Não poderia passar ao lado desta onda de indignação sem me pronunciar acerca da mesma. Apesar de concordar com os motivos da indignação, não embarco nesta euforia contra o presidente da FIFA que depois da sua triste figura a escarnecer da figura de Cristiano Ronaldo, já motivou petições públicas para exigir a sua demissão. E não embarco agora pois já navego há muito tempo consciente que este senhor perde a razão sempre que fala, mas acima de tudo porque se trata de um dos cérebros que comandam a corrupção que prolifera nessa instituição internacional do futebol. Joseph Blatter já pertence à estrutura da FIFA desde o longínquo ano do verão quente tuga. É pena que só agora as pessoas, movidas pela mediática exposição de Cristiano Ronaldo, se tenham apercebido quem é Joseph Blatter. Para mim é o homem que esteve por trás da exclusão de Diego Armando Maradona do mundial de 1994, altura em que o melhor futebolista de todos os tempos recuperava dos seus vícios, e levava novamente a selecção Argentina com destino à glória. Para mim é o homem que foi alvo de uma investigação jornalística que colocou a nu o tráfego de influências que moveu, como forma de garantir as suas sucessivas eleições. Para mim é o homem que permite a realização de um mundial de futebol numa altura, e num local, tão inóspito como o verão em pleno deserto do Qatar, preterindo a canidatura ibérica. Isto sim são motivos para pedir uma demissão. O que se passou, até deve ser perdoado condescendentemente tendo em conta a senilidade da figura que já nos habituou a intervenções bem piores.
Confirma-se que a principal ferramenta de trabalho deste governo é a retroescavadora. Quando se pensa que não podem chegar mais fundo, eles cavam um pouco mais no buraco. Desta vez, foi a mina do disparate que aumentou de tamanho. Como é possível que numa altura destas de pseudo/proto/iminente crise orçamental, a preocupação em torno dos animais de estimação que temos em casa seja motivo de interesse nacional? Verdadeiramente ridículo! Na verdade, os animais de estimação por nós escolhidos e sustentados que deveriam ser alvo de redução não habitam as nossas casas, mas sim a Assembleia da República...
Notícia retirada do Público: "Os médicos a contratar pelo Serviço Nacional de Saúde, para dar resposta a situações de carência identificadas, podem passar a ser obrigados a manter-se no nas unidades do sector público por um período mínimo de três anos, e, se saírem por sua iniciativa, ficam impedidos de celebrar contratos com entidades do SNS durante dois anos, estipula a versão preliminar da proposta de lei do Orçamento do Estado para 2014." Ou seja, para um jovem médico que estoicamente se pretenda estabelecer aqui pela tugalândia, depois de anos a queimar a pestana o estado oferece trabalho a preço da chuva, e ainda obriga a uma vinculação de três anos. Isto é uma inversão do ostracismo clássico. Quando noutras paragens, noutros países, oferecem condições de trabalho idílicas, com vencimentos de fazer crescer água na boca, o mais lógico mesmo será seguir a via clássica do ostracismo...
Como é tradição desde que resolveu aparecer pelas bandas da Cova de Iria, o povo juntou-se para celebrar mais um 13 de Outubro. Como também é tradição, os lenços brancos saíram do bolso para acenarem a passagem da imagem de Nossa Senhora. Ora é precisamente neste ponto, que gostaria de ver de uma vez por todas esclarecida a problemática do lenço branco. O lenço branco usa-se deste modo, como se usa no futebol para mandar embora o treinador ou então manifestar o deleite deixado por uma jogada fantástica, como se usa na guerra para declarar a rendição. OU seja, serve para tudo. No sentido de se evitarem confusões desnecessárias, como um franco-atirador carregar ainda mais na munição ao verificar o acenar de um lenço branco, urge esclarecer a escala de cores ao nível do uso do lenço para acenar, do mesmo modo como na Formula 1 existe um código associado a cada bandeira.
