um político Assume-se
Quando soube do livro, logo à primeira oportunidade adquiri-o. No mesmo dia, qual coincidência, assisti a uma entrevista informal, onde Mário Soares referiu que o livro não é uma autobiografia, mas sim um longo texto onde contextualiza a génese, desenvolvimento e dimensão política. De facto, uma autobiografia deste fantástico ser humano não seria possível condensar-se nas 515 páginas do livro. Teria certamente que ser uma enciclopédia de vários volumes confundindo-se, inegavelmente, com a história do século XX até aos dias de hoje, feita e contada na primeira pessoa. Ao ler este livro, cimentei o gosto que tenho pela sua pessoa, e alicercei as certezas nas quais assentam as minhas ideologias. É com algo de orgulho, que recordo ter votado em Mário Soares, na única vez que tive oportunidade legítima para o fazer. Mesmo na derrota foi grande, tendo terminado o seu discurso usando uma frase dos seus tempos de luta antifascista "só é derrotado, quem desiste de lutar", frase essa que dita por um octogenário, dá que pensar, e deixa um exemplo.