medina Eu?
Nestes dias é com um esgar malicioso que ouço reputadas figuras do panorama opinativo nacional a revelarem conclusões acerca do estado da governação tuga. Uma dessas últimas individualidades foi António Barreto, pessoa que para além de todo o respeito que merece pela sua vida e obra, é sociólogo, profissão pela qual nutro uma simpatia natural. Numa entrevista, o homem que fez um notável retrato social da tugalândia, considerou que o modelo democrático pode muito bem estar esgotado, tendo para isso mesmo contribuído toda a vergonha que a intervenção política tuga tem usado como bandeira da governação. Um bom exemplo disso mesmo é esta coligação, onde um líder diz uma coisa num dia, o outro desdiz no dia seguinte, e depois reúnem-se para dizer que não disseram nada disso. Não querendo tirar os louros de oráculo profético da desgraça a Medina Carreira, eu, aqui neste simplório espaço de divagação internautico, na altura em que o governo de Sócrates foi derrubado escrevi:
"Como vinha profetizando em vários posts desde as presidenciais, as eleições legislativas são agora uma realidade. Realidade essa, fruto da falência do sistema partidário representativo da actual Assembleia de República. É minha convicção cada vez maior, que este modelo político se encontra esgotado. O feudalismo, as monarquias ou as ditaduras (fascistas e do proletariado), que a seu tempo tiveram a conivência popular, caducaram e revelaram-se obsoletas, podendo o mesmo ocorrer a esta democracia assente num partidarismo bacoco e sem ideologias que verdadeiramente diferencie as varias correntes.
A prova do que digo teve ontem assento em plena votação do PEC IV. Como é possível entender que o chumbo se desse com votos favoráveis de partidos tão diferentes como o Bloco e o CDS, ou o PCP e o PSD? Ao chumbarem o projecto, apoiado pelo Banco Central Europeu e Concelho Europeu, não terão chumbado mais nada? É inacreditável que a procura de um entendimento só tivesse uma figura, Sócrates, estando todos os restantes mais preocupados no caciquismo partidário e na crescente ânsia de poder! Já estamos habituados ao marasmo do Presidente, mas desta vez transpôs a fronteira do ridículo e da inoperância. Todos pensaram em tudo, menos no mais importante, Portugal."
Hoje aprendi uma palavra nova, que acho que se adequa aos nossos governantes - gaimira. O leitor procure o seu significado e com toda a certeza concordará...