onde estava A
Como não poderia deixar de ser, hoje é 11 de Setembro. Pertenço a uma geração que na falta de uma vivência historicamente relevante como o 25 de Abril, data da revolução dos cravos, data da libertação do povo tuga da opressão salazarista, teve no 11 de Setembro o dia em que mais tarde, de chinelos e manta junto a uma lareira bem quentinha, poderá responder à célebre pergunta "onde é que estavas no 11 de Setembro". Estava a assistir em directo ao telejornal, ao mesmo tempo que lia um jornal desportivo, momento de relaxe com hora marcada para as duas da tarde, tempo limite para voltar ao estudo da única cadeira que deixei para a época de Setembro. Por volta dessa hora, Andreia Neves que apresentava o Jornal da Tarde anunciava que havia um incêndio numa das torres gémeas de Nova Iorque, sendo nesse preciso instante que se vê algo a passar seguido de uma tremenda explosão na outra torre. A partir daí a Química-Física ficou para o dia seguinte porque as notícias não paravam, e depois da confirmação de terem sido dois aviões que embateram nas torres, seguiram-se as notícias do sequestro de outro que se despenhou, e de um impensável ataque ao centro do mundo militarizado americano, o Pentágono. Acho que passou pela cabeça de todos que perante este cenário poderíamos muito bem estar à beira de um novo conflito mundial, mas felizmente disso mesmo não passou. O mundo sobreviveu, como continuou a sobreviver depois da crise das dot.com, depois da queda do Lehman Brothers, depois do rebentamento das bolhas imobiliárias, depois da crise financeira. Aqui pela tugalândia, mais do que em qualquer parte do mundo, e porque estamos habituados ao sofrimento, estoicamente nos aguentamos, e daqui por um tempos também poderemos dizer que não só sobrevivemos ao 11 de Setembro e todo o resto, como vergamos a tarefa mais difícil... ser governados por dois incompetentes da direita bacoca em plena época de crise económica internacional.