Escrevo hoje, porque desde 21 de Novembro de 2010, data do início das minhas diatribes bloguisticas, nunca tinha feito o pleno num mês, e assim, tal como os trabalhadores, acho que mereço um descanso no dia 1 de Maio. No entanto, o assunto que hoje me leva a sentar em frente ao computador é grave, e deveria ser notícia de abertura de telejornal, ao contrário da forma como foi feita, pelo meio, sem direito a uma reportagem digna desse nome. Os trabalhadores da Autoridade para as Condições de Trabalho fizeram greve na passada terça feira, reivindicando melhores condições de trabalho. Ao princípio o caricato da situação até arrancou umas quantas gargalhadas, mas depois dos músculos relaxados, e da seretonina restabelecida, verifiquei que a gravidade do acontecimento é tal, que ainda merece maior destaque na véspera do dia do trabalhador. Os trabalhadores que inspeccionam as condições de trabalho dos trabalhadores, queixam-se que o número de inspectores efectivos é insuficiente, e os 700 que actualmente existem não chegam para as encomendas. Se a taxa de desemprego estivesse em queda vertiginosa, isso até seria sinal que existindo mais emprego existiriam mais trabalhadores para serem salvaguardados nos seus direitos de trabalho. No entanto como essa não é a realidade do país, está visto e comprovado que a carga de trabalho para este órgão só pode ter origem naquilo que mais tem vindo a proliferar - a exploração. A austeridade para muitos foi o meio para atingir certos e determinados fins...
Pesquisava livros acerca do Capitão de Abril (repare-se nas maiúsculas) Salgueiro Maia. Depois de me sentir defraudado com as buscas no google, sapo, fnac, bertrand e similares, cheguei mesmo ao site do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, sendo o resultado desta busca traduzida por um quase redondo zero. Quase, porque afinal de contas sempre existe um fotobiografia, e um livro que reúne manuscritos seus, testemunhos e entrevistas de quem o conheceu, ou com ele se cruzou. É pouco, tão pouco que chega mesmo a roçar os limites da obscenidade, perante tamanha falta de informação acerca de uma figura que marcou indelevelmente a história deste país. Vou antes acreditar que a minha mediocridade na pesquisa internética é uma realidade, e vou acreditar que dirigindo-me a uma qualquer biblioteca vou encontrar todo o tipo de referências a esta nobre figura da história recente, merecedor do panteão da história, porque o nacional começa a caminhar os trilhos da vulgaridade...
Este primavera traz, para alem do pólen que paira no ar e teima em arreliar os narizes dos pacientes das renites e conjuntivites, algo mais que não escolhe vítimas. Estando a meses de eleições, o movimentar das mesmas começa a misturar-se com aquilo que marca esta altura do ano. Os cartazes começam a aparecer, as flores irradiam o seu esplendor, os candidatos chegam-se à frente, as andorinhas circulam no ar. Com o decorrer dos tempos as campanhas políticas mudaram, modernizando-se e adaptando-se à sociedade. Esse evoluir propagandístico é inversamente proporcional ao seu conteúdo. Verifica-se então que quanto mais elaborado é o método de divulgação da campanha, mais se vai esvaziando de conteúdo o programa eleitoral. Os slogans variam, e alguns podem mesmo tornar-se sérios candidatos ao prémio Camões, mas no fim de contas o resultado é igual em qualquer partido, prevalecendo a luta pelo poleiro, em detrimento daquilo que cada um apresenta e considera como importante para levar ao escrutínio dos eleitores. Esses cartazes e a campanha no geral, tal como o pólen, provocam-se uma tremenda comichão.
