No início do ano, face às dificuldades que se avizinhavam, lancei a campanha positivista de ver o copo meio cheio. Assim o procurei fazer. Contudo, quem nos governa, mais do que fazer com que se veja o copo meio vazio, sistematicamente nos vai retirando o líquido. Deste modo, vamos desejar que no próximo dia 31 de Dezembro os cálices voltem a estar meio cheios, e se possível um pouco mais cheios do que se espera.
Ufa! Posso dizer que este livro deu-me realmente trabalho, não pela leitura das 928 páginas, mas sim pelo peso delas. Para uma próxima edição aqui fica a sugestão de fazer a mesma em dois. Quando me aventurei no início desta enorme trilogia, fi-lo porque o tema em causa me despertou logo a atenção - o séc. XX. Deste primeiro livro, deixo três impressões, e uma comparação:
- Primeiro, a desilusão por estar à espera de um maior número de informações históricas.
- Segundo, gostei da forma como foi interligada um número tão grande de personagens, sem colocar o leitor à deriva, conseguindo mesmo não perder o fio à novela que representam as várias famílias da obra.
- Terceiro, a maior parte das personagens sofre aquilo que eu chamo do fenómeno "Forrest Gump", ou seja, aparecem nas mais altas esferas e acontecimentos mais marcantes do período retratado.
- Último, a comparação:
Segundo a capa do livro Ken Follett terá mais de 100 milhões de leitores. Não sei quantos terá José Rodrigues dos Santos. Depois de ler este livro do autor britânico, onde se descreve a primeira grande guerra mundial, não posso deixar de me recordar do livro "A Filha do Capitão" do autor tuga, que também se desenrola nesse período. Gostei de ambos. No entanto não posso deixar de salientar que entre os dois, para servir de guia a um artista para pintar um quadro completo do cenário de guerra, com soldados, armas, paisagem e horrores do conflito, só o livro do José serviria. Guiando-se por Ken Follett, certamente ficaria pobre.
Depois de algumas experiências de cancelamento de contratos de serviços com operadoras ao nível das telecomunicações, acho que me encontro em condições de deliberar um axioma: o desenvolvimento de novas tecnologias de telecomunicações é inversamente proporcional à legislação que regula o sector. Digo isto porque ainda sou do tempo em que uma chamada para um telemóvel desligado era cobrada, como se de um minuto de conversação se tratasse. Ainda demorou algum tempo a acabar-se com esta fonte de rendimentos descarada. No entanto, os senhores desta indústria sabiamente untaram o legislador que achou por bem criar a lei que obriga a um período de fidelização. Mesmo dentro dos períodos legais para o efeito do cancelamento de contratos de prestação de serviços, essa tarefa até para o próprio Hércules seria hercúlea. O modus operandi é sempre o mesmo, e passa por uma fase inicial de negação. Depois começam a aliciar-nos com propostas atractivas, que só dá vontade de dizer "então até este momento andaram a ir-me ao bolso". Ultrapassada esta barreira psicológica ainda inventam problemas relacionados com a documentação necessária. Enfim, uma verdadeira odisseia. Hoje em dia, na tugalândia, é mais fácil conseguir-se um divórcio que desligar o sinal da Box. Muito mal andamos quando os valores andam invertidos...
Foi tarde, demorou, mas finalmente encontrei o verdadeiro motivo do sucesso do Facebook. Uma página de perfil nessa rede social permite fazer mais ou menos o mesmo que é possivel fazer-se num blog. Cada qual com o seu tipo de funcionamento, um talvez mais prático que outro, em ambos os casos quem quer escrever algo sobre algo, colocar fotos, partilhar um filme, efectuar hiperligações, ou outras tarefas informáticas, quer numa página de perfil da rede criada por Mark Zuckerberg, quer num blog que se cria gratuitamente por nós mesmos, encontrará a solução. No entanto, a grande diferença entre um perfil no facebook e um blog, é que quando queremos manifestar a nossa opinião acerca do que lá é colocado, no caso do facebook basta um simples clique no botão gosto, enquanto que num blog tem que se deixar um comentário escrito. Ou seja, o facebook permite o utilizador deixar a sua marca, sem se dar a grande trabalho para o efeito. O Facebook, tal como o Mc Donalds, é um caso de sucesso porque permite uma resposta rápida, para uma sociedade sem tempo, onde mais do que nunca, pensar dá trabalho.