E não para o que eu faço! Este velho, célebre e muito perspicaz ditado popular aplica-se como uma luva na pessoa de Mark Zuckerberg. O tipo que conseguiu encher-se de dinheiro, fazendo o Tio Patinhas corar de vergonha, possuidor de uma fortuna avaliada em 14 mil milhões de euros conseguidos à conta da rede social "enfrenta o livro" por ele criada, não quer ter vizinhos. O jovem prodígio informático e decano na arte de contar milhões desembolsou 22 milhões de euros para adquirir os imóveis que rodeiam a sua casa. Ou seja, o profeta da sociabilização cibernética, o mentor da maior rede social jamais criada recusa a presença de seres humanos nas suas redondezas. Sem vizinhos, com quem irá fazer os barbecues e festas de halloween, ou celebrar o tão americano feriado de 4 of July? Certamente que o fará na internet...
Pois é, depois de Sócrates o filósofo, depois de Sócrates o Político, agora temos o Sócrates escritor. Não poderia ter escolhido melhor semana para a apresentação do seu livro sobre tortura, como a semana em que foi apresentado o orçamento de estado para 2014. Foi também na semana passada que o antigo primeiro ministro deu uma entrevista para uma revista de um semanário. Dessa conversa com Clara Ferreira Alves, apresentada na sua forma real, sem recursos a asteriscos, destaco:
- "Os que dizem que metade de um prazer não é um prazer não sabem que metade de um prazer ainda é um prazer" (sem dúvida que o seu pensamento saiu mais refinado depois da temporada passada na cidade luz)
- "A Partir de um momento em que o traste de um político invoca a razão de estado para por em causa a Constituição e a lei, ele atravessa a linha vermelha. Ele não está a defender o estado, está a matá-lo" (um verdadeiro míssil teleguiado)
- "Não sinto nenhuma inclinação para voltar a depender do favor popular" (o que é pena, porque de facto, políticos faltam aqui na tugalândia que valham a pena)
- "Fui o primeiro ministro a acabar com a lei que dava a um primeiro ministro com mais de quatro anos de cargo uma pensão vitalícia ( no caso de Santana até não se aplicava, pois não chegou a aquecer a cadeira).
Se ele dissertou sobre tortura, penso que mais do que ninguém está a altura para pegar num país de torturados e recuperá-los...
Três considerações: 1- Pires de Lima meteu a marcha atrás e considerou que a manutenção da taxa do IVA da restauração nos 23% se "enquadra no objectivo para o país". 2- O ministro da economia disse ainda que é "um soldado disciplinado e leal dentro deste Governo". 3- A manutenção da taxa do IVA neste escalão vai asfixiar ainda mais as empresas da área que sobreviveram durante este ano, sendo garantido que no final de 2014 o número de náufragos será ainda maior. Assim sendo 1+2+3=0 sendo que 0 representa o valor acrescentado que Pires de Lima trouxe para a pasta da economia. Como se estas declarações não chegassem, o ministro ainda deixou a ideia que "tudo fez" para a redução da taxa do IVA para o orçamento de 2014. Noutros tempos também existiram figuras que tal como ele lavaram as suas mãos. Como é que se chamava mesmo aquele Prefeito Romano... seria Pôncio de Lima!?
Na passada segunda a Luisinha do Cachecol foi ao Luxemburgo, onde recebeu o manual de instruções "Como fazer um orçamento" das mãos do presidente do Eurogrupo. Segundo Jeroen Dijsselbloem "o Eurogrupo vai discutir a estratégia de saída de Portugal (do seu programa) no primeiro trimestre de 2014, mas, entretanto, o ritmo das reformas e da consolidação orçamental deve ser mantido. Foi essa a mensagem que transmitimos hoje à nossa colega tuga (a ministra Maria Luís Albuquerque)". De volta à tugalândia a ministra esqueceu-se de tirar o cachecol, adequado ao clima da europa central, mas totalmente fora dos parâmetros para a época aqui pelas nossas paragens, mas não se esqueceu das lições. Assim, apresentou sem dó nem piedade, entre muitas outras medidas de corte e costura:
- SNS com menos 300,4 milhões de euros no próximo ano;
- Ensino com corte de 4%, representado menos 500 milhões de euros;
- Justiça com menos 95 milhões de euros para 2014;
- Dinheiro da Fundação para a Ciência e a Tecnologia descerá 4% em 2014.
Com sangrias como estas em pilares da sociedade como estes, é certo que a ministra está a seguir a linha orientadora dos manda-chuva da europa, mas temo muito pelo destino final da tugalândia. Dizem as más línguas que o malogrado piloto Ayrton Senna não fez a curva Tamburello porque havia um grupo de fans com um cartaz a dizer "Vai em frente Senna". Nos ainda podíamos ir a tempo de fazer a curva, e melhor mesmo uma inversão de marcha, mas parece que o cartaz da europa é mais forte, que os pedidos de 10 milhões de tugas fartos de austeridade.
