tendo vergonha de soltar uma lágrima quando a mesma não pudesse ser contida.
A dias que estamos da mudança de inquilino no Palácio de Belém, convém lembrar o leitor que a mudança será totalmente radical, pelo que deverá tomar as devidas precauções para evitar ser apanhado de surpresa. Quando se tomam certos medicamentos, a sua suspensão deve-se realizar de forma gradual, do modo a não alterar o equilíbrio interno de quem os toma. No caso da Presidência da República, depois destes anos de inactividade, com o cargo ocupado por um indivíduo que apenas se atreveu a tecer comentários acerca do tempo, ou da crise migratória das cagarras das ilhas selvagens, a cadeira de presidente será agora ocupada por uma espécimen diametralmente oposto. E dizer que será ocupada é mero eufemismo, pois a actividade de Marcelo não se coaduna com estar muito tempo no mesmo sítio. O homem é pau para toda a obra. Para além disso, e como se pôde confirmar neste semana de despedidas das "suas" aulas da faculdade, do "seu" papel de juiz de provas de doutoramento, Marcelo puxa literalmente o foco das objectivas e a direcção dos microfones, e não perde oportunidade alguma para dizer algo, tecer um comentário ou deixar uma sugestão. Fica assim deixado o aviso, garantida que está esta nova etapa que se abre na Presidência da República.
O tempo para por aqui escrever não tem sido muito, ou para ser mais franco - nenhum. Mas face aos resultados da terça feira eleitoral nos EUA, não poderia deixar de efectuar um pequeno comentário. Estas ainda são as eleições primárias, mas pelo andar da carruagem, aquilo que até agora começou como uma anedota, passou a fase de ameaça, e neste momento assume o protagonismo do lado republicano. As eleições são deles, dos estado-unidenses, mas tendo em conta a mania de grandeza e o gosto por meter a foice na seara alheia, o resultado final tem que preocupar ao resto do mundo. E de facto, Donald Trampa, perdão, Trump, é neste momento uma escolha possível para eleitores. Trump estaria para o cargo presidencial nos EUA, como Manuel João Vieira está para o cargo presidencial aqui na tugalândia. Fica assim demonstrado, que no que ao bom senso diz respeito, aqui por estas bandas o pessoal dá 5-0 aos habitantes da terra que por momentos se julgou tratar da antiga Índia, dos sultões e das especiarias. O antigo vocalista dos Ena Pá 2000 estaria longe de pensar que a música "És Cruel" poderia encaixar tão bem num possível futuro candidato ao cargo de presidente dos Estados Unidos da América:
És cruel Meteste a tua filha num bordel Enforcaste o teu caniche a um cordel És cruel
És tarado Pintaste o sexo cor de rebuçado No circo tu serias um achado És tarado
És um porco imundo, Quando queres vais até ao fundo Não sei onde vais parar
És ignóbil Não sei qual é que é o teu móbil És um reciclado de Chernobil És ignóbil
És vaidoso Meteste uma pompom na tua franja Sabes que ainda o dia é uma criança És vaidoso
És um porco imundo Quando queres vais até ao fundo Não sei onde vais parar
És obtuso Lavas a tua tromba com água do Luso O teu nariz é como um parafuso És tarado
És obsceno Os teus olhos diz que ele é um veneno Encharcas-te com vinho do Reno És cruel
És um porco imundo Quando queres vais até ao fundo Não sei onde vais parar
És um porco imundo Quando queres vais até ao fundo Não sei onde vais parar