Alguns poderão dizer que o ano de 2015 ficará marcado pelo virar da página da crise. Muitos afirmarão que o ano de 2015 ficará para a história apenas como um ano mais, da profunda crise económica despoletada pela incompetência do sistema financeiro, evidenciando a falácia da auto-regulação dos mercados sem intervenção estatal. Para mim o ano de 2015 será sem dúvida alguma o ano da consolidação do golpe desferido nos direitos de quem trabalha, e da assunção ao púlpito dourado de quem tem a faca e o queijo na mão, elevando o patronato ao patamar dos Deuses do Olimpo. Tal como Zeus, Afrodite, Hermes ou Apolo, as divindades do mundo empresarial actual desempenham as suas funções com o desvario despreocupado de quem não se preocupa com os resultados posteriores, cientes de que a factura será sempre entregue à plebe. A vergonha deixou de fazer parte do dicionário tuga, e o tempo do feudalismo já esteve bem mais longe do que na actualidade está. A boa vontade de Costa, patrocinada pela Catarina e pelo Jerónimo, pode ser muita, mas não será capaz de desfazer esse golpe à força do machado, que o governo de PPCoelho e PPortas entregou de mão beijada a um patronato tuga sedento do lucro à conta da exploração de quem todos os dias dá o seu melhor.
É difícil, para não dizer impossível, escolher o momento do ano. São 365 dias repletos de notícias e acontecimentos, e a escolha varia de acordo com os critérios de cada um. No entanto o dia de ontem encarregou-se de trazer a boa nova da decisão de PPortas, de não se candidatar a um novo mandato para comandar os destinos do CDS, decisão/momento que eu escolho para o Óscar de acontecimento do ano. Esta minha escolha poderá estar certamente influenciada pelo desprezo que pessoalmente tenho por essa figura, mas considero que apesar de tudo esta minha atribuição é cimentada pela coerência, adjectivo que no caso de PPortas está a anos luz de se lhe poder atribuir. Tendo em conta o seu passado, respeitando a cronologia das suas actuações, e reconhecendo que estamos a dois dias do fim do ano, 2015 ficará para a história como o ano em que Paulo Portas tomou uma decisão irrevogável. Já em 2016, veremos se a coerência se mantém...
Este ano virei as agulhas literárias para longe dos romances, e este livro faz parte de um conjunto de assuntos sobre os quais tinha uma enorme vontade de descobrir aquilo que a escola não nos ensina. O ensino da história que era leccionado no meu tempo, tinha uma falha tremenda ao nível da parte contemporânea desta grande nação, e tudo o que diz respeito ao 25 de Abril quase se resumia a um cravo na ponta de uma espingarda. Se a Revolução dos Cravos era descurada na matéria, julgo que do PREC apenas era ensinado o que significava a abreviatura. Este livro que foi escrito por João Céu e Silva, reúne os testemunhos da imprensa ao longo do ano de 1975, bem como entrevistas a actores que desempenharam papeis de relevo, no ano em que a revolução ia amadurecendo em demasia com o risco iminente de apodrecer. Para quem como eu sabia muito pouco desse ano de "Verão Quente", este livro é uma grande ajuda. Para aguçar apenas um pouco a curiosidade, retiro a seguinte intervenção:
"Por nossa vontade os comunistas não teriam entrado no Governo, pois o PCP é antidemocrático e antiportuguês. Devemos afirmá-lo sem ambiguidades, sem equívocos nem oportunismos, e é preciso que o PS defina abertamente a sua posição perante aquele partido"
A oratória é de Sá Carneiro, num comício em Braga, mas poderia muito bem ser confundida com uma intervenção de um PPCoelho ou PPortas qualquer...
Depois de muitos anos de treino em Lisboah, o jovem cavaleiro Jedi Costa Skywalker fazendo uso da força conseguiu reunir as tropas dispersas da república galáctica, juntando cavaleiros Jedi que já não se sentavam à mesa do concílio à cerca de 40 anos. O terrível Darth Cavaco bem tentou evitar que essa reunião acontecesse, ciente que caso a força da esquerda se juntasse novamente, o poder de Darth Coelho e Darth Portas ficaria em perigo. A força da esquerda orientada pelo intrépido Costa Skywalker expulsou da Estrela de S. Bento as forças do Império, e redefiniu os alvos e estratégias para orientar a galáxia tuga. Essa, até ontem, temível Estrela de S. Bento, com Costa Skywalker, Obi Wan Jerónimo e a Princesa Catarina Leya, é agora saudada por toda uma nação que espera que a força os acompanhe, nessa difícil missão de governar uma República fragmentada depois dos anos de opressão das forças do Império da PAF.
Post Scriptum: Tinha reservado este título para a estreia do próximo título da saga "Guerra das Estrelas". No entanto, o dia de ontem merece um destaque com o mesmo nível de atenção mediática que o filme mais aguardado do ano, e possivelmente dos últimos anos.
Apesar de toda a informação disponível actualmente, apesar de em cada recanto desta linda bola azul que flutua no espaço sideral do sistema solar se sentirem os efeitos das alterações climáticas, apesar de todos os avisos efectuados nas últimas décadas pela comunidade cientifica, o certo é que valores mais altos se levantam na hora de decidir sobre quem deve fechar a torneira da produção de gases com efeito de estufa. Paris reúne por estes dias centenas de delegações de cerca de 200 países na COP 21, uma conferência onde se procura colocar um limite de 2ºC para o já inexorável aquecimento global. Gostaria de ver esta conferência como uma onda de entusiasmo que se inicia, ainda mais quando logo no primeiro dia se encontraram na cidade Luz cerca de 150 chefes de estado, mas temo pelo desfecho da mesma que se fique por uma nova repetição do protocolo de Quioto. É certo que desta vez George W. Bush não se encontra presente, mas será certamente difícil encontrar um consenso entre os países desenvolvidos e aqueles que estão em vias de desenvolvimento, sobre quais devem refrear o seu consumo energético e consequente emissão de gases com efeito de estufa. Espero que o desfecho seja mais positivo daquilo que eu acho que será, e pelo sim pelo não o melhor mesmo é continuar a fazer aquilo que tento fazer um pouco todos os dias, actuando sempre em consciência ambiental e sabendo que os dividendos dessa atitude serão recolhidos pelas gerações futuras, aquelas que serão as verdadeiras vítimas do desvario da raça humana. Como disse Gandhi "Sê a mudança que queres ver no mundo"... só assim todos juntos, fazendo um pouco, poderemos alcançar o consenso que os interesses económicos não serão capazes de alcançar.