Estava para passar ao lado, e respeitar os meus princípios, mas senti que poderia estar a trair o clube do meu coração ao não assistir ao jogo contra o rival de estimação. Assisti, no final arrependi-me, e não foi pelo resultado, porque de vitórias e grandes celebrações tenho campo fértil. Arrependi-me porque o sentimento de revolta é tão grande que apenas acrescenta uma certeza que cada vez mais o é, e que tem vindo a ser fundamentada e estruturada nos últimos anos. A certeza que vivemos num país medíocre que se deixa conduzir no sentido da exploração. Nem na Coreia do Norte deve existir um clube que seja detentor exclusivo dos direitos de transmissão dos seus jogos. O que se passa na tugalândia, nomeadamente no caso da BTV, é algo que ofende os alicerces do 25 de Abril, mas que acompanha a lei do vale tudo e no final salve-se quem puder. Os adeptos de todos os outros clubes, que queiram ver o jogo contra o "dono" desse canal, tem que levar com comentários, imagens, repetições, publicidades e sei lá que mais, controlados pelo clube encarnado. É uma vergonha. Pergunto-me até que ponto as câmaras de televisão filmam tudo, ou seleccionam o que se vê, tal como noutros tempos a caneta riscava as partes mais incómodas. Claro que tendo tantos adeptos podem dar-se ao luxo de se lançar numa campanha como esta, com a certeza que é economicamente viável. Mas isso só se consegue num país de gente medíocre, que se guia pela velha máxima da pimenta no local do outro onde o sol não brilha, ser para o próprio um belo refresco, porque em todos os outros países civilizados tal não acontece, porque as pessoas são como o país. Aqui, tal como no terceiro mundo, vale cada vez mais tudo para se conseguir atingir os fins... infelizmente sou português, mas tenho a sorte de ser Portista. Viva o FCP carago!
Escrito por quem está na alta esfera dos comandos desta empresa, este livro é mais do que tudo um manual de gestão dos tempos actuais, que rompe na grande parte do seu conteúdo com os manuais da velha escola. Engana-se o leitor se pensa que eles descrevem apenas o ambiente de trabalho que existe na Google, do modo como mais mediaticamente ele é conhecido, onde os seus trabalhadores podem levar o cão, jogar bilhar, passear de bicicleta ou outro tipo destas tarefas laboriosamente cansativas. De facto fazem-no apenas para contextualizar o porquê dessas condições, onde tudo é pensado no sentido da inovação, e onde a palavra trabalho não é sinónimo daquilo que muitos o consideram. Nesta empresa o funcionário é peça central, e todas as peças se completam para construir um dos modelos de sucesso do século XXI, responsável por tanto, tal como ter o nome incluído no dicionário, usando-se hoje em dia a palavra googlar, como antigamente se dizia pesquisar. Para mim este livro veio completar outro que já aqui descrevi, a biografia de Steve Jobs. Os conceitos Apple e Google, são como o símbolo Yin-Yang, que segundo o Taoísmo expõem a dualidade de tudo que existe no universo. De facto, cada qual com a sua abordagem perante o utilizador, conseguem chegar a resultados incríveis. A Apple com o seu "controlo" da experiência do utilizador, e a Google com total liberdade no seu funcionamento, são exemplos chave do nosso paradigma temporal, o tempo da civilização da tecnologia.
Não fazia ideia que os smartphones se dobravam, e muito menos que se realizavam testes para averiguar tal condição. Pelos vistos uma das queixas dos utilizadores desses aparelhos é que os mesmo acabam por ficar com uma ligeira curvatura, pelo seu uso no bolso das calças. Visualizei uma reportagem onde se comparavam os líderes de mercado, com as suas versões de topo. É com alguma "dor" que se vê nas imagens uma máquina a pressionar aparelhos que custam umas quantas centenas de euros, primeiro até o ponto em que mimetiza o que pode acontecer no bolso de umas calças, depois até ao ponto em que se pode chamar o cangalheiro dos telemóveis. Descobre-se assim um nicho de mercado para explorar, e num gesto altruísta do argumentista deste blog, deixo a sugestão ao mundo do empreendedorismo fanático a criação de um bolso inteligente, ou na sua versão anglo-saxónica do chamado "smart Pocket". Um bolso de calças para utilizadores de smart phones, que poderá funcionar da seguinte forma: estando o telefone inteligente no bolso, e estando a pessoa (por exemplo) a sentar-se, o bolso inteligente produzirá uma descarga eléctrica que fará a pessoa, inteligentemente, levantar-se antes de se sentar, e retirar o telefone para evitar males maiores.