Sábado foi dia de manifestações. Aqui como na Itália o povo saiu à rua para mostrar a indignação perante o deliberado atropelo aos direitos adquiridos, o vilipendiar da economia doméstica, o garrote colocado às finanças familiares, que as medidas de austeridade representam. O Telejornal apresentou as reportagens destes dois países. Caso as mesmas tivessem que passar na rubrica "no comment" da Euronews, e se no lugar da narração da peça se colocasse uma música, estou certo das escolhas para cada uma delas. Para a pacata manifestação tuga, certamente que o leitor concordará com uma música melíflua e bem disposta como a velhinha "If you are going to San Francisco" dos The Mamas and The Papas. Para a musicalidade da violência registada na Itália, o melhor era escolher o tema "Killing in the Name Of" dos Rage Against The Machine.
Esta ideia de uma manifestação paralisando uma via de vital acesso, como é o caso da ponte 25 de Abril, é sem dúvida alguma genial do ponto de vista do activismo sindical, mas no que diz respeito aos parâmetros de segurança deixa algo a desejar. Não pense o leitor que estou do lado do MAI, que pela pessoa de Miguel Macedo proibiu essa manifestação pedonal, em velocidade de passo, por motivos de segurança, na mesma travessia onde se efectuam corridas de atletismo, caso em que o MAI não vê problemas do ponto de vista em causa. Realmente a existir problemas de segurança, os mesmos não se prendem pela manifestação em si, mas sim na possibilidade de uns afrouxes nas porcas e parafusos a mando governativo, como forma de "acidentalmente" se livrarem de uns quantos e chatos sindicalistas...
Afinal de contas as palavras de Rui Machete não personificaram a intenção de desculpa sob a forma de um ramo de flores, e ao invés transformaram-se num acutilante ataque cerrado aos cofres das memórias da história de Angola. Isso mesmo é o que retiro das declarações inflamadas de um sentimento até agora reprimido, que Eduardo dos Santos proferiu acerca da nossa tugalândia. Segundo o presidente vitalício de Angola, os tugas levaram "biliões de dólares" para a metrópole, e fica no ar uma espécie de rotura nas ligações com a tugalândia, salvo aquelas em que sua filha terá interesse comercial, claro está. Agora, fontes bem colocadas no governo adiantaram a este blog, cabe a Rui Machete liderar uma comissão ministerial para oferecer trabalho voluntário como modo de apaziguar as relações entre os dois países, antigos colonizadores e colonizados. Quem semeia ventos colhe tempestades...
1 km! 3 minutos de carro! 10 minutos a penantes! Esta é a distância a que ficamos de evitar uma nova novela em volta do orçamento de estado. Esta é a distância entre a Assembleia da República e o Tribunal Constitucional. Já tinha alertado no ano passado para esta problemática, sugerindo que o orçamento fosse enviado directamente para o colectivo de juízes, mas como os nossos dirigentes devem estar mais interessados na casa dos segredos, no lugar de ler um bom artigo de opinião como os que aqui são publicados, o resultado está à vista. Ontem o documento foi entregue na Assembleia da República, onde agora vai ser discutido com os partidos da oposição a falarem para o tecto e os partidos do governo a falarem para os botões, seguindo para a Presidência que o reencaminha para o Tribunal Constitucional, cabendo a este emitir o cartão vermelho ao documento que atropela deliberadamente a Constituição da República Tuga. Quando este processo chegar ao fim, já o calor estival desabrochou. Por isso mesmo, e porque afinal de contas o país tem que ser governado, aqui fica o roteiro para a próxima entrega do orçamento de estado:
1. Siga norte em Rua de S. Bento em direcção a Rua Nova da Piedade
2.Tome a primeira à direita para a Rua Nova da Piedade
Enquanto que nas terras de uncle sam o estado decidiu fechar uma série de serviços públicos considerados não essenciais, processo conhecido como shutdown, aqui pela tugalândia o governo é mais adepto de colocar as finanças tugas down, e desse modo correr o sério risco de shut o país definitivamente. Seria bom que quem fizesse um verdadeiro shutdown fosse este elenco governativo, e juntamente com isso seguir aquela frase mítica que o Rei Juan Carlos proferiu em plena cimeira Ibero-Americana. Contudo, o melhor é não levantar muita poeira em relação ao shutdown americano, porque se PPCoelho e companhia se lembrarem de aplicar o mesmo esquema aqui pelas nossas paragens, temo que os serviços públicos considerados não essenciais abrangessem um espectro mais vasto de hipóteses, pois para além de Museus, cheira-me que estes meninos eram bem capazes de mandar professores, enfermeiros e médicos para casa...
