O futuro presidente dos estados unidos das américas continua a ser confeccionado por um dos sistemas eleitorais mais pitorescos do planeta terra. Nestas primárias, o papel de bobo da corte foi, mais do que atribuído, sequestrado por um candidato que se apresenta sem "papas na língua". Sempre pensei que popularidade que Donald Trump atingiu antes de se passar ao verdadeiro acto de colocar uma cruz no boletim de voto, fosse uma falácia do estado-unidense comum, actores que participam numa espécie de "soap opera", para ver até que ponto é que poderia descer o nível do debate para a escolha do próximo ocupante da casa branca. Contudo, o processo segue em frente, e apesar das várias barbaridades proferidas por Donald Trump o homem soma e segue, e aquilo que até agora eu julgava como uma mera anedota, já tem contornos demasiado graves para serem ignorados. Será sempre injusto escolher qual das intervenções deste magnata seria a mais exemplificativa do seu grau de estupidez, mas o mais recente episódio que engloba o Papa Francisco é demonstrador que a falta de respeito é o melhor adjectivo para classificar Donald Trump. Depois da lufada de ar fresco revitalizante e surpreendente que o eleitorado estado-unidense deu ao escolher Barack Obama, por duas vezes, aguardo o desfecho para compreender se de facto tudo não passou de uma quimera, confirmando-se a opinião que tenho desse país com manias de grandeza...
As palavras não são minhas, mas vertem de forma perfeita o sentimento de tristeza que me invade hoje em dia como Portista, ainda mais porque são proferidas por um ícone do clube, um jogador que penso ainda ser o detentor do título de futebolista com mais títulos conquistados, um dos melhores guarda-redes da história do futebol mundial, e sem dúvida alguma um atleta com lugar nas páginas douradas da história do Futebol Clube do Porto. Em entrevista, o antigo 99 dos dragões lembrou a mística que os jogadores azuis e brancos desde sempre encarnaram: "Vi o João Pinto, e só para falar dos meus capitães, a ter um dedo do pé fracturado e a obrigar o médico a dá-lo como apto para ir lá para dentro, rasgando a bota do lado esquerdo onde o dedo estava em contacto e pintando a meia branca de preto para poder ir lá para dentro. Quando vemos o nosso capitão a fazer aquilo, vamos com ele até à morte. É isto a transmissão de valores. Ele aprendeu com alguém, eu e o Fernando Couto com ele, o Jorge Costa connosco e a seguir o Bruno Alves e outros tomaram o testemunho. Falando só de centrais, temos ainda o Aloísio num leque de centrais que foram todos capitães. Vi ainda o Jorge Costa já depois de duas operações, quase sem poder dobrar as pernas, a estar sempre lá. Vi muitas outras situações assim. Isto é ser jogador à FC Porto". Perante declarações desta intensidade, em relação ao que se passou no jogo contra o Arouca nada mais tenho a acrescentar...
Sendo uma das minhas temáticas favoritas, a fasquia encontrava-se bastante alta à partida para as primeiras páginas. Com o gueto de Varsóvia como pano de fundo e um clima de thriller à mistura, Richard Zimler prendeu a minha atenção logo desde o início, e fossem outros os tempos, onde tinha tempo para fazer coisas que levam o seu tempo, a leitura deste livro poderia ter batido recordes de velocidade. A personagem principal guia o leitor pelo desenvolvimento dos acontecimentos, mostrando uma complexidade que se manifesta no complexo modo de referência às coisas recorrendo aos anagramas e segundos sentidos, mas também porque se mostra rica em manifestações de tristeza e alegria, marasmo e humor. É assim deste modo que um dos mais cruéis aprisionamentos de seres humanos da história é apresentado, pela convivência com o dia-a-dia de pessoas que tal como Erik Cohen se limitavam a acordar no dia seguinte, sabendo que poderiam muito bem não chegar a ver o próximo. O velho psiquiatra Judeu encarna todo um estereótipo mimetizado pela forma brutal como vê o seu sobrinho-neto partir, ou pela exaustão do sofrimento que faz a sua sobrinha sucumbir, sobrando-lhe ainda forças para encontrar o norte da sua razão de existir, sentido que lhe garante uma sobrevivência que não se esgota na componente física, mas transcende para a mente das pessoas que não podem ficar indiferentes perante uma história que não é ficção. A 2ª Guerra Mundial existiu, os campos de concentração foram uma realidade, os muros que delimitavam os contornos dos Guetos forma edificados, e cerca de 6 milhões de Judeus não puderam comemorar o dia da Vitória na Europa, a 8 de Maio de 1945. Obras como esta servem para não esquecer os actos mais bárbaros, inverosímeis e ignóbeis que o homem é capaz, e desde essa data que outras vitórias se comemoraram, mas infelizmente ainda existem muitas outras para alcançar.