Porra, mas já a 31.10.2013 escrevia acerca de Blatter, na altura em que ele parodiou Cristiano Ronaldo:
Não poderia passar ao lado desta onda de indignação sem me pronunciar acerca da mesma. Apesar de concordar com os motivos da indignação, não embarco nesta euforia contra o presidente da FIFA que depois da sua triste figura a escarnecer da figura de Cristiano Ronaldo, já motivou petições públicas para exigir a sua demissão. E não embarco agora pois já navego há muito tempo consciente que este senhor perde a razão sempre que fala, mas acima de tudo porque se trata de um dos cérebros que comandam a corrupção que prolifera nessa instituição internacional do futebol. Joseph Blatter já pertence à estrutura da FIFA desde o longínquo ano do verão quente tuga. É pena que só agora as pessoas, movidas pela mediática exposição de Cristiano Ronaldo, se tenham apercebido quem é Joseph Blatter. Para mim é o homem que esteve por trás da exclusão de Diego Armando Maradona do mundial de 1994, altura em que o melhor futebolista de todos os tempos recuperava dos seus vícios, e levava novamente a selecção Argentina com destino à glória. Para mim é o homem que foi alvo de uma investigação jornalística que colocou a nu o tráfego de influências que moveu, como forma de garantir as suas sucessivas eleições. Para mim é o homem que permite a realização de um mundial de futebol numa altura, e num local, tão inóspito como o verão em pleno deserto do Qatar, preterindo a candidatura ibérica. Isto sim são motivos para pedir uma demissão. O que se passou, até deve ser perdoado condescendentemente tendo em conta a senilidade da figura que já nos habituou a intervenções bem piores.
Segundo estudos científicos, o peixes possuem uma memória de curta duração. Pela minha experiência com os meus dois peixinhos, eu discordo ligeiramente dessa observação, porque sempre que me vêm aproximar, sabem dirigir-se para a superfície da água à espera dos flocos de comida. Ainda assim, tendo por dogma as considerações cientificas, um recente estudo dá consistência à minha teoria que o ser humano está a ficar cada vez mais burro e estúpido. O estudo envolveu questionários, electroencefalogramas, e hábitos relacionados com o uso de tecnologias digitais, e das chamadas redes sociais. Segundo uma pesquisa realizada pela Microsoft, o tempo de atenção dos seres humanos já é 1 segundo inferior ao registado pelos peixes. Esta conclusão permite entender e perceber fenómenos como o do Facebook. De facto, o tempo dispensado para comentar algo que um "amigo" publicou, não chega ao oito segundos, e por vezes basta mesmo uma fracção de segundo para clicar no "gosto" e continuar a deslizar a rodinha do rato. O mundo caminha assim no sentido da estupidez, e cabe a cada um evitar esse rumo para não acabar num aquário a fazer Os e --s com a boca...
Li umas declarações de um dos laureados com o prémio Nobel da Economia de 2010, e fiquei de tal modo estúpido facto (não confundir com estupefacto), que tive que recorrer ao google para municiar-me de informações acerca da vida e obra deste "génio", pois na falta de recursos próprios na matéria das ciências económicas, só mesmo com esse vasto manancial de informação seria capaz de entender aquilo que tinha lido. No entanto, a pesquisa não correu como esperava, pois apenas descobri que este senhor dedicou grande parte do seu estudo com a problemática do desemprego, e que o prémio do comité sueco foi atribuído pelos seus trabalhos "for their analysis of markets with search frictions", ou seja, qualquer coisa como "pela sua análise de mercados com atritos nas pesquisas", cujo significado desconheço, e cuja tradução por mim efectuada também não deverá contribuir com grande coisa para entender melhor. Mas no fundo tudo isto esconde algo bem mais simples, revelando o manto que cobre este espectro do mundo económico académico, de um modo bem mais diáfano do que aquilo que um simples e vulgar mortal como eu, e como a grande maioria das pessoas, poderia eventualmente achar à partida. Dito isto, depois de saber que Christopher Pissarides encara o trabalho até ao 70 anos como algo natural, e de evolução próxima, como forma de enquadrar o aumento da esperança média de vida, acho que fica claro que para chegar a soluções destas não será preciso estudar tanto, ainda menos ganhar um Nobel. Confundir esperança média de vida com qualidade de vida, e chegar a teoremas "bestiais" como este, é algo de tão rudimentarmente básico que deveria envergonhar a academia que atribui os prémios. Não peço que seja retirado o prémio pelo respeito que o seu trabalho certamente merece, apenas peço respeito pelos trabalhadores, que depois de uma vida inteira a dar no duro merecem eles também um descanso condigno, enquanto ainda restam forças e energia para o fazer...
