a mão do Diabo
Recorrendo à personagem fictícia de Tomás Noronha, José Rodrigues dos Santos esmiúça nesta obra sobre um tema bem real - a crise. Num exímio trabalho de conjugação de matérias, onde o cariz jornalístico marca a sua presença obsequiando o leitor com a integridade do escrupuloso sentido de isenção de opinião, o escritor consegue fazer do leitor mais leigo em matéria de assuntos económicos, um atento observador da actualidade da crise. O que mais gostei foi a forma como relaciona e explica os meandros da crise actual, que mais não é que um conjunto de crises isoladas, com máximo expoente em 2008. Ao ler, o leitor passa a reconhecer e perceber o papel de nomes que habitualmente se ouve na televisão, e que Francisco Louça frequentemente reclama como os profetas da desgraça a que nos conduziram. No entanto, no meio deste exercício pedagógico o habitual suspense literário perdeu-se um pouco. Não faz mal, foi por uma boa causa.