Um governo que se reúne extraordinariamente ao Domingo, e sendo constituído pelos dois partidos máximos do conservadorismo tuga, com especial destaque para a virgem pudica centrista, só pode procurar inspiração celestial nessa reunião dominical com vista a conseguir um orçamento de estado digno desse nome. Na reunião de ontem não se discutiram assuntos económicos, não se zangaram os ministérios na tentativa de empurrar os cortes para o parceiro do lado, nem se estipularam novas regras de austeridade. Na verdade, o encontro de ontem serviu para juntos se unirem em oração pedindo piedade e misericórdia pelo documento que será apresentado à discussão. Até aqui tudo bem, pois em tempos como estes até a ajuda divina é bem vinda, o problema é que se esqueceram de orar àquele que é o decisor final - o Tribunal Constitucional. Tal como temos visto nos últimos tempos, estes rapazes do governo até são boa gente devota, mas no que toca à leitura da bíblia, digo Constituição, deixam muito a desejar...
Na passada quarta feira PPCoelho, qual carneiro oferecido ao sacrifício (neste caso coelho), apresentou-se perante um painel de cidadãos incógnitos para responder às suas questões. Tendo em conta tudo aquilo que aconteceu até ao momento, a calma e passividade do povo seleccionado para indagar o primeiro ministro só pode ser explicada de uma forma - as bebidas tinham sedativo! De resto o programa não trouxe novidade alguma, pois seguiu um modelo que já existe noutros países. O único que consigo destacar é a minha confirmação oficial que PPCoelho usa o célebre e velho Restaurador Olex, conclusão a que cheguei graças aos projectores do estúdio onde o mesmo se apresentava numa pose serena e descontraída. Deve ter sido nessa mesma posição relaxada que decidiu, como já circula nos meios de comunicação social, a redução de 10% dos salários na função pública logo acima dos 600 euros. Em tempos alguém afirmou que o povo é sereno e não tem perigo, mas perante distinta lata como esta, não sei não...
Se é dourada ou não, não sei porque não vi o filme. No entanto 649560 espectadores tugas já viram o filme que ocupa o 12º lugar dos filmes mais vistos aqui pela tugalândia desde o ano do Europeu de Futebol. Conclusões a tirar? Duas, ambas acerca da mesma temática mas em sentidos diametralmente opostos. Por um lado temos os emigrantes que recordam os tempos em que o eram, e que agora assistem com a nostalgia de um passado recente colado no rosto, marca de uma vida dura com a qual conseguiram regressar para o seu país de origem. Por outro lado temos os futuros emigrantes que observam como será a vida fora de portas, que assistem com a nostalgia de um futuro próximo colada no rosto, marca que ainda não deixou porque só agora se preparam para partir. Na realidade, a emigração parece colar-se geneticamente ao povo tuga. Mudam-se os tempos mas a mesma teima em permanecer, e depois de Bartolomeu o fazer, também os tugas sempre tiveram o seu cabo das tormentas para dobrar. No fundo a nossa gaiola é o mundo inteiro...
Esta obra tendo sido escrita por Mario Vargas LLosa à tanto tempo, só comprova a morosidade do comité Nobel em reconhecer mérito para a atribuição do prémio da categoria literária. A Festa do Chibo, A Casa Verde, O Paraíso na Outra Esquina, Os Cadernos de Dom Rigoberto e O Sonho do Celta são obras que me fizeram apaixonar pela sua escrita. Na sua obra é típico o seguir um rumo dos acontecimentos sem obedecer a uma sequência cronológica sequencial, mas neste livro leva esse método a níveis estratosféricos nos quais o leitor incrivelmente não se perde porque é conduzido pela mão do escritor, como se nos guiasse por um denso nevoeiro que paulatinamente dá lugar a uma visão clara dos acontecimentos. Mestre na hora de caracterizar períodos históricos e pincelar os traços de personalidades, neste livro Mario Vargas LLosa navega em território bem conhecido, a sua terra Natal, e permite ao leitor tornar-se num verdadeiro viajante no tempo. A complexidade do livro é tal, que sendo a sua leitura simplesmente fácil faz deste livro escrito em 1969 uma verdadeira obra prima da literatura. Mario Vargas LLosa foi premio Nobel em 2010... antes tarde do que nunca...