Talvez inebriado pelos ventos da suposta consolidação orçamental, Cavaco encomendou um estudo para catalogar a participação política e cívica dos jovens. Ora, em vez de andar a gastar dinheiro dos cofres do estado, o nosso presidente poderia muito bem por a trabalhar os seus assessores do palácio, sendo suficiente uma pesquisa no Instituto Nacional de Estatística e na Comissão Nacional de Eleições, para se chegar às mesmas conclusões do dito estudo. Não é espanto para ninguém, a não ser para o próprio algarvio de Boliqueime, que o "pessoal" esta-se nas tintas para a política, e tem toda a razão e motivos de sobra para isso mesmo. Agora espero que depois desta despesa o presidente não se lembre de outra, qualquer coisa como um estudo para averiguar o porquê desse borrifanço. Como está visto que os seus assessores estão mais ocupados a saber o tempo que vai estar no local da próxima visita presidencial, eu poupo o trabalho, e o dinheiro - a culpa para o "pessoal" não querer saber da política é dos políticos, sendo que de todos eles, e estou a falar de um leque vasto e alargado no espectro partidário, Cavaco ocupa uma posição cimeira.
Por trás de um grande homem está uma grande mulher. Talvez se possa também dizer, invertendo o género, que por trás de uma grande equipa, está um grande homem. O Barcelona e a La Roja podem encomendar a estátua, para homenagear um dos grandes maestros das obras primas que estas equipas orquestraram nos últimos anos por esses relvados fora. Xavi Hernandez não tendo pendurado as botas, anunciou ontem a sua retirada do grande palco do futebol europeu. Este médio vai deixar uma terrível lacuna no centro do campo não só do Barcelona e da sua selecção nacional, como também do espectro do futebol mundial. É, quanto a mim o melhor médio centro criativo que o futebol viu nos últimos muitos anos. Com a bola sempre colada no pé, e a cabeça a sondar a imensidão do relvado, Xavi era o fio condutor que orientava o futebol ofensivo da equipa, com rasgos individuais que descobriam espaços onde mais ninguém os via, com passes milimétricos e teleguiados, mas que principalmente deverá ser reconhecido com um dos grandes executantes e responsáveis pelo Tiqui-taca. Nem que fosse só por isso já era merecedor do seu lugar na história, mas Xavi representa ainda mais. Representa um jogador que se encontra em vias de extinção. Um jogador que para além de amar aquilo que faz, e que o faz como só os génios o conseguem fazer, ama o clube da formação, aquele que não mais largou e no qual permaneceu durante 17 anos, tempo verdadeiramente jurássico, futebolisticamente falando. O futebol agradece, e eu como adepto tenho a certeza que vai deixar muitas saudades.
O dia 21 de Maio de 2003 apresentava-se soalheiro, e de manhã bem cedo devidamente equipados, eu e o meu pai partimos rumo ao sul da península, desejosos para assistir em terras de castela ao triunfo dos guerreiros da Invicta. Chegados a Sevilha, ao sol que nos acompanhou durante toda a viagem juntou-se um calor tão intenso que faria corar de vergonha os números que se registam no mais alto verão nortenho. Tal como no tempo de Aljubarrota o nosso número era inferior, com a diferença que no lugar de espanhóis teríamos que medir forças com os escoceses do Celtic de Glasgow. Como foi a primeira final que assisti, das três que tive o prazer e sorte de acompanhar, tudo foi vivido de uma forma intensa, que o jogo se encarregou de levar para registos impróprios para cardíacos. O optimismo do meu pai contrastava com a minha natural tendência para desconfiar de algo demasiado bom que está ao nosso alcance, pois ainda antes do jogo comprou um lindo cachecol alusivo à final, cortesia de UEFA, compra que fez aumentar a minha ansiedade para a vitória, pois não queria que essa recordação ficasse manchada por um desfecho desfavorável. Ao minuto 115, o Ninja foi buscar forças ao milhares de portistas ali presentes, e a todos aqueles sofriam em casa, e rematou para o 3-2 final. Foi a loucura total. Sentado num corredor de acesso com um gradeamento à frente, foi a lucidez do meu pai no meio da euforia que me agarrou, pois eu já estava pronto para voar até ao campo e abraçar aqueles 11 desconhecidos que tantas alegrias deram a este portista de alma e coração. Gelsenkirchen foi histórico, Dublin foi bonito, mas sem dúvida alguma que Sevilha foi para mim a Final que qualquer adepto de futebol gostaria de viver pelo menos uma vez na vida. Nós estivemos lá...