Apesar de ter vindo ao mundo na mesma década em que o golpe militar ocorreu, pertenço às gerações que tiveram a sorte de não conhecer o regime que viu o princípio do fim no momento em que a voz de Paulo de Carvalho surgiu na radio. Sorte por não saber o que é viver numa ditadura. Sorte por não saber o que é viver num país onde o acesso à cultura e informação era manietado. Sorte por não saber o que é viver num país medíocre, que ensinava todos a ler e escrever, mas impedindo seguir mais longe e cometer o sacrilégio de pensar. Sorte por não sentir na pele tudo isso e muito mais. No entanto sei que essa sorte tem um preço. Um preço talvez demasiado caro, mas que é raro alguém reparar. Ao invés, segue-se em frente, coloca-se no carrinho, e paga-se no final sem que alguém verifique a conta. Olho para as gerações anteriores, para os mais velhos, e vejo que aquilo que eles viveram serviu para dar um valor à vida que julgo, e quiçá mesmo afirmo, que as gerações seguintes não dão, e certamente não virão a dar. Apesar do sortudo que sou, tenho pena não ter vivido nessa época, para dar (ainda) mais valor a tudo aquilo que temos hoje. Gostaria de ter uma máquina do tempo e regressar à madrugada do dia 25 de Abril de 1974 para sentir a alegria de todo um povo, sentir o despertar de um sentimento de esperança no futuro, e o romper das grilhetas do passado. Gostaria de ter sido um dos heróis que tinham como objectivos nomes de código como Mónaco, México, Madrid ou Atenas. Gostaria de receber ordens do Óscar. Gostaria de ter sido comandado pelo Maia. Gostaria mas não é possível. Assim, pelo menos aqui posso deixar a minha homenagem e agradecimento a esses heróis, que conseguiram libertar o país, e, pelo menos durante um dia, acreditar que Portugal tinha um futuro. Como diz António Arnaut numa entrevista "Era um tempo em que havia futuro. Hoje resta a liberdade e a parte do SNS que ainda não destroçaram".
Pergunto ao vento que passa notícias do meu país e o vento cala a desgraça o vento nada me diz.
"Adriano Correia de Oliveira" verdade ontem, como hoje...
Mesmo na noite mais triste em tempo de servidão há sempre alguém que resiste há sempre alguém que diz não.
""Adriano Correia de Oliveira" verdade ontem, mentira hoje... infelizmente.
A curiosidade despertou pelo simples facto de ser escrito na primeira pessoa, pela mão de um homem que esteve no centro da guerra. Chris Kyle despachou (palavras do próprio) um sem fim de selvagens (novamente palavras do próprio) como até então nenhum outro soldado americano o tinha feito (excluindo os tipo que pressionaram o botão para largar as bombas atómicas, claro está...). Tinha curiosidade por saber como foi a guerra do Iraque, vista pelos olhos de quem mais esteve no centro da acção, e daí dissipar as minhas dúvidas. Confirmei as expectativas. Se a primeira intervenção americana foi como foi, a segunda foi como um jogo de xadrez, em que um dos lados conta com as peças todas, e o outro só dispõem de peões para defender o Rei. Não tecerei qualquer comentário à pessoa que escreveu o livro, até porque já cá não se encontra para se defender, mas apenas digo que não é normal colocar a sua lista de prioridades na sequência Deus, Pátria, Família. Salvo claro está, se essa pessoa for habitante dos EUA. O livro serviu assim para também confirmar o americano típico, defensor da pátria, que considera normal ensinar desde pequeno (2 anos) a manusear armas de fogo. Clint Eastwood diz na capa do livro que "Chris Kyle" conta a sua história com a mesma garra e coragem que demonstrou na vida e no campo de batalha. Uma leitura empolgante". Concordo, mas acrescento que no final, existem dois tipos de leitores: os que se identificam, e os que não se identificam com os valores estabelecidos. Eu pertenço ao segundo grupo.
Acalme-se! Não se trata de nenhum artigo sobre uma nova variação do Imposto sobre o Rendimento de pessoas Colectivas. Caso o leitor não se recorde, o mIrc foi muito possivelmente a primeira e única rede verdadeiramente social. Nos primórdios da internet de alcance a um público mais vasto, este protocolo de troca de mensagens foi uma verdadeira revolução nas salas de estudo e bibliotecas por esse mundo fora. Com um aspecto rudimentar, o diálogo era efectuado em caixas onde nos identificávamos pelo nickname. Na minha faculdade a associação de estudantes lutou por uma sala de estudo, que por essa altura era o local onde o pessoal que não tinha mais nada que fazer se dirigia para se sociabilizar ciberneticamente falando. Ao contrário do facebook, o mIrc não tinha botões de gosto, não dava para colocar fotos, e os pedidos de amizade eram no seu lugar ocupados por uma saudação dirigida a um nickname que nos chamasse a atenção. Tudo isto movido pela imaginação, e a vontade de trocar um, como dizem os brasucas, bate-papo. Milhões de vezes se deve ter escrito "donde teclas", e foi neste espaço que a linguagem por abreviaturas teve o seu maior desenvolvimento, com os lol e afins, bem como os inevitáveis :-) quando os mesmos ainda não eram automaticamente substituídos por um ícone desenhado pelo programa. Ou seja, nesta aplicação (na altura esse termo ainda não fazia parte do léxico informático) as pessoas conversavam, pois mais não era possível fazer. Ao contrário do enfrenta o livro, onde o utilizador passa grande parte do seu tempo a exercer uma fisioterapia com o indicador ao deslocar a rodinha do rato, no mIrc sociabilizava-se valentemente, mesmo que estivéssemos a falar com o tipo do computador ao lado, sem o saber...