Seja com um bacalhau com todos, ou abrótea com alguns, muitas prendas, ou pequenas recordações, o importante é passar a noite e dia de Natal com aqueles que mais gostamos, comungando o verdadeiro sentido desta quadra - o amor. Jesus nasceu há 2012 anos carregando a mensagem de amai-vos uns aos outros, que serve para crentes, ateus, e para todos os credos religiosos sem distinção alguma. Esse é o verdadeiro motivo pelo qual o Natal é tão festejado. Assim, não dêem ouvidos a este Papa senil quando refere que as representações do presépio não espelham a realidade. Por isso mesmo, cá na tugalândia vamos continuar a tradição como ela é, ou seja com os três Reis Magos, mesmo que um deles até se chame Gaspar. A todos um FELIZ NATAL.
De vez em quando gosto de ver uma paixão antiga - a Fórmula 1. Já fui um adepto deste desporto, chegando mesmo a agendar o despertador para horários desrespeitadores do meu ritmo circadiano, como forma de assistir em directo a provas como a de Suzuka, no Japão. Há dias assisti ao Grande Prémio de Abu Dhabi. Nas primeiras voltas uma fantástica ultrapassagem de Fernando Alonso permitia-lhe distanciar-se do seu rival na luta pelo título mundial. No entanto não foram assuntos automobilísticos que me levaram a escrever estas linhas. Na entrega dos prémios e cerimónia de desperdício de champanhe cara, estavam uns quantos cheiques trajando a indumentária tipicamente imaculadamente branca. Ao vê-los fiquei intrigado com uma dúvida que espicaçou a minha curiosidade: ao comerem, será que usam a mesmo roupa ou optam por escolher comida que seja facilmente manuseada. Digo isto porque não me acredito que depois de uma boa refeição à base de esparguete à bolonhesa, seja possível deixar aquela roupa sem uma ou outra mancha de molho de tomate.
John Grisham pertence ao clube dos escritores com livros de sucesso (este blog para além de escrever em desacordo com o acordo, não concorda com expressões de outras línguas), pelo que no inicio de cada obra está praticamente garantida uma boa e entretida história. Neste livro, somos transportados para os bastidores e palco dos tribunais, partindo de um início prometedor: dois advogados que fazem da sua vida a defesa de casos de acidente de viação, tendo estabelecido o escritório numa das vias mais acidentadas de Chicago; um advogado que depois de abandonar um enfadonho cargo opiparamente pago, numa grande firma de advocacia, resolve beber para celebrar a sua decisão, e acaba o dia completamente embriagado, a dormir no sofá do escritório dos outros dois, tendo antes do descanso sido aceite para integrar os quadros da empresa. Pelo meio somos presenteados com o melhor do direito cível americano com advogados de defesa e acusação, tribunais federais, e os indispensáveis jurados, que fazem as delícias de um tempo bem passado a ler sobre litigações. O único reparo que tenho a fazer, é que o argumento principal da história, uma litigação contra uma empresa farmacêutica, acaba por se tornar secundário em relação ao objectivo principal de um bom litigante - a indemnização.
O site do JN presenteia de quando em vez o leitor com notícias verdadeiramente bizarras. No sua rubrica "Mundo Insólito", foi recentemente publicado um vídeo, acompanhado de comentário que explicava que os porcos eram sujeitos a um mergulho de alguns metros de altura para, segundo o agricultor chinoca, melhorar a carne do animal. A equipa de reportagem deste blog foi ao local para averiguar a opinião dos porcos, que tal como se pode verificar nos vídeos, não parecem muito convencidos na hora de saltar. No entanto foi-nos vedado o acesso à pocilga, impedindo que fosse assim registada a opinião dos suínos. Contactado o sindicato local que representa os animais, somos informados que este fenómeno está em vias de progressão, numa iniciativa conjunta entre a industria agropecuária china, e a industria de entretenimento dos desportos de aventura, também conhecidos por desportos radicais. Pode o leitor assim ficar avisado para começar a ver explorações de suinicultura, que para além da pocilga, charcos de lama e manjedouras, se encontrem apetrechadas de Montanha Russa e Bungee Jumping. O transporte para o local de abate, em vez do tradicional camião, será efectuado recorrendo a um canhão, semelhante ao que os circos usam para o homem bala... neste caso será o porco bala.