Aqui, neste pequeno rectângulo à beira mar plantada, verdadeira proa da embarcação europa que fundeou em águas atlânticas, o povo assiste impávido e sereno, como é aliás seu apanágio e ADN, à continua delapidação da sua reserva intelectual. Se tempos houve em que as figuras de prestígio académico e intelectual eram escutadas, ocupando cargos e posições fulcrais na sociedade, hoje em dia restam apenas casos esporádicos, muito provavelmente por uma distracção da cartilha actual. Os requisitos actuais favorecem o chico espertismo, sendo normal encontrar em cargos de relevo pessoas briosamente incompetentes. Agravando este fenómeno, a exportação do produto saído das universidades engrossa cada vez mais os números da emigração, e caso o país recebesse euros pelos canudos exportados, o produto interno bruto aumentaria, e com ele a balança comercial. Os licenciados que entretanto tiveram a ousadia de por aqui ficar tem pouca margem de manobra para fugir a empregos fúteis com margem de progressão igual a zero, e sujeitam-se ao livre arbítrio do mercado laboral que normalmente termina num posto deslocado em relação à sua formação, ou sentados em frente a um computador de um call center, ou no pior dos casos na fila do desemprego que dá a volta ao quarteirão. É assim que um país trata a sua massa crítica, aquela que sai cara aos cofres do estado e das famílias, para no final fazer das tripas coração, não para encher o cofre da família que tenta formar, mas para sobreviver num dia a dia sem grande futuro à porta.
O fenómeno da internet quebrou as barreiras que ainda existiam, e juntamente com a massificação de todo o tipo de utensílios para a gravação de imagens, a profecia de George Orwel é hoje em dia uma realidade. Contudo, na hora de efectuar julgamentos deveria existir um certo pudor, coisa que actualmente faz parte do passado. O vídeo que mostra um adepto a ser brutalmente espancado por um polícia, perante o desespero dos seus filhos que assistem sem nada poder fazer, é elucidativo na medida daquilo que os nossos olhos vêm. E nada mais digo. Perde-se tempo em averiguar o porquê daquela situação, pois a verdade está reservada aos intervenientes daquela triste cena. As opiniões crescem à medida que o vídeo é divulgado, mas até ao momento não registei nenhuma que alertasse para o problema de uma forma, digamos, profiláctica. Infelizmente o mundo do futebol, que vai muito para além do que por cá se passa, dá constantemente provas evidentes que um jogo da bola ainda não é algo que se possa assistir com a família de mão dada. Se a isto lhe juntarmos a pimenta de um jogo decisivo, e em terreno adversário, estão reunidos os ingredientes para um desafio a evitar. Não censuro quem lá vai, mas sem dúvida alguma que censuro arrastar uma criança para um ambiente que frequentemente acaba mal.
Correndo o risco de desensolver uma síncope cardíaca, hoje não poderia deixar de falar do fim do campeonato nacional de futebol. O clube do bairro sagrou-se pior que campeão, bi-campeão. Algo que apesar de já ter idade para anteriormente ter presenciado, é díficil de encarar. Díficil porque o título foi entregue de bandeja pelo meu clube, o Futebol Clube do Porto. Difícil porque já em Novembro eu vaticinava este final, depois de 10 jornadas com conquistas verdadeiramente condimentadas por fenómenos extra-futebol. Contudo, o Porto teve várias oportunidades para desfazer essa "vantagem", mas não o fez. Não o fez porque apesar de se ter reforçado com elementos de qualidade, faltou aquilo que é mais importante no futebol - a paixão. Paixão por ser Portista e por se saber sentir o que é ser jogador do melhor clube do mundo, sentimento que faltou a alguns desses jogadores, mais preocupados em dar nas vistas na europa do futebol, aguardando que os grandes tubarões cirandassem os seus passes. O actual campeão conseguiu chegar ao título porque o Porto não foi Porto. Eu, ao contrário desses jogadores, continuo a sofrer com o meu clube, mas o sentimento de pertença e paixão não se apaga, ficando ainda maior na hora das derrotas. Viva o F.C. Porto, carago!
Quem vê este rio assim, não acredita que 40 km a montante seja o mesmo. Ainda assim, em qualquer dos lados a beleza do Rio Minho é fantástica, e óptima para se contemplar quando há 35 km para fazer no regresso...
