órfãos de Heróis
Já restam poucos, e um dos maiores partiu para o merecido descanso do guerreiro. É sem dúvida alguma um paradoxo interessante classificar Nelson Mandela como um guerreiro da paz, mas penso ser a forma mais elucidativamente concreta de descrever alguém que lutou até ao fim pelo valor da amizade e fraternidade entre os povos, num país de tribos, etnias e raças. O eco da sua existência será ouvido tal como ainda hoje se ouve os ecos de outros que, tal como ele, marcaram a história universal. É certo que os tempos em que essas figuras sobressaíram do panorama geral eram outros, mas tal como o mundo evoluiu, as individualidades também o deveriam fazer. Restam poucos heróis hoje em dia. A esfera do poder mundial é ocupada por indivíduos de ideologias tão ocas como a sociedade em que vivemos, mais preocupada em carregar no botão like do que a deixar um comentário a dizer porque gostou. Quem manda é mandado, e o vínculo daquilo em que acreditam é demasiado fácil de dobrar de acordo com o sentido do cata-vento. Sobra mesmo muito pouca gente de valor, que mesmo em já avançada idade não hesita em apontar o dedo e mostrar-nos o caminho. A medida que perecerem, o mundo ficará órfão de heróis.