25 de abril de 2013
Mudam-se os tempos, adaptam-se as cantigas...
Abril 1974
Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero.
Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa.
Uma gaivota voava, voava,
assas de vento,
coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar.
Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo cualquer.
Como ela somos livres,
somos livres de crescer.
Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
não vou combater".
Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.
Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista
do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás.
Abril 2013
Hoje apenas
somos a voz abafada
dum povo a gritar que não quer
somos os bobos-da-troika
à beira do desespero
Hoje em dia
temos o povo que chora
na sarjeta dos que, à revelia
ultrajaram e venderam
a terra que já não é nossa
Um portugês pagava, pagava
erros de outros
incompetência de muitos
Com o coelho, somos livres
somos livres de emigrar
Uma dívida crescia, crescia
chegou ao vermelho
num dia qualquer
Este governo não nos livra
De ve-la continuar a crescer
Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
não vou estar aqui"
Como ela, somos livres
somos livres de bazar
Somos um povo manso e sereno
já conquistou
e já tudo perdeu
Fomos livres, Fomos livres
era bom voltar atrás