Não sei se foi nas duas disciplinas de música que tive no 5º e 6º ano, ou noutro lado qualquer, que aprendi o sentido/significado da musica, qualquer coisa como "um conjunto de sons que são agradáveis ao ouvido". A música, tal como outra coisa qualquer, varia de acordo com os gostos individuais de cada um, podendo ser um barulho infernal aquilo que para outro é uma melodia de encantar. Desde o tempo em que passava horas a gravar cassetes que o meu gosto musical tem vindo a ser moldado, pois a estrutura daquilo que gostamos de ouvir varia necessariamente com o tempo, a idade ou a ocasião. No entanto, existindo uma estrutura ela leva a escolhas que acabam por repetir-se em géneros que identificam o estilo do apreciador. Gosto dos Queen porque sempre gostei desde que me conheço, mas a minha estrutura musical base passa por tudo aquilo que trata a guitarra por tu. Perdi a conta às vezes que ouvi o solo de Jimmy Page em "Starway to heaven", os álbums de Paco de Lucia, as guitarradas psicadélicas de Jimi Hendrix, a boa disposição de Santana, a intensidade de Mark Knopfler, a serenidade de Eric Clapton, ou a sabedoria de Carlos Paredes. Mas foi com B.B. King que aprendi a verdadeira essência da guitarra, e ganhei o gosto pelo meu género musical preferido - o Blues. King fazia com a guitarra aquilo que quase ninguém consegue fazer com a voz. O mundo perdeu uma referência, mas a história ganhou mais uma figura.
Depois de PPCoelho ter lançado a sua pré-campanha eleitoral, perdão, Biografia, muito se tem debatido acerca do livro, e este blog não foi excepção. No entanto, pelo que tenho visto e ouvido, tenho necessidade de voltar ao tema para acrescentar algo mais ao que já por aqui disse. De facto, concordo com muitos comentadores quando se mostram indignados por uma obra acerca de uma personagem demasiado pobre para encher as páginas de uma biografia. Acho isso de PPCoelho como acho de inúmeras outras figuras que lançam livros deste género, deturpando o sentido da essência de uma Biografia. Uma Biografia deve ser algo reservado para aqueles que não só merecem ser biografados, como a sua existência e tudo aquilo que fizeram, produziram e pensaram merece ser catalogada para ser lida e estudada, tornando-se numa espécie de romance com o objectivo de dar a conhecer aos que não conhecem, relembrar os que se lembram, e em ambos os casos servir de inspiração para tentar fazer o mesmo. Pelo que fez até ao momento, o nosso primeiro está longe destes critérios, mas a culpa não é dele... a culpa inicial é do editor, e no final do leitor...
Como foi recentemente noticiado, procuradores do ministério publico foram alvo de processos disciplinares, resultado das suas "intervenções" nas redes sociais. Pelos vistos, estes "magistrados" (as aspas não são colocadas por engano...) acharam que o mundo virtual era o local indicado para registar comentários acerca da prisão de José Sócrates, que variaram entre "Há dias perfeitos. Hihihihihi" no dia seguinte ao da detenção, ou "Com toda a razão, afinal ele estava habituado aos mais requintados restaurantes em Paris" relacionado com as reclamações dos reclusos do estabelecimento prisional de Évora acerca da alimentação. Se isto seria suficiente para envergonhar um país, a Procuradora Geral da República conseguiu atiçar a chama dessa vergonha ao defender esses "magistrados". No inquérito disciplinar aplicado, Joana Marques Vidal votou contra, considerando que estavam apenas a exercer o seu direito de liberdade de expressão. Ora até mais ver, a liberdade de expressão não é sinónimo de falta de bom senso, e efectuar comentários destes é perfeitamente normal quando não se ocupam certos e determinados cargos. É certo que desde o momento que PPortas revogou o sentido da palavra irrevogável, o léxico tuga ficou órfão de uma defesa condigna que evite a repetição de fenómenos deste tipo, mas exercendo eu o meu direito de liberdade de expressão, e com o bom senso do lugar que cada um ocupa na sociedade, permitam-me esses "magistrados" e a PGR que os defendeu dizer-lhes o mesmo que lhes diria o célebre Diácono Remédios "Não havia hummm... nechechidade..."