O resultado da semana passada provou que o futebol, na sua verdadeira essência, é campo fértil de sonhos, onde o impossível não existe. O resultado de hoje provou que o futebol actual, na dura e crua realidade dos números, é algo que cada vez mais tende para o campo do pragmatismo, com espaço escasso para os sonhadores. O meu clube, o Futebol Clube do Porto foi cilindrado por uma autêntica Blitzkrieg, que em 25 minutos arrumou com a noite mágica da passada terça-feira. Longe vai o tempo em que esta competição possibilitava as surpresas, pois ano após ano a tendência para os cromos se repetirem vai-se acentuando. Os orçamentos pesam na hora das decisões, e se Guardiola se lamentava das suas baixas, que dizer de uma equipa que jogou com dois defesas centrais no lugar dos laterais. Poderia divagar em frases a começar pela palavra "se", mas a evidência dos números não mo permite. No lugar disso, vou fazer como o meu campeão mais velho, e inverter o marcador final para não ficar triste.
A temática prometia, pois um suposto thriller desenvolvia-se tendo como cenário a II Guerra Mundial, na altura da retaliação russa, depois do avanço máximo conseguido pela Wehrmacht ter parado às portas de Estalinegrado. Mais ainda condimentava o interesse pelo livro o simples facto de se basear em factos históricos. Eu, apreciador de tudo o que esteja relacionado com o maior conflito mundial da história, depositei uma grande expectativa quando comecei a ler o livro. Logo desde o início fiquei defraudado. Contra os comentários que li, o livro é aborrecido, de thriller não tem nada, tornando-se a leitura apenas obrigatória porque, salvo duas raríssimas excepções, tenho como meta ler qualquer livro até ao fim. Ben Pastor que me desculpe, mas não, muito obrigado.
De mansinho, sem que ninguém se apercebesse, Alberto João Jardim renunciou ao cargo de deputado da Assembleia da República... hã!?! dirá certamente o leitor, do mesmo modo que eu me questionei ao ler a notícia. Pelos vistos, depois de passar o testemunho do seu cargo regional (que por sinal foi entregue num estado em que quase se exigia a sua datação pelo método do carbono 14), o folião madeirense tinha três hipóteses: ou assumir o lugar de deputado, ou renunciar, ou suspendê-lo temporariamente. Infelizmente escolheu a do meio, não cumprindo assim a velha máxima de que no meio está a virtude, porque para as notícias, e principalmente para os humoristas, a sua vinda seria uma verdadeira cereja no cimo do bolo, o elo perdido, o santo graal da comédia. Perdeu-se assim a paródia que garantidamente as suas intervenções provocariam. Bom, se Humphrey Bogart e Ingrid Bergman tinham sempre Paris, nós temos sempre o Carnaval da madeira...
Por vezes, embora sendo raras, as sugestões que os sites de livros ou o "livro da semana" indicam ao leitor, tornam-se agradáveis surpresas. Foi o caso deste livro. No desconhecimento completo de qualquer obra de Robin Sloan, a surpresa não poderia ter sido melhor com este livro de leitura fluida, que mergulha o leitor no mundo das bibliotecas e o gosto pelos livros, e por tudo aquilo que eles representam. Escrito de um modo que eu diria actual, numa espécie de introspecção da personagem principal, o leitor entra na mente de um jovem desempregado vítima da crise, que descobre um mundo totalmente novo quando arranja um emprego nocturno numa, imagine-se, livraria. O resto é uma mistura entre o mundo dos computadores que choca com o mundo dos livros, onde existe espaço para ambos, de tal modo que muito possivelmente um não existiria sem o outro.