"Cada português produziu 487 quilos de lixo em 2011, mais de um quilo por dia". Estes números referem-se ao ano em que o actual ministro das finanças assumiu a sua pasta. Tendo em conta que à data da sua chegada ao ministério já estava meio ano decorrido, este blog prevê que para o ano de 2012 os números do desperdício nacional sejam ainda mais elevados, com o aumento exponencial do gasto de papel. Em 2012, a presença de Vítor Gaspar na Assembleia de República, Comissões Parlamentares, reuniões, Conselhos de Estado, encontros de Ministros e por aí fora, foi directamente proporcional ao consumo de papel. O facto deve-se ao uso do mesmo para efeitos de entretenimento dos restantes elementos dessas reuniões, que enquanto ouviam os discursos de Gaspar, usavam o papel para fazer desenhos. Ao saber disto, e sabendo que era o responsável pelo aumento do consumo de papel, em números que colocavam em perigo essa rubrica orçamental, o ministro teve uma ideia para angariar fundos que anulasse essa despesa. Assim, o Centro Cultural de Belém albergará uma exposição, onde a arte desenvolvida pelos entediados ministros e parlamentares, que passaram pelo suplício de ouvir os discursos disléxicos e monocórdicos do ministro, poderá ser visualizada pela módica e simbólica quantia de 1 euro. No final, será eleito o melhor trabalho que terá como prémio a pasta de secretário de estado da cultura, uma vez que do ministério já só resta a história.
Há dois mil e doze anos atrás que a sociedade tem vindo a colocar pedras no muro das lamentações que se tem tornado esta quadra que agora se aproxima. Pronto, talvez esteja a exagerar um pouco, mas é certo que chegada esta altura do ano começam as dores de cabeça provocadas pelas dúvidas sobre as prendas de Natal. No tempo do Menino, as suas visitas não tinham grande dúvida, pois não dispunham de uma miríade de possibilidades de oferta como agora há. Naquele tempo, cada um dava o que tinha. Lembremo-nos de dois dos três Reis Magos, que até incenso e mirra ofereceram... Agora o que me deixa mesmo arreliado são as promoções de desconto, com data, hora e local marcado, que os promotores apregoam como uma forma de adaptação aos tempos de crise, de forma a facilitar as compras de Natal. Há dias, dezenas de pessoas dormiram ao relento para aproveitarem uma dessas campanhas. Seriamente me pergunto onde raios está o espírito de Natal.
Em primeiro lugar, e para não ser mal interpretado, confesso que sou cliente da firma D'mail. Como tal, recebo em casa regularmente o seu catálogo, e regularmente dou comigo a rir como um perdido com alguns dos artigos disponíveis. Já anteriormente escrutinei algum deste material que esta firma comercializa, elogiando o sentido de oportunidade dos inventores de alguns destes verdadeiros artefactos da ciência moderna. Se já pensava ter visto tudo com a câmara de videovigilância falsa, que parece verdadeira aos olhos dos larápios (salvo se os mesmos também receberem o catálogo e assim a poderem identificar), estava verdadeiramente enganado. Na última edição, surpreenderam-me com dois artigos. O primeiro, através de mecanismos insondáveis, consegue ser útil para transportar sacos de supermercado e tirar o gelo dos vidros dos carros. Um artigo totalmente útil na península escandinava, mas parcialmente eficaz na savana africana. O segundo é um alarme para se colocar em gavetas, que dispara quando a mesma é aberta. O objectivo deste artigo é salvaguardar as crianças de coisas potencialmente perigosas que se poderão encontrar dentro dessas gavetas. Quando a mim, como forma de salvaguardar a sanidade mental das crianças, o melhor mesmo é manter essas gavetas fechadas, e não com a possibilidade de serem abertas ao mesmo tempo que um potente sinal sonoro, para além do susto que com toda a certeza lhes provocará, também lhes poderá tirar o sono durante alguns dias. Se alguém tiver dúvidas de prendas de Natal, aqui as ideias são Dmais.
Efectuando uma pesquisa googliopedicamente assistida, informei-me que os furacões tem uma lista de nomes atribuídos por um comité internacional. Essa nomenclatura é mantida em ciclos de 6 anos. Só quando um furacão causa danos excessivos é que o seu nome é retirado da lista. Ao consultar o Hall of Fame dos furacões mais violentos, cheguei à conclusão que o pessoal que atribui os nomes tem que ser substituído, pois é demasiado prosaico, roçando em alguns casos o romantismo, e noutros mostrando uma falta de respeito para os furacões violentos. Para elucidar o leitor, ficam alguns exemplos:
- Rita (nome de santa)
- Wilma (dócil esposa do Fred Flinstone)
- Dennis (o pimentinha? era travesso, mas daí a desbastador...)