São apenas coincidências, pois o dia 8 de Maio que comemora o dia da vitória na Europa, antecede o dia da Europa que comemora o embrião da actual união europeia, originado pela declaração de Schuman proferida a 9 de Maio de 1950. No dia 8 comemora-se o fim de uma guerra, e no dia 9 a génese de uma convivência nem sempre fraterna, nem sempre justa, nem sempre guiada pelos valores e registos de igualdade, mas que em todo o caso é sempre melhor do que deixar os destinos entregues ao livre arbítrio individual, o qual, como a história se encarrega de lembrar, nunca deu bom resultado. Com toda a certeza não foram estes valores que levaram os descendentes dos Czares e dos Lenines a celebrar os 70 anos da derrota alemã, do modo como o fizeram no passado fim de semana. Com um desfile militar como o mundo não assistia desde os tempos da guerra fria, Putin acrescentou à parada um discurso que, juntamente com as suas recentes intervenções na Ucrânia, se não faz temer pelo pior, deveriam colocar em alerta os responsáveis mundiais. O leitor pesquise na internet imagens desse desfile, imagens dos congressos de Nuremberga realizados pelo regime Nazi entre 1923 e 1938, e procure entre os dois as diferenças... A título de curiosidade, os congressos promovidos por Hitler eram subordinados a temas. Em 1939, ano em que começou a II Guerra Mundial, o tema era "Congresso da Paz"... foi cancelado!
Não vivi o primeiro campeonato, e do segundo tenho apenas vagas recordações, mas as corridas do mundial de Formula 1 de 1991 foram atentamente assistidas por um pequenito de 12 anos, que até pediu ao pai para estar acordado a horas impróprias para quem trabalha, de forma a gravar o GP de Suzuka, em VHS, numa época em que as gravações automáticas não existiam. Lembro-me de acordar numa manhã de domingo, e ainda a esfregar os olhos para afugentar o sono perguntar se o meu piloto preferido tinha ganho. Não ganhou, mas sagrou-se pela terceira vez Campeão do Mundo de Formula 1. Ainda recordo que mesmo sabendo do fim, vibrei com a saída de pista prematura de Nigel Mansell, e ansiei pelo final da corrida, liderada por Ayrton Senna da Silva, posição aliás normal para o piloto que encarava o desporto como ele deve ser encarado, competindo, apenas deixando passar na recta final o seu amigo e companheiro de equipa Gerhard Berger, como forma de agradecer todo um trabalho conjunto de uma época desgastante. Nos dois anos que se seguiram, tornei-me um ainda mais fervoroso adepto da Formula 1, ficando no entanto desapontado e triste com os resultados conseguidos por Senna, longe daquilo que ele merecia, sem mais poder fazer face ao poderio dominante que a equipa da Williams entretanto alcançou. Foi por isso mesmo, com esperança que a magia de Ayrton regressa-se de forma avassaladora à Formula 1, que o ano de 1994 se apresentava favorável para os ventos empurrarem Senna rumo ao quarto título mundial. O destino tinha no entanto outro programa, e no lugar de permitir que Senna entrasse para a eternidade com os recordes que tinha e que teria pela frente, fez com que essa entrada estivesse garantida pelo que fez até ao momento em que embateu a mais de 300 Km/h deixando órfãos milhões de fãs pelo mundo inteiro, que desde o dia 1 de Maio de 1994 não se cansam de ler livros, ver vídeos, ou sorver documentários acerca do melhor piloto de Formula 1 de todos os tempos. Imola foi o seu último grande prémio como piloto. Foi o meu último grande prémio como adepto.
Por tudo isto, e por já se terem passado mais de 20 anos desde esse dia, em que Telejornal abriu com imagens de Senna acompanhadas pela musica dos Queen "We are de champions", adorei este livro de Rui Pelejão, por me ajudar a recordar momentos míticos que presenciei, e por me transportar para muitos outros que não os tendo vivido, ao ler, foi como se o tivesse feito.
Não sou um adepto do Boxe, no sentido literal da palavra "adepto", mas sempre que existe um combate da dimensão como o que estava previsto para o passado sábado, gosto sempre de dar uma espreitadela, na esperança de ver milho do grosso a ser distribuído pelos dois convivas do quadrilátero. O problema é que no fim fico sempre defraudado com as expectativas. Como tenho por fasquia as cenas de pugilato como as que foram protagonizadas pelo Silvestre (e não estão a falar do gato que o Piu-Piu chama carinhosamente de pussy cat) na saga Rocky, onde os combates terminam com sangue e sobrolho tão inchado que dos olhos nem uma nesga se vê, estes combates da vida real pecam por escassez de milhafre do bom. Vi o chamado "Combate do Século" entre Floyd Mayweather e Manny Pacquiao durante os seus 12 assaltos, chegando à conclusão final que os 2 160 segundos de combate efectivo mais me pareceu um bailado, só faltando a orquestra para tocar a valsa. Claro está que os raros momentos de tentos desferidos na fronha do parceiro são sempre dignos de registo, e é preciso ter muito pescoço para não quebrar com murros daquele calibre. Recebesse eu o mais fraco deles, e nem dobrado no chão me salvaria de uma negra garantida durante meses a fio. Mas estamos a falar de profissionais, e por isso mesmo para a próxima vamos esperar que o milho seja do bom...