P.S.: Ontem cumpriram-se 15 anos desde a atribuição do Prémio Nobel da Literatura a José Saramago "que, com parábolas portadoras de imaginação, compaixão e ironia torna constantemente compreensível uma realidade fugidia". Também isso mesmo é bom recordar!
Há notícias cuja gravidade é tal, que será surpreendente encarar a mesma como uma confirmação da realidade. Mas é mesmo desse modo que encaro o facto de que o candidato do PSD à junta de freguesia de Castelo do Neiva, se tenha sagrado vencedor do acto eleitoral, não tendo ele próprio contribuído com uma cruz no boletim, nem sequer tendo feito campanha eleitoral, pois está no estrangeiro, onde trabalha, e onde soube à posteriori que tinha sido vencedor. Pelos visto já noutras ocasiões o mesmo procedimento foi seguido pelo próprio, tendo abandonado cargos para os quais foi eleito. Quando comparado este caso com o de Isaltino, não sou capaz de decidir qual deles me faz rir mais perante tamanha falta de bom senso popular, que coloca no poleiro um tipo que se está nas tintas para o cargo, e outro que não se está nas tintas para o cargo pelos motivos que o levaram para a choça. Este caso de Castelo de Neiva encaixa como uma luva naquela velha máxima, a qual deve ser parte da doutrina popular tugalense, de que ninguém é profeta na sua terra. Porra para esta gente!
Tugas desta terra, temos dois caminhos possíveis para sair da crise e mandar a troika embora. Por um lado podemos recorrer à solução financeira, a solução mais rápida, bastando para o efeito juntar 17 mil milhões de euros. Por outro lado temos a solução budista, mais lenta, bastando para o efeito completar a peregrinação Sennichi Kaiho Gyo, e com isso redimirmos os nossos pecados de capital. Acrescento que essa tradição consiste em mil dias de caminhadas ascéticas na montanha Hieizan, seguido de nove dias numa sala de oração fechada, repetindo 100 mil vezes uma mantra específica, sem comer, beber ou dormir. Tendo em conta o estado depauperado do bolso tuga, o melhor é começar a fazer desporto e praticar a oração porque o segundo caminho apesar de mais difícil e penoso, parece ser o único viável.
O Partido Socialista clama por vitória nestas eleições. Tenho as minhas sérias e pertinentes dúvidas na hora de abrir a Raposeira. É certo que as vitórias de Sintra e Gaia foram saborosas, tais como tantas outras por esse país fora, destacando a mais do que certa e obviamente estrondosa vitória na capital da tugalândia, fruto de um trabalho imaculado de António Costa. No entanto, o Porto ficou por conquistar, com todo o mérito para o independente Rui Moreira, e Braga virou laranja ao fim de várias décadas de cor-de-rosa. Os ganhos superaram as perdas, mas tendo em conta a situação actual do país, e mesmo sendo autárquicas estas eleições, acho que o resultado foi escasso. Prova disso mesmo é o Alentejo, que voltou a pegar na foice e martelo, não para a safra diária mas sim para regressar como porta estandarte do Partido Comunista. Ou seja, os Alentejanos encontram nos comunistas a alternativa à alternativa socialista. O PSD perde mas não sofre nas urnas o suficiente que deveria sofrer, e o seu parceiro de coligação até sobe nas câmaras, e como diz a virgem pudica que os orienta "foi o penta". Daí só poder concluir que a vitória do PS poderia muito bem ser maior, mais robusta, mas não o foi porque o líder de seguro só tem mesmo o nome. Parafraseando (mais uma vez) Carla Ferreira Alves, os tugas consomem democracia como consomem televisão ou seja pela imagem. Está visto que no caso de Tozé Seguro o melhor é mudar de canal...