- Hortense (nome de senhora que trabalha numa banca de venda de flores)
- Klaus (coitado do Pai Natal)
- Anita (quem não se lembra dos livros de Anita na escola, Anita vai ao supermercado)
O leitor concordará com esta análise e certamente que apoia a inclusão para a lista de nomes como Adamastor, Golias, Dâmocles, Belzebu, Sardão, Conan ou Godzila, pois só pelo nome já metem respeito.
Confesso que não sou grande apreciador de arte, principalmente da contemporânea. No entanto, aceito a opinião dos espertos e entendidos na matéria que conseguem ver e encontrar um sentido num quadro, onde eu, por mais que analise, chego apenas á conclusão que a palete escorregou da mão ao pintor e foi esfregada na tela como se não houvesse amanhã. Por isso, acho que todo o tipo de arte deve ser alvo de análise, e acima de tudo, de uma oportunidade de afirmação. Assim, acho que já é altura de se elevar á categoria de arte o pessoal da judiciária, PSP, GNR e afins, responsável pela exposição dos artigos que são alvo de apreensão. As fotografias nos jornais ou imagens televisivas, onde droga, telemóveis, televisões e diversos outros artigos susceptíveis de serem colocados numa mesa são apresentados de forma tão minuciosa e cuidada, deviam de figurar num museu. E quando nesses quadros se incluem notas e moedas, colocadas por ordem de valor, todas no mesmo sentido, então aí estamos perante obras que deveriam de ombrear com Guernica e Cª. Agora que penso, até que seria uma boa sugestão de prenda de Natal.
PPCoelho numa nova demonstração da falta de entendimento com os jornalistas em particular, e com a opinião pública no geral, teve que clarificar a polémica temática das propinas no secundário. O primeiro-ministro esclareceu que nunca falou em qualquer tipo de taxa a ser aplicada no ensino secundário. Ao contrário do que aconteceu no caso do orçamento de estado, para justificar essa impossibilidade PPCoelho referiu que é inconstitucional qualquer tipo de cobrança ao nível do ensino obrigatório. Este retratamento deu-se na ilha de S. Vicente, situada ao norte da ilha onde o seu mentor ideológico enviava o pessoal indesejado do regime. Talvez por isso, uma luz se fez na cabeça do primeiro-ministro. Uma vez que não pode cobrar taxas, e tendo em conta que o ensino é "secundário", pode muito bem recuar no tempo e tornar o ensino obrigatório apenas ao nível "primário". Desse modo a cobrança de taxas deixa de ser "inconstitucional", e quem quiser saber mais do que ler e escrever, que pague.
Por motivos de idiossincrasias particularmente minhas, fiz como na Grécia antiga e estabeleci-me no Ostracismo do séc. XXI, ou seja, deixei de ter conta no facebook. Contudo, em conversa com um amigo, descobri que outro amigo que também se ostracizou, não do facebook mas do país, tinha ganho um prémio muito importante. Talvez com o receio de ser mal interpretado pela minha ausência de parabéns, e talvez porque tenho que me render efectivamente à evidência das massas, renovo o meu contacto, e desse modo volto a enfrentar o livro. Tal como os deputados que votam a favor e depois fazem uma declaração a dizer que até estavam contra, volto ao facebook, mas contrariado.
António Guterres disse numa entrevista que "Ainda não fomos capazes - e eu próprio porventura também o não fui - de re-situar o país por forma a pudermos garantir aos nossos cidadãos melhores níveis de emprego e de bem-estar". Perante o calibre destas declarações só posso tirar o chapéu a este senhor. O homem do "Diálogo" e do "façam vocês as contas" até ao momento é o primeiro político tuga que reconhece os seus erros. Para além dessa mea culpa que só lhe fica bem, outra qualidade deverá ser salientada. Tendo em conta que fez parte dos políticos que nos conduziram ao estado actual, e sabendo da qualidade dos que lhe seguiram, o Engenheiro foi um homem precavido e fez-se ao cargo de Alto Comissário Para os Refugiados. Pelos vistos já em 2005, data da tomada de posse desse cargo, o homem sabia que o destino dos tugas passaria pelo exílio. PPCoelho já nos indicou o caminho, e o António está pronto para nos recolher...