Post Scriptum: Ontem foi o dia 8 de Maio de 2015, comemorando-se os 70 anos do final da II Guerra Mundial. Convém sempre lembrar. Pena é que desde então nada se tenha aprendido, e não se possa comemorar um Mundo sem guerra...
Infelizmente, hoje em dia publica-se tudo. Sossegue o leitor que este humilde bloguista (pois para escritor não há talento e arte) não pertence à percentagem dos tugas, que não só elegeram Salazar no programa dos grandes tugas como o maior deles, como parecem saudosos do tempo da caneta azul, em que para ler algo que não estivesse aprovado era preciso andar às escondidas, isto quando se conseguia ler o que se queria. Acho no entanto que a tremenda oferta que hoje em dia existe tem vindo paulatinamente a piorar a qualidade do que se lê. Como leitor acho que já perdi tempo com obras que me impediram de dedicar a devida atenção a outras, de verdadeira qualidade. O mundo editorial deveria seguir o exemplo da natureza, mimetizando o processo de metamorfose que as lagartas sofrem culminando no aparecimento de uma bela borboleta. Sempre que verificasse que aquela lagarta (livro) vai acabar por dar numa borboleta (obra) feia, o melhor mesmo era deixar a lagarta como está, para assim os leitores saberem à partida com o que contam. O problema é que isso não acontece, e por isso mesmo temos livros como o que acabou de sair, a biografia de PPCoelho, um bom exemplo de uma lagarta que por mais que tente nunca vai chegar a borboleta.
Mandam as cartilhas, compêndios e enciclopédias climáticas, que as estações do ano sejam pautadas por equinócios e solstícios. O Inverno já vai longo uma vez que a Primavera é algo que mais dia, menos dia, só existirá nos livros de história para explicar um tempo de transição entre Inverno e Verão, que as alterações climáticas se encarregaram de apagar. Eu sigo-me pela minha própria cartilha meteorológica. Assim, sou sempre o primeiro a entrar no Verão e o último a sair. Esta semana passei as t-shirts de manga comprida para a gaveta do fundo, e as frescas e coloridas t-shirts do verão passaram a ocupar o trono da primeira gaveta. Por isso mesmo, e por decreto deste humilde bloguista, está deste modo oficializado o verão de 2015.
O sorteio semanal dos carros topos de gama é, quanto a mim, prova da mediocridade cívica que este governo trouxe para a governação, e que arrasta inexoravelmente o resto da população. Algo que deveria fazer parte da conduta de qualquer individuo da sociedade foi substituído pelo acenar dos Audis, do mesmo modo que os burros trotam atrás da cenoura pendurada no pau, trotando e trotando sem se aperceberem que o pitéu é inalcançável. Esta semana foi notícia o facto dos funcionários do fisco receberem prémios pelo seu bom comportamento, ao nível da execução fiscal. No fundo, até se trata de uma não notícia, pois o FET já existe desde o tempo de Guterres. No entanto, e tendo em conta o clima de aperto que se respira por todo o país, pergunto-me se não estaremos perante um tratamento desigual entre filhos e enteados. Se os tugas em geral tiveram os seus direitos alienados, até que ponto estas benesses são justas. Indo mais longe, se os funcionários da máquina fiscal são premiados pela cobrança, então os polícias deveriam ser premiados por apanhar bandidos, os varredores por deixar as ruas imaculadas, os médicos por salvarem vidas, e muitas outras profissões anexas à máquina do estado teriam que receber por executarem as suas tarefas com brio e profissionalismo. Errado! O brio e o profissionalismo não se compra, têm-se, bem como o dever cívico de cumprir com os deveres e obrigações. O problema destes incentivos é o facto de eles serem necessários porque o mal está nos salários baixos e num poder de compra cada vez mais limitado que nos faz ser verdadeiros sobreviventes, numa Europa a duas velocidades - a rápida do norte, e a parada do sul.