nova figura de Estilo
Numa iniciativa totalmente inovadora, este governo contribuiu para o pecúlio nacional. Acalme-se o leitor, e não pense que o pecúlio em causa se refere ao seu literal sentido do ponto de vista do cifrão, que para isso os únicos que contribuem chamam-se contribuintes. O pecúlio a que me refiro é o literário. Ontem, em plena comissão parlamentar de Orçamento e Finanças, o secretário de Estado da Administração Pública prestou esclarecimentos sobre o "sistema de requalificação da função pública". Ora, se colocar o pessoal em regime de mobilidade já seria motivo para a indignação, anunciar que findo o período de 18 meses os mesmos poderão ir para o olho da rua, sem direito a receber subsídio de desemprego, dá justa causa para aprender a confeccionar cocktails molotov em casa, e treinar e a técnica de arremesso contra as paredes do ministério. No entanto, isto foi apenas um desabafo que me afastou da linha de pensamento que tinha para este post. Assim, quando refiro que Helder Rosalino esclareceu os deputados acerca desta "requalificação", ficou patente que a mesma é igual a mobilidade=despedimento. Resumindo, do ponto de vista literário estão reunidas duas figuras de estilo: "eufemismo" porque usam-se cândidos nomes no lugar do que eles realmente são; "pleonasmo" porque de uma só vez recorre-se ao exagero de mudar a vida das pessoas durante 18 meses para no final as chutar para fora do sistema. Chamar requalificação quando se quer dizer despedimento à bruta, mais do que um eufemismo exagerado é sem dúvida alguma um eufemismo pleonástico, a nova figura de estilo PPCoelho patenteado. Já no tempo de Hitler os Judeus entravam para os duches, mas lá chegados não era água que saia das torneiras...