Hillary Clinton chegou-se à frente, e desta vez não foi para defender o marido. Depois de desempenhar o papel de 44º primeira dama dos EUA, de exercer o cargo de senadora da cidade que nunca dorme, e de assumir o cargo de secretária de estado, candidata-se agora a candidata para a presidência. Os mandatos de Barack Obama rapidamente chegaram ao fim, encontrando-se agora na recta final da lufada de ar fresco que foi a sua eleição. Não estando lá, e recebendo apenas aquilo que os meios de comunicação social nos oferecem, considero o seu saldo altamente positivo, e se mais não fez tal deve-se à obstinação retrógrada de um país conservador, que surpreendeu o mundo ao escolher para a presidência um homem que escapa totalmente ao estereótipo habitualmente associado a esse cargo. Por isso mesmo, e aproveitando esses ventos de mudança, a sequência natural no cargo será a esposa do Bill. Até ao momento não existiu nenhuma presidenta da nação americana, e para além de já terem ocupado a sala oval pais e filhos, e avós e netos, só faltava agora chegar a esposa, depois do marido ter lá estado, e todos sabemos o que por lá andou a fazer... Força Hillary.
Pára tudo. O país hoje devia estar em dia de reflexão, séria e a sério, ao contrário do dia que precede uma data eleitoral. As greves são um direito dos trabalhadores, mas para os governantes em geral, e para os actuais em particular, são como uma espécie de mosquito que teima em perturbar o silêncio das noites. No entanto neste caso a magnitude do acontecimento é tal, que esqueça o leitor as greves dos professores, dos polícias, dos hospitais, ou mesmo dos arrumadores de veículos automóveis (que lutam pela melhoria das condições de trabalho, exigindo abrigos no inverno e bonés no verão, patrocinados pelas autarquias locais), porque desta vez o caso ultrapassa todas as barreiras. Nunca em 500 anos de história se assistiu a uma greve destas. Ainda Camões não era nascido, ainda o Marquês de Pombal não recuperava a capital dos destroços do sismo, ainda estavam para vir os reinados sob domínio espanhol (bons tempos...), já existia a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que nunca como até hoje tinha assistido a uma greve dos seus funcionários (tirando o dia seguinte às vitórias do clube que para além de sport lisboa tem o nome de um bairro, casos que apesar de tudo são manifestamente escassos). Por isso mesmo, e porque os funcionários da Santa Casa perderam a Santa Paciência, será altura de uma vez por todas este governo mudar de atitude, caso contrário qualquer dia até o Cardeal Patriarca cantará no sopé das escadas do parlamento "Está na hora deste governo ir embora".
Tendo em conta que é uma Biografia, seria redundante falar acerca do seu conteúdo, pelo que o único que se pode dizer desta obra de Walter Isaacson é que foi escrita de uma forma isenta, conduzindo o leitor pela vida de uma das personalidades mais marcantes da nossa era, deixando ao critério de quem lê elaborar a sua própria opinião. O modo extraordinário como este livro foi escrito, está irmanado com a pessoa nele retratada, um génio do seu tempo e muito possivelmente dos tempos que se seguem, um visionário que mudou o mundo e o modo de vida dos milhões de habitantes desta bola azul do cosmos. A vida de Steve Jobs não pode deixar ninguém indiferente, pois se não fosse apenas por tudo aquilo que criou, ou modificou, é sem dúvida alguma por um modo de estar irrequieto, típico daquelas pessoas que são verdadeiramente capazes de mudar o mundo, tal como é postulado no slogan que marcou, e marca a firma Apple: "Isto é para os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caso. As peças redondas nos buracos quadrados. Os que vêem as coisas de forma diferente. Eles não gostam de regras. E eles não têm nenhum respeito pelo status quo. Você pode citá-los, discorda-los, glorificá-los ou difamá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignora-los. Porque eles mudam as coisas. Eles empurram a raça humana para frente. Enquanto alguns os vêem como loucos, nós vemos génios. Porque as pessoas que são loucas o suficiente para achar que podem mudar o mundo, são as que de fato, mudam"
A paixão clubística não encontra argumentos em compêndio algum de psicologia. É algo que se tem. Pode ser simplesmente herdada, ou trabalhada, ou mesmo uma mistura das duas coisas. No final o sentimento cola-se de uma forma inalienável à pessoa, e passa a fazer parte das suas características essenciais. Vivo o meu clube da forma mais apaixonada possível, e noites como a de hoje elevam o espírito como muito poucas coisas são capazes de o fazer. Podem vir os intelectuais de pacotilha dizer que é mesquinho deixar-se guiar por esses valores, que eu digo que na vida os valores podem e devem ser vários, desde sejam vividos ao máximo. Obrigado Porto por confirmares que os sonhos muitas vezes passam o território da imaginação. Obrigado Papá por me fazeres e ensinares a ser portista. Nada está ganho, mas a alegria de hoje já ninguém é capaz de a apagar :-)
Gostei do senhor logo no preciso momento em que se anunciou ao mundo como Papa Francisco, escolha reveladora de um excelente bom gosto. De lá para cá, não parou de surpreender o mundo, e sempre pela positiva. Seja com acções que não se esperam que uma pessoa na sua posição as tome, seja com discursos acutilantes que apontam o caminho para um mundo melhor, fugindo aos "tiros" no pé que a humanidade teima em lançar. Hoje é tema porque o ministro turco dos negócios estrangeiros considera infundadas e longe da realidade histórica a referência a "genocídio" dos arménios pelo antigo império Otomano, nos primórdios do século XX. Parece que está a tornar-se moda por de lado os livros de história, e assobiar para o lado quando a conversa não agrada, mas ainda bem que existem pessoas que de um modo "educativo" colocam o dedo na ferida para lembrar à sociedade o quão perverso e mau pode ascender o ódio do homem. Quando essas pessoas têm esta postura em lugares de tamanha magnitude, o seu papel para além de sair engrandecido, serve ainda para guiar muitos outros no sentido positivo, e acreditar que afinal ainda vale a pena confiar no cumprimento do dever. Obrigado Papa Francisco!
José Mourinho elegeu o "seu" onze inicial, contanto para a convocatória "apenas" com os jogadores que orientou desde que é treinador. Depois de verificar os nomes, e sem beliscar a sua soberana opinião, apenas posso tirar uma conclusão: as supostas "desavenças" que teve com Cristiano Ronaldo só podem ter tido origem num tremendo conflito de egos semelhantes. Ambos sendo dos melhores do mundo nas suas profissões, partilham o facto de se esquecerem das suas "origens", tendo apesar de tudo inúmeras oportunidades para o fazer. Porto e Sporting são sempre esquecidos. No caso de Ronaldo, será o mesmo que esquecer o nome do professor da escola primária. No caso de Mourinho é esquecer os prémios mais difíceis que ele próprio conquistou. Ganhar no Chelsea, Inter ou Real Madrid não é, nos dias de hoje, igual a ganhar num clube de orçamento infinitas vezes inferior como o Porto. Nesse "seu" onze ideal, da equipa do Futebol Clube de Porto de 2002 a 2004 só consta o nome de Ricardo Carvalho, jogador que levou para o Chelsea e posteriormente para o Real Madrid. "Esqueceu-se" de muita gente, tanta que seria demasiado extenso para este artigo, no entanto não posso deixar de apontar alguns esquecimentos demasiado graves. "Esqueceu-se" das defesas do guarda-redes com mais títulos no seu curriculum, o enorme Vítor Baía. "Esqueceu-se" do Bicho, alcunha carinhosa de Jorge Costa, um defesa central à moda antiga, respeitado por qualquer adversário. "Esqueceu-se" de Costinha, que marcou aquele golo em Manchester, e fez Mourinho correr como um louco pela linha lateral de Old Traford. "Esqueceu-se" de Maniche, que deixou o clube onde militava na equipa B, para se entregar de corpo e alma ao Dragão, e partir à conquista da europa. "Esqueceu-se" do Mágico, o número 10 que finta com os dois pés, melhor que o Pelé, o Deco alé alé. "Esqueceu-se" de Capucho, com o seu correr de peito para fora, cabeça sempre levantada e centros mais certeiros que um míssil teleguiado. "Esqueceu-se" do Ninja, um jogador que dava tudo no campo, mesmo quando corria o minuto 112 e ainda sobravam forças para rematar e deixar o treinador no chão, de joelhos a Chorar. Ele pode ter-se esquecido, mas eu não.
José Rodrigues dos Santos volta com a sua personagem ficcional Tomás Noronha, o homem que se encontra sempre no centro do que se passa no mundo, dotado de uma capacidade de análise e improviso que mistura as características de um Indiana Jones e um Macgyver. No entanto desta vez a temática volta a debruçar-se sobre um assunto que eu considero não estar ao alcance de qualquer um, quer pelo teor da matéria em si, quer pelo interesse que pode ou não despertar. Pertenço ao grupo que lhe falta conhecimento e interesse por assuntos relacionados com física quântica, pelo que desta vez a leitura de uma obra deste escritor que acompanho desde o seu primeiro livro ficou pelo campo da obrigação. Em algumas partes as explicações necessárias para o desenrolar da história tornam-se tão fastidiosas que mais valia ler um compêndio sobre o assunto em causa, que o interesse seria o mesmo. Aguardo pelo próximo livro, porque este vai ficar bem repousado